Após passar mais de cinco anos lutando contra a leucemia, a família de Júlia Abrame de Oliveira, de sete anos, está comemorando 200 dias do transplante de medula óssea a que a menina foi submetida e, também, a evolução da recuperação dela.
Júlia foi diagnosticada com leucemia linfoide aguda quando tinha apenas dois anos. Desde então, começou a fazer o tratamento contra a doença e os pais foram informados de que precisaria ser feito o transplante para a filha poder continuar com as sessões de quimioterapia e radioterapia.
A busca por uma medula compatível mobilizou toda a cidade. Em outubro do ano passado, uma campanha de coleta do material recebeu mais de 1.600 pessoas interessadas em ajudar a jovem.
O procedimento aconteceu no dia 15 de fevereiro deste ano, no Hospital Santa Marcelina, em São Paulo. Ela recebeu a medula óssea do pai, Antônio Sérgio de Oliveira, através de transplante de medula haploidêntico, feito com alguém metade compatível.
De acordo com a mãe, Adriana Cristina Delaroli Abrame de Oliveira, a data marca “o começo de uma nova vida”. Desde então, a recuperação da menina tem surpreendido a família e os médicos que acompanham o caso.
“Nestas duas últimas consultas que ela foi, já não precisou mais tomar a medicação e não está tomando soro mais. Ela está muito bem de saúde, não teve nenhum resfriado. Passaram-se mais de seis meses do transplante e, graças a Deus, ela está ótima”, comemora Adriana.
A mãe conta que o acompanhamento ainda está sendo feito com frequência e inspira cuidados. Contudo, nos próximos meses, a menina poderá estar liberada para receber visitas e, aos poucos, começar a retomar a rotina normal para a idade dela.
“Logo, vamos começar dar umas voltinhas com ela pelo quarteirão. Creio que isso vai fazer até bem para ela. A próxima consulta é daqui a um mês, e, se a Julia tiver com os anticorpos melhor, vamos começar a sair com ela”, comentou a mãe.
De casa nova
Com doações e eventos beneficentes realizados para arrecadar recursos, os pais de Júlia conseguiram reformar a casa da família e voltar para a moradia, que antes apresentava riscos à saúde da menina. A adaptação ocorreu durante quase dois meses e a família retornou para o imóvel no final de agosto.
Após o transplante, quando Júlia recebeu alta do hospital, a casa onde moravam ainda estava impossibilitada de receber a menina, pois apresentava mofo, rachaduras, bolor e infiltrações. Com isso, campanhas foram feitas para ajudar a família a adaptar o imóvel.
Mais de R$ 36 mil foram arrecadados para a reforma. Sensibilizados com a causa, muitas pessoas fizeram doações espontâneas, que contribuíram com a ação. Um jogo beneficente com ex-jogadores da seleção brasileira e um bingo promovido por moradores da cidade e amigos da família completaram a receita.
Segundo Adriana, a reforma da casa foi essencial para que Júlia pudesse continuar com o tratamento. Ela afirmou que muitas pessoas ajudaram na arrecadação.
“Pessoas que foram na minha casa, que ligaram, fizeram depósito, pessoas que nem sei de onde eram e o que fizeram, mas que nos ajudaram muito, e às quais a nossa família é eternamente agradecida”, comentou.
“Não tem dinheiro no mundo que pague ter seus filhos bem em casa e com saúde. E Deus me deu essa alegria de ter minha filha com saúde, me deu novamente a vida dela. As demais coisas foram todas acrescentadas”, ressaltou.
Adriana ainda acrescenta que, em nenhum momento, pediu ajuda. “As coisas aconteceram espontaneamente. As pessoas se comoviam com a história e nos ajudaram. Não tenho nem como agradecer, só Deus para pagar tudo isso”, concluiu.