O inquérito que investiga a morte do empresário Vicente Antônio Júnior, baleado em suposta troca de tiros com policiais civis, em dezembro de 2018, foi reencaminhado à Corregedoria da Polícia Civil.
De acordo com um dos advogados da família da vítima, a Justiça determinou a retomada da investigação para novas perícias sobre o caso. O setor tem prazo de 30 dias para complementar a apuração e responder a algumas questões.
O inquérito do caso não indiciou os suspeitos e o documento foi encaminhado ao Ministério Público. Os advogados da família questionaram o MP sobre a maneira como a reconstituição do caso foi feita e a Justiça determinou a retomada das investigações.
Ainda segundo o advogado, um investigador particular pode ser contratado pela família da vítima para buscar novas provas.
Além do processo criminal, um procedimento administrativo ainda está em andamento no Núcleo Corregedor da Delegacia Seccional de Itapetininga. O setor investiga a conduta dos policiais civis envolvidos na ocorrência para apurar se houve, ou não, infração disciplinar.
Após a conclusão, a apuração deve ser encaminhada à corregedoria auxiliar. A Secretaria de Segurança Pública informou que as investigações são realizadas em segredo de Justiça.
O empresário foi baleado no dia 4 de dezembro de 2018. Ele estava em frente à porteira do sítio da família, acompanhado de um funcionário e um adolescente de 16 anos, quando foi abordado e morto.
Conforme constado em boletim de ocorrência pela Polícia Civil, seis policiais à paisana – sendo quatro investigadores e dois delegados -, distribuídos em três viaturas descaracterizadas, realizavam uma operação, a partir de suspeitas de que o local seria usado para receptação de caminhões e carga roubada, quando encontraram o carro da vítima na estrada.
De acordo com a polícia, os agentes teriam se identificado e um deles desceu para falar com os homens. Contudo, o motorista do veículo teria atirado contra a equipe. Com isso, no BO, é descrito ter ocorrido troca de tiros.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, durante a ação, o motorista tentou fugir. Ao acionar a marcha à ré, ele teria atingido uma das viaturas descaracterizadas e, após outra manobra, acabou capotando o carro.
Segundo a polícia, mesmo após o acidente, a vítima teria continuado os disparos de dentro do veículo, permanecendo parcialmente com os membros inferiores para fora, ocasião em que os agentes teriam revidado, efetuando disparos.
Por sua vez, diferentemente da versão dos policiais, a irmã da vítima, Mariah Roberta Camargo Elias, sustentou à imprensa que o irmão não atirou.
Segundo ela, o veterinário estava indo ao sítio do pai para tratar do gado, como fazia costumeiramente. Naquela oportunidade, decidiu levar junto o funcionário da família e o adolescente.
No caminho da chácara, a vítima teria percebido três carros atrás dele na estrada, mas continuou o trajeto. As testemunhas sustentaram que os veículos seguiram atrás da vítima até o sítio, abordando-os na entrada do local.
Mariah ainda contesta a informação de que os policiais se identificaram durante a abordagem. Segundo ela, as testemunhas garantem que nenhum dos agentes teria se identificado. Por isso, ela acredita que o irmão se assustou e tentou fugir.
Na data da morte, a Corregedoria e a perícia técnica estiveram no local. As armas utilizadas pelos policiais e pela vítima foram apreendidas e um boletim de ocorrência de homicídio em legítima defesa acabou sendo registrado.
Em abril deste ano, a Polícia Civil realizou duas reconstituições da morte do empresário. Uma com as testemunhas e a outra com os policiais envolvidos no caso. Ambas foram acompanhadas pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo IC (Instituto de Criminalística) de Itapetininga (SP).