O Aeroclube de Tatuí voltará a abrir as portas a alunos de escolas da rede municipal e particulares de Tatuí e região. É o que antecipou a O Progresso o presidente da entidade, Alexandre Simões de Almeida. Segundo ele, a intenção é retomar as atividades de visitas, principalmente com escoteiros.
A ação de interação aconteceu, pela primeira vez, durante a gestão de Cesar Augustus Mazzoni. Na ocasião, ele estabeleceu parceria com a Prefeitura. O objetivo era permitir que os estudantes conhecessem a estrutura do aeroclube e as atividades desenvolvidas.
Conforme o atual presidente, o antecessor primeiro divulgava que o aeroclube estava aberto para receber as unidades que tivessem interesse. Os responsáveis, então, entravam em contato com a instituição para programar a visita.
“Tivemos até algumas escolas de fora de Tatuí. Os alunos passaram um dia conosco, conhecendo nosso hangar, que é o de planadores, e o aeroclube como um todo”, lembrou.
Os estudantes também visitavam a pista, tinham acesso à sede social e acompanhavam a movimentação do tráfego aéreo em tempo real. Ao final do passeio, os alunos recebiam uma revista da FAB (Força Aérea Brasileira), como recordação e estímulo dado a quem quisesse seguir na carreira.
A partir de 2017, quando Almeida assumiu a presidência, a entidade recebeu mais membros de grupos de escoteiros. O presidente disse que a experiência com quem pratica escotismo é mais interessante, uma vez que eles passam mais tempo no aeroclube. “Acampam e dormem”, comentou.
Os chamados “lobinhos” (crianças de seis anos e meio até dez anos) dormem na sede social. Já os acima dessa idade podem pernoitar nas barracas. “Eles passam o dia aqui para tirar a especialidade de aprendizes do ar”.
Em 2017, o projeto funcionou até a metade do ano e viabilizou a recepção do primeiro grupo de Tatuí. Os escoteiros Goyotin participaram da experiência.
Para este ano, Almeida revelou que a pretensão é de ampliar o prazo do acampamento.
Para isso, o aeroclube pensa em incluir no projeto o Parque Ecológico Municipal “Maria Tuca”. A ideia é que os escoteiros fiquem acampados lá e, por meio de trilhas e sob supervisão, cheguem até o espaço do aeroclube.
“Com isso, poderemos trazer mais grupos de escoteiros. Estamos vendo os detalhes, para conferir se o pessoal vai conseguir organizar esse projeto. Estamos prontos para darmos qualquer apoio, porque é muito positivo”, disse o presidente.
De acordo com ele, a iniciativa é considerada mais que viável por conta das condições que o aeroclube oferece. Almeida destacou que Tatuí possui um dos raros locais nos quais as pessoas que nunca tiveram contato com a aviação podem entrar em uma zona de operação real e conhecer o funcionamento dela.
O presidente enfatizou que o aeroclube presta serviços para toda a população. Entretanto, reforçou que os escoteiros são um público diferenciado. “A razão é que eles já vêm com interesse, e o programa que fazemos com eles é completo”.
Além da visita, os escoteiros aprendem a inspecionar o planador e a monitorar a decolagem. “Nesse público, nós plantamos a semente do voo à vela. Serve de divulgação e estímulo, pois muitos acabam retornando depois”, contou.
Almeida também disse que a procura pelos grupos de outras cidades é maior por causa das peculiaridades. Em Sorocaba, por exemplo, um dos grupos de escoteiros tem como sede o aeródromo daquela cidade. “Como a especialidade deles é ligada ao voo à vela, eles vêm a Tatuí”, explicou.
Outro fato que contribui para o aeroclube ser mais frequentado por visitantes “estrangeiros” que pelos próprios tatuianos é que, no Estado de São Paulo, há perto de sete ou oito instituições dedicadas ao voo à vela, conforme o presidente.
Por esse motivo, o Aeroclube de Tatuí acaba sendo um atrativo cultural dentro da aviação. “Eu diria mais: até um atrativo turístico, porque as pessoas de Tatuí que o frequentam são poucas. Somos mais conhecidos fora”.
Como a entidade recebe muitos visitantes, Almeida observou que os associados sempre acabam indicando outros espaços da cidade para que sejam conhecidos. “Nós passamos a divulgar o Conservatório, o próprio Museu Histórico ‘Paulo Setúbal’ e alguns locais nos quais as pessoas possam ir”, emendou.
As indicações deram origem, em 2017, a outra parceria firmada entre o aeroclube e a municipalidade. No ano passado, a instituição promoveu, com apoio da Prefeitura, show aéreo que integrou a programação de aniversário de Tatuí.
“Fizemos uma parceria com o secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli, para divulgarmos a ação”, contou Almeida.
Na avaliação do presidente, a colaboração teve resultado “bem positivo” para o aeroclube. “Muito embora o público não tenha sido tão grande como esperávamos, nós conseguimos realizar um evento com variedade de atrações”, comentou.
A intenção da direção é retomar a tradição das apresentações, efetivadas desde a fundação do aeroclube. A entidade surgiu em 1974, em Tietê, tendo sido transferida para Tatuí em 1976, quando mudou as operações para a “Capital da Música”.
Segundo o presidente, a tradição de realizar eventos no dia 11 de agosto foi interrompida devido a uma crise na aviação. “É uma crise anterior à qual estamos vivendo”, disse.
Desde então, a entidade só conseguiu realizar uma iniciativa similar em agosto de 2011, quando houve participação da Esquadrilha da Fumaça. No ano retrasado, em 2016, o aeroclube promoveu a primeira atividade “de vulto”. “Conseguimos retomar um show aéreo, com muito custo e trabalho”, declarou.
Na ocasião, houve participação de pilotos da região em três modalidades de show aéreo – das cinco que haviam sido programadas. O público pôde conferir voo à vela, aeromodelismo, paraquedismo e um show de acrobacia com direito a fumaça.
“Foi enriquecedor, mas, neste ano, a expectativa é expandirmos ainda mais”, concluiu.