Da reportagem
Tatuí registrou 47 novos casos de dengue nos primeiros quatro meses do ano. Até segunda-feira, 13, o município havia recebido 155 notificações da doença, dos quais 105 foram descartadas, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde.
Dos casos confirmados, 29 são autóctones (contraídos no município) e 18, importados (adquiridos em outras cidades). Nos bairros onde houve registro dos autóctones, o Centro de Controle de Zoonoses realizou a nebulização (aplicação de inseticida) pelas ruas.
A Vigilância Epidemiológica aguarda resultado de mais três exames suspeitos da doença. Até o fechamento do mais recente relatório emitido pelo órgão, não houve nenhum registro de morte causado por dengue em Tatuí.
O índice de casos positivos da doença subiu 370%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Conforme o órgão da Secretaria de Saúde, nos quatro primeiros meses de 2019, foram confirmados dez casos de dengue no município.
Segundo o setor, o número está dentro do esperado para a cidade e está abaixo de outros anos. Em 2016, 546 casos da doença foram notificados como suspeitos, sendo que 127 acabaram confirmados por meio de exames. Desse total, 409 foram descartados, 96, considerados autóctones, 31, importados, e 6, inconclusivos.
No ano seguinte, 2017, o número de casos notificados como suspeitos caiu para 134, sendo somente seis confirmados (três autóctones e três importados), dois inconclusivos e 126 descartados.
Contudo, em 2018, o número de casos confirmados caiu para três. De janeiro a novembro desse ano, foram notificados 54 casos suspeitos de dengue, sendo que 51 acabaram descartados e 3, confirmados – todos importados -, nos meses de fevereiro, maio e outubro.
O número representou queda de 97,6% em relação ao índice de pacientes diagnosticados com a doença em 2016.
A coordenadora do Setor de Combate à Dengue, Rosana Alves dos Santos Lopes, aponta que, mesmo enfrentando a pandemia mundial de Covid-19, a população não pode deixar de se prevenir contra a dengue.
“Especialmente nesta época após o verão, quando a reprodução do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença, se intensifica e historicamente os números da doença crescem, é preciso mais cuidado e atenção com os criadouros”, orienta a coordenadora.
Segundo Rosana, em todos os meses, o setor identifica os índices de infestação no município e direciona as ações de controle por meio de uma ADL (avaliação de densidade larvária).
“Nós contamos com uma equipe que trabalha na fiscalização diária das residências. Além disso, nos bairros onde são encontrados atenuantes para criadouros, há uma intensificação. Nestes locais, os agentes orientam quanto aos cuidados e retornam depois de um tempo, para ver como está”, garante.
De acordo com a coordenadora, o setor ainda realiza a operação chamada “bloqueio” nos bairros em que são identificados casos confirmados da doença, ou mesmo quando há suspeitas de contaminação por vírus.
“Nesta ação, os agentes vão naquela região e, no perímetro que compreende a área da suspeita, fazem um bloqueio contra criadouros. Pelo menos 75% dos imóveis são fiscalizados para garantir a segurança dos moradores”, informa.
A coordenadora ressalta que conta com outros setores apoiando as ações de combate ao Aedes Aegipty. “Quando o problema é muito grave, a Vigilância Sanitária é acionada e realiza operação conjunta na fiscalização, e o Setor de Zoonoses também apoia, fazendo a nebulização dos bairros”.
Rosana salienta que, por meio da “Sala de Situação” – um projeto que envolve reuniões periódicas -, convocam-se todas as secretarias para formarem parceiros e para que o combate seja mais efetivo.
Segundo ela, a melhor forma de combater as doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti é o combate aos focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença.
“Agora com o isolamento, o ideal é que as pessoas aproveitem o tempo em que estão em casa para cuidar dos quintais e manter tudo limpo. Com isso, vamos conseguir eliminar os focos do mosquito, e somente assim vamos reduzir a transmissão da doença”, observa Rosana.
A indicação é a mesma de sempre: não deixar água parada nos vasos de plantas, manter caixas d’água tampadas, lavar diariamente os bebedouros de animais e manter o quintal organizado.
Rosana orienta que, para saber se a pessoa contraiu a dengue, é preciso consultar um médico e realizar exames. Os sintomas da doença podem ser confundidos com outras patologias.
Segundo o Ministério da Saúde, as ocorrências mais comuns são: febre alta, erupções cutâneas e dores musculares e articulares. Em casos mais graves, o paciente pode sofrer hemorragia intensa e choque hemorrágico (quando perde mais de 20% do sangue ou fluídos corporais), o que pode ser fatal.
“Se a pessoa sentir os sintomas relacionados à doença, é importante que não se automedique. Que ela procure o atendimento médico, um postinho de saúde ou o pronto-socorro”, aponta Rosana.
Os doentes podem também sofrer com dores fortes nas articulações, nos músculos, atrás dos olhos, costas, abdômen e ossos. Os sintomas ainda incluem dor de cabeça, manchas avermelhadas pelo corpo e náuseas.
As recomendações para a população são as mesmas. Já a atuação dos agentes de combate à endemia sofreu alterações durante a pandemia, limitando as visitas às áreas externas das residências, como frente, lados e fundos das casas.
Segundo Rosana, em todas as situações em que exista necessidade de tratamento de criadouros, o agente é instruído a utilizar os equipamentos de proteção individual, além de manter o distanciamento mínimo de dois metros entre as pessoas presentes no momento da visita.
“Caso seja um local que se perceba muito comprometimento quanto à limpeza nos quintais e que tenha possíveis criadouros para a dengue, os agentes vão entrar nas casas, mas tomando cuidados, como manter a distância das pessoas e usar os aparatos de segurança, como luvas e máscaras”, comenta a coordenadora.
Além disso, os agentes que apresentarem qualquer sintoma respiratório anormal devem permanecer em isolamento, garantindo que apenas os aptos atendam à população.
“Por causa da Covid-19, tivemos que fazer algumas adaptações no trabalho, mas os agentes continuam com a ação de prevenção da dengue. É importante continuar instruindo a população para que não deixe água parada, porque a dengue continua aí, independente do coronavírus”, conclui Rosana.