Da reportagem
Empresários do ramo de doces do município tiveram um alento, apesar de estarem com os estabelecimentos fechados em razão da quarentena. Eles avaliaram que as vendas de produtos ligados à Páscoa foram “satisfatórias”.
Considerado serviço não essencial, os comércios tiveram de fechar as portas por determinação de decretos estadual e municipal. Muitos empresários se desdobram para continuar vendendo durante a quarentena e puderam aproveitar o chocolate para alavancar as vendas de Páscoa.
A empresária Fernanda Rodrigues Fonseca Ribeiro, que juntamente com a mãe, Clara Maria Brandão Fonseca, é proprietária da Clara Doces & Cia., afirmou que pensara nas funcionárias da loja e como poderia não deixar de atender às encomendas para a data comemorativa.
À reportagem, Fernanda revela que ficou uma semana em casa e só voltou a trabalhar porque já havia comprado os materiais para a Páscoa. “Investi muito dinheiro e não dava para continuar em casa”, conta.
Frente às encomendas, a empresária aponta que, apesar das restrições impostas durante a quarentena, as pessoas não deixaram de consumir os ovos de Páscoa. Contudo, reconhece que a quantidade de produtos diminuiu.
“Tivemos uma venda de ovos bem legal e com mais pessoas comprando. Porém, houve uma mudança, pois cada cliente diminuiu um pouco a quantidade que costumavam adquirir”, apontou Fernanda.
Os produtos confeccionados pelo estabelecimento não foram entregues aos clientes por “delivery”. Segundo a empresária, os ovos de Páscoa são ainda mais delicados no calor e, caso algum deles quebrasse durante o deslocamento, deveria trocá-lo, gerando prejuízo.
Desta forma, a opção foi por entregas na entrada da loja. Ela conta terem sido marcados horários para que determinado número de clientes retirassem o produto sem gerar aglomerações, além de terem sido feitas demarcações no chão, para que houvesse distanciamento entre eles.
Após a Páscoa, a sócia e proprietária da Clara Doces & Cia. indica que continuará trabalhando, porém, ainda planeja a forma mais adequada, entre os sistemas de delivery ou “drive-thru”. “Muitas famílias dependem desse trabalho. Não dá para, simplesmente, fechar as portas e ir embora”, observa.
“Quero trabalhar, a não ser que seja obrigada ao contrário. Não quero dispensar nenhum funcionário, pois sei da história de cada um e de que eles realmente precisam do emprego. Tenho fé que logo melhore e nós possamos voltar a trabalhar”, complementa Fernanda.
A confeiteira e microempresária Raissa Assumpção Masson Domingues confessa ter ficado com medo de que o coronavírus impactasse negativamente as encomendas de Páscoa, para as quais havia iniciado o planejamento no fim do mês de janeiro.
Conforme Raissa, o medo era devido a clientes que cancelaram ou diminuíram as encomendas de bolos e doces que ela faria para eventos não relacionados à Páscoa. “Com as pessoas tendo de ficar na casa, logo vieram os cancelamentos de eventos e encomendas. Foi desesperador”, comenta.
Após divulgar o cardápio de produtos de Páscoa na primeira semana da quarentena, a confeiteira relata que a situação foi contrária à que esperava. Segundo ela, houve aumento de 50% nas vendas, em relação ao ano anterior.
“Estipulei uma meta quando comecei o planejamento, mas reduzi bastante quando surgiu a quarentena. Após publicar o cardápio, em pouco tempo, superei a meta reduzida e quase alcancei o objetivo inicial”, celebra Raissa.
De acordo com a microempresária, a escolha por entregar os pedidos nas casas dos clientes sem cobrar taxa adicional contribuiu com as vendas. “Muitas pessoas estão levando a sério o risco do coronavírus e não estão saindo da residência. Decidi abrir uma exceção, ao não cobrar pelas entregas”, afirmou.
“As pessoas deixaram de enfrentar filas em supermercados para comprar os ovos de Páscoa, fazendo a encomenda de produtos caseiros e recebê-los na residência”, complementa Raissa.
Microempresária especializada em chocolates, Aline Rosa concorda que os clientes tiveram preferência pelos ovos de Páscoa caseiros, ao invés dos industrializados. Apesar da quarentena, ela revela que as encomendas deste ano dobraram, se comparadas a 2019.
“Assim como outros empresários, imaginei que a quarentena pudesse impactar, mas foi surpreendente. Mesmo com a atual situação do mundo, graças a Deus, não tive nenhum impacto, muito pelo contrário”, reforçou.
Aline conta ter recebido alta demanda de encomendas. Conforme ela, os pedidos aumentaram na semana da Páscoa e ela continua atendendo após a Páscoa. Neste período, somente uma encomenda foi cancelada.
As únicas mudanças, segundo Aline, aconteceram na compra dos ingredientes e embalagens e no aumento de entregas por delivery. “As lojas e fornecedores tiveram de atender com as portas fechadas. Isto dificultou um pouco, pois não podíamos entrar nos estabelecimentos para escolher os produtos”, conta.
Com eventual queda de encomendas após a Páscoa e a continuidade da quarentena, Aline salienta a importância das datas comemorativas aos microempresários, tanto de comércios como do ramo de doces.
“Creio que a Páscoa é uma das melhores datas. Agora, devemos aproveitar as datas comemorativas seguintes pra vendas, pois, nelas, os pedidos praticamente dobram em relação aos dias normais”, frisa Aline.