O estacionamento indevido é a maior causa de multa de trânsito em Tatuí, de acordo com levantamento feito pelo DMU (Departamento de Mobilidade Urbana), a pedido de O Progresso.
Segundo o órgão que administra e fiscaliza o trânsito local, somente em outubro, 194 motoristas foram autuados por estacionarem em desacordo com a regulamentação em locais proibidos, entre eles, vagas de curta duração, estacionar em menos de cinco metros das esquinas, em frente a guias rebaixadas e em faixa amarela zebrada.
As irregularidades rendem, em média, seis autuações por dia, que podem ser consideradas infrações médias, graves e gravíssimas. As multas por estacionar em locais proibidos vão de R$ 130,16, com penalidade de quatro pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação), até a penalidade de cinco pontos na carteira e pagamento de R$ 195,23.
Além dessas situações, existe o uso indevido de vagas especiais. Estacionar o veículo nas vagas reservadas às pessoas com deficiência ou idosos, sem credencial, rende multa gravíssima, com sete pontos e punição de R$ 293,47.
Para estacionar nesses locais, é necessário ter cartão de autorização em nome do idoso ou do deficiente. Se não apresentar o cartão, o motorista, mesmo que se encaixe em uma das modalidades, pode ser autuado.
Conforme o diretor do DMU, Yustrich Azevedo Silva, ainda falta conscientização por parte dos cidadãos e os casos mais recorrentes sãos os de estacionamentos na frente de garagens. “Está no Código Brasileiro de Trânsito: não pode estacionar. Não fomos nós que inventamos isso”, enfatizou o diretor.
Silva ainda ressaltou que, diariamente, os agentes têm de explicar, para os proprietários das casas, que eles também não podem estacionar em frente à guia rebaixada, situação recorrente no município.
“É comum as pessoas pensarem que podem estacionar na frente da guia rebaixada da própria casa, mas, na verdade, vai ser feita a autuação. Nós não sabemos quem é o proprietário ou não, e a própria lei de trânsito não faz este tipo de distinção”, explicou.
Além do estacionamento equivocado, o DMU apresentou os quatro “maiores motivos” de autuações na cidade. As três seguintes ainda entram no ranking das principais causas de morte em acidentes de trânsito: falta de uso do cinto de segurança, falar ao celular e manusear o aparelho móvel.
De acordo com o levantamento, no mês passado, 101 multas foram aplicadas por falta de cinto de segurança. O uso do equipamento é obrigatório desde a lei criada em 1977, e quem for flagrado nessa situação pode levar cinco pontos na carteira e multa de R$ 195,23.
Além da multa, que pode até fazer o condutor perder a CNH, Silva reforça que o equipamento de proteção faz a diferença e pode salvar vidas na hora de um acidente.
Estudo da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) mostra que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%.
Já um segundo estudo, do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), aponta que, se o passageiro não estiver usando os cintos atrás, o risco de se machucar ou morrer é maior do que estar no banco da frente.
Conforme Silva, a falta do cinto é um dos temas mais debatidos em campanhas de conscientização e, também, o que mais preocupa as autoridades de trânsito, devido à gravidade das consequências que pode causar ao passageiro e ao condutor.
Na terceira e na quarta posição no ranking das causas de autuações no trânsito tatuiano, pelo relatório do DMU, aparece a “combinação perigosa” entre o volante e o celular. O relatório do órgão de trânsito aponta que, em outubro, foram aplicadas 92 multas a motoristas por dirigirem manuseando o celular e outras 88 infrações por conversas ao telefone no volante.
O diretor esclarece que falar e manusear o aparelho são infrações distintas, sendo que o manuseio é considerado ainda mais grave.
Pela classificação do CTB, o uso do celular como telefone, segurando-o com uma das mãos e o manuseio do celular para ler ou enviar mensagens de textos, postar em redes sociais, consultar aplicativos, entre outros, é considerado infração gravíssima, com R$ 239,47 de multa, além de sete pontos na CNH.
Já o uso do celular como telefone, mas sem usar as mãos (usando fone de ouvido, por exemplo), é considerado infração média, com multa de R$ 130,16 e quatro pontos na CNH. O acúmulo de 20 pontos ou mais, em um período de até 12 meses, implica na suspensão da CNH.
