A sessão da Câmara Municipal de terça-feira, 3, foi marcada pela presença de populares manifestando apoio ao vereador Eduardo Dade Sallum (PT) e pelo anúncio de uma verba destinada a Tatuí por deputados federais, no valor de RS 200 mil, a ser repassada ao Centro Municipal de Especialidades Médicas (Cemem).
Sallum havia se manifestado contra o projeto de lei 134/2017, do vereador Nilto José Alves (PMDB), que busca proibir qualquer tipo de manifestação sobre “ideologia de gênero” nas escolas do município.
Na sessão ordinária do dia 26 de junho, foi lido o requerimento de número 144/18, do vereador Ronaldo José da Mota (PPS), que solicitava a abertura do processo de cassação de Sallum.
O requerimento acusava Sallum de “quebra de decoro parlamentar” por ele, supostamente, ter ofendido colegas vereadores durante outra sessão da Câmara.
A discussão ocorrida durante uma pausa dessa sessão acabou sendo repercutida em vídeo postado em redes sociais. Nele, Sallum estaria chamando os vereadores de “covardes e medrosos”, por, aparentemente, não colocarem o projeto em discussão por conta da pressão popular.
Entre o público, havia manifestantes utilizando camisetas do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e ostentando placas com os dizeres “Não à cassação”.
Primeiro a subir à tribuna, Antônio Marcos de Abreu (PR) pediu para que o presidente da Câmara, Luís Donizetti Vaz Júnior (PSDB), paralisasse a sessão por dez minutos, para que fosse realizada reunião entre as lideranças e os vereadores, na antessala do prédio.
A sessão foi suspensa por cerca de 40 minutos e retomada com Sallum à tribuna. “Entendo que minha conduta abriu interpretação para um desrespeito, mas minha intenção era apenas criticar a atuação parlamentar e não a honra dos vereadores. Fico muito feliz que os vereadores tiveram a sensatez para abrir espaço para um diálogo”, declarou o parlamentar.
“Não tive, de maneira alguma, a intenção de ofender ninguém, e respeito todos os vereadores, pois sei que, assim, estarei respeitando o povo de Tatuí, que os elegeu”, concluiu.
Na sequência, Mota confirmou a retirada do pedido de cassação. “A atitude de Sallum teve uma repercussão negativa entre os vereadores e fui obrigado a entrar com o requerimento. Mas, por sua humildade, em vir se retratar, peço que retirem o pedido de cassação”.
Após as palavras de Mota, Júnior Vaz deferiu o pedido de retirada da cassação, para que fosse arquivada a representação junto à secretaria jurídica da Casa.
Com a definição do pedido de cassação revogado e sem a presença do público manifestante, a reunião aprovou 15 indicações, 39 requerimentos e 26 moções.
Sallum voltou à tribuna para anunciar que o deputado federal Paulo Teixeira (PT) garantira verba a ser enviada ao Cemem para a compra de um novo equipamento de raios X.
“Serão R$ 200 mil para a Saúde de Tatuí. O poder público tinha somente um aparelho de raios X e isso gerava transtornos quando o equipamento quebrava ou precisava de manutenção”, disse o parlamentar.
Ele ainda se manifestou a favor da moção 296/18, de autoria de Abreu, que repudia o Ministério da Educação, em razão da autorização para cursos de graduação à distância (EAD) na área de saúde.
“Apenas imaginem: cursos da área de saúde sem prática e sendo realizados à distância. É um absurdo”, ressaltou o parlamentar.
“É o cúmulo! Como um enfermeiro vai aprender a passar soro? Como médicos serão habilitados a fazer cirurgias à distância”, completou Abreu.
Na quinta-feira da semana passada, 28 de junho, a Secretaria de Planejamento e Gestão assinou um convênio de R$ 1 milhão para infraestrutura, a ser utilizado para recapeamento, drenagem e guias do município, após emenda do deputado estadual Chico Sardelli (PV). A reivindicação havia sido feita pelos vereadores Jairo Martins (PV), Daniel de Almeida Rezende (PV) e João Éder Alves Miguel (PV).
O convênio resultou em duas moções, 311/18 e 312/18, de aplausos e congratulações a Sardelli e ao governador do Estado, Márcio França, respectivamente. A participação de Martins, Rezende e Alves Miguel, contudo, foi criticada pelo vereador Rodolfo Hessel Fanganiello (PSB).
“Parabenizei quando conseguimos a Univesp para Tatuí, sem dizer que foi mérito meu, mas, infelizmente, nem todos são assim. Abro o microfone para os vereadores falarem quantas vezes procuraram o Sardelli. Estive diversas vezes no Palácio dos Bandeirantes com o governador. Estamos cansados de oportunismo nessa cidade”, declarou Fanganiello.
Na sequência, Alves Miguel foi à tribuna defender-se. “Sou um indivíduo que o oportunismo não pode ser sinônimo, nem em minha atividade política e nem na vida pessoal. Nós fomos agraciados com a conquista de R$ 1 milhão e, quando eu falo ‘nós’, quero dizer que Tatuí foi agraciada”, afirmou o vereador.