Recente publicação do portal “Comunique-se” – mais abrangente da área de comunicação no país – apresentou números significativos acerca das redes sociais, particularmente quanto à confiabilidade por elas sustentada.
Como esperado, a ingenuidade que em muito estimulou o avanço desses meios de comunicação tem diminuído rápida e constantemente. Antes, havia a aceitação pacífica de que, se algo “está na internet, então é verdade” – embora esse algo pudesse ser absolutamente irreal.
Na atualidade, já se percebeu que o tal “algo” não só pode ser irreal, mas, no geral, ele já o é. Na prática, o incalculável volume do que veio a ser mundialmente conhecido como “fake news” é prova da falta maior de credibilidade das redes sociais como veículo de informação.
Claro, para não se confundir um aspecto não menos importante: veículo de informação é uma coisa e veículo de comunicação, não necessariamente a mesma coisa. Os de informação são também de comunicação, mas a recíproca não é verdadeira.
As redes sociais são, sim – e isto é irreversível -, excelentes veículos de comunicação, ferramentas excepcionais de contato entre as pessoas. O problema é que, como toda ferramenta, é preciso saber o que fazer com ela.
Um revólver, por exemplo, também é uma ferramenta, a qual, se armada com projéteis de prata, pode até salvar sua família do ataque de um lobisomem; por outro lado, nas mãos de um bandido, pode mandá-lo para o “Céu” – ou para o inferno, conforme suas postagens no “Face”. Cuidado!
Portanto, como usualmente são mal utilizadas, as redes sociais não são veículos de informação confiáveis, e a recente pesquisa evidencia o fato.
Aponta o portal “Comunique-se” que, nos últimos anos, as redes sociais se tornaram uma fonte importante de acesso a notícias. “Contudo, esta tendência começa a mudar”, complementa.
A conclusão é do “Relatório sobre Notícias Digitais do Instituto Reuters”, um dos mais conceituados do mundo.
O estudo, divulgado na semana passada, entrevistou milhares de pessoas em 37 países para entender os hábitos de consumo de jornalismo.
Segundo a pesquisa, o índice de pessoas que se informam pelas redes sociais caiu em diversos mercados importantes, como Estados Unidos (6%), Reino Unido e França.
“Quase a totalidade disso se deve à diminuição da busca, publicação e compartilhamento de notícias do Facebook”, analisam os autores. Apesar disso, a rede social ainda é a mais utilizada para ler notícias (36%), seguida de WhatsApp (15%), Twitter (11%), FB Messenger (8%) e Instagram (6%).
Na comparação entre países, o Brasil ainda é o local pesquisado em que o Facebook tem maior popularidade como fonte de notícias (66%), seguido por Estados Unidos (45%), Reino Unido (39%) e França (36%).
Por outro lado, aplicativos de troca de mensagens, como WhatsApp, FB Messenger, Telegram e Skype, estão ganhando espaço como meios de compartilhamento de notícias.
Entre os brasileiros entrevistados para a pesquisa, quase a metade (48%) afirmou usar o WhatsApp para acesso a conteúdo jornalístico. O país só fica atrás da Malásia, onde o índice foi de 54%. O percentual vem crescendo também em outros países, como Espanha (36%) e Turquia (30%).
O estudo também mediu a confiança das pessoas no jornalismo. Do total de entrevistados, 44% manifestaram esse sentimento em relação ao noticiário que consomem.
No caso daquelas fontes de informação acessadas mais regularmente, o índice subiu para 51%. O percentual é menor quando os conteúdos são vistos a partir de mecanismos de busca (34%), como Google, ou recebidos por redes sociais (23%), como Twitter.
No recorte por países, o Brasil aparece como o 3º onde a confiança é maior nos veículos jornalísticos (59%), ficando atrás apenas de Portugal (62%) e Finlândia (62%). No ranking, o Brasil é seguido por Holanda (59%), Canadá (58%), Dinamarca (56%) e Irlanda (54%).
Como se observa, também neste assunto o Brasil anda um pouco atrasado. Mas, está caminhando e, com a chegada das próximas eleições, abre-se nova oportunidade para a observação sobre as informações corretas e sérias.
Afinal, a credibilidade, definitivamente, não interessa aos promotores das fake news, e menos ainda aos brasileiros, que tanto reclamam dos políticos, mas ainda precisam apostar menos na vaidade e na prepotência típicas das redes sociais e mais na seriedade, se é que buscam mesmo viver em um país mais justo e correto.