Os riscos de dirigir falando ao celular vão além do bolso e da possibilidade de ter o direito de dirigir suspenso. O diretor frisou que o uso do aparelho é uma das principais preocupações, “por deixar os motoristas desatentos em relação ao trânsito”. E, segundo ele, a falta de atenção também é uma das principais causas de acidente.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, o uso do aparelho ao volante já é a terceira maior causa de fatalidades no trânsito do Brasil. Anualmente, o trânsito tira a vida de mais de 37 mil pessoas no país.
Estudos internacionais indicam que manusear o celular durante a direção é tão perigoso quanto conduzir sob o efeito de álcool. Estima-se que teclar ou atender ligação ao volante amplia em 400 vezes a chance de acidentes.
Até 2016, o uso de celular ao volante era uma infração média. O crescente número de acidentes fez com que uma alteração no CTB o transformasse em infração gravíssima. Mesmo com maior rigor, os números sugerem que a prática segue ocorrendo.
Alguns especialistas garantem que, com o celular no ouvido, o condutor reage de forma mais lenta, dificilmente olha para o retrovisor, assume uma trajetória errática na via e reduz ou ultrapassa a velocidade compatível com o tráfego.
Isso, além de outras infrações, como avançar sinal, não conseguir trocar de marchas ou, simplesmente, não ver as placas de sinalização no trânsito – o que podem desencadear acidentes.
A orientação é de que, em caso de não poder desligar, não faça e nem atenda ligações enquanto estiver dirigindo. Ao receber ou ter que fazer uma, estacione em local seguro, resolva o problema e continue o caminho.
O diretor afirmou que, se o motorista respeita e segue as placas e faixas de sinalização, o número de colisões tende a diminuir, e acrescentou que “tudo depende da conscientização, já que é a população que faz o trânsito”.
Mudanças no trânsito
Silva ainda lembrou que está trabalhando em conjunto com a Secretaria da Segurança Pública e Mobilidade Urbana para aumentar o número de vagas de estacionamento no centro da cidade e que as vagas de uma hora devem começar a funcionar até o final do mês, em fase de testes.
A partir da segunda quinzena de novembro, além das “vagas rápidas”, serão criados mais 80 espaços de uso limitado em uma hora.
De acordo com o secretário municipal da Segurança Pública e Mobilidade Urbana, José Roberto Xavier da Silva, as vagas de estacionamento no centro são muito concorridas, e, com a implantação do novo método, haverá uma forma de “rodízio”, permitindo que mais pessoas usem o espaço.
O tempo de uso será controlado através de um cartão com ponteiros, marcando horas e minutos. Ao estacionar, o motorista deverá colocar o “relógio” no painel do carro, assim como o cartão do idoso e da pessoa com deficiência, indicando o horário exato em que entrou na vaga.
As vagas poderão ser utilizadas por qualquer motorista, desde que devidamente identificado. O cartão será distribuído pelos agentes de trânsito, na sede do DMU e nos pontos comerciais de maior movimento. O motorista receberá o material gratuitamente, junto com um panfleto explicativo.
Conforme o secretário, o sistema deverá ter início em fase de testes no dia 20 de novembro. Em um primeiro momento, serão instaladas as placas de sinalização e a distribuição dos cartões que permitirão o uso das vagas; em uma segunda fase, o DMU deve iniciar uma campanha de conscientização dos motoristas.
A fase educativa deve seguir até o final de novembro. Depois de alguns dias em funcionamento – após levar as novas regras ao conhecimento dos usuários -, os agentes passarão a aplicar multa aos motoristas que não respeitarem o tempo máximo permitido. Depois de uma hora na vaga, o veículo deve ser retirado do estacionamento.
Conforme Xavier, a meta da secretaria é implantar 200 vagas até o final do período de experiência. Com as vagas rápidas, que já estão em funcionamento desde 2017, serão mais de 300 espaços em forma de “rodízio”.
“O mais importante é a população saber porque vamos implantar isso. Nós estamos trabalhando muito para melhorar o trânsito em nossa cidade, e chegamos a um patamar que nós não temos mais onde estacionar os veículos. Então, temos que rodar com estes estacionamentos para tentar abrir mais vagas aqui no centro”, concluiu.