Na tarde de terça-feira, 16, um motociclista (de idade não informada) teve o veículo atingido por uma linha com cerol (material cortante feito a partir da mistura de pó de vidro moído e cola). O acidente, ocorrido no Jardim Santa Rita de Cássia, foi comunicado à Guarda Civil Municipal.
O comandante da corporação, Fábio Luciano Leme, informa que, apesar do susto, o condutor do veículo não se feriu. Ele relatou aos guardas ter encontrado uma linha de cerol estendida em uma das vias do bairro. De acordo com a GCM, o fio com o cortante atingiu a motocicleta, mas não o motociclista.
“Ele acionou a Guarda, pedindo para que uma equipe fosse remover o material. Entretanto, nós estávamos com viaturas empenhadas em uma ocorrência na vila Brasil, de tráfico, e que resultou em flagrante (reportagem nesta edição)”, informou.
Com o encerramento da ocorrência envolvendo entorpecentes, o comandante enviou uma equipe até o local. “Quando os guardas chegaram, foram avisados que o próprio motociclista havia removido a linha. Apesar de ter sido registrado como acidente, nós consideramos o caso como um incidente, pois não houve vítimas”, declarou Leme.
De acordo com ele, o caso é o primeiro ocorrido no ano que apresenta relação direta com uso de material cortante. O cerol é aplicado nas linhas de pipas, também conhecidas como papagaios ou arraias, e tem a comercialização proibida. A finalidade é cortar o fio de outras pipas.
Como as atividades envolvendo a substância são mais constantes nos períodos de férias escolares, a GCM intensifica a fiscalização nos meses de janeiro, fevereiro, junho, julho e dezembro.
A averiguação é realizada por equipes da ronda escolar, que deixam o patrulhamento nas escolas (quando as atividades estão suspensas) para percorrer todo o município, especialmente nos bairros periféricos.
“Esse tipo de problema (uso de cerol) ocorre em toda a cidade. Então, mesmo as viaturas do patrulhamento diário, que não são específicas para atender as escolas, ficam atentas para a questão e sempre quando se deparam com pipas sendo soltas por crianças, adolescentes ou mesmo adultos”, disse Leme.
Conforme o comandante da GCM, a atividade de soltura acontece o ano todo. No entanto, em função das férias escolares, o número de praticantes aumenta. Em função disso, a corporação adota protocolo diferenciado.
“As abordagens são feitas toda vez que observamos uma pessoa ou um grupo empinando pipas em atitude suspeita. Nesses casos, verificamos se a pessoa está usando o material irregular e adotamos as medidas cabíveis”, descreveu.
Leme informou que nem todas as pessoas que brincam com pipas são abordadas pela corporação. Além das suspeitas, o comandante mencionou que, para fiscalizar, os guardas levam em consideração as denúncias. A GCM recebe informações via 199, ou pelo telefone 3251-2849.
Durante as abordagens, Leme mencionou que os GCMs também fazem orientações. Eles explicam sobre os riscos de soltura perto da rede de energia elétrica. Contudo, a chamada “orientação sistêmica” ocorre no período das aulas.
No decorrer do ano letivo, os guardas percorrem as unidades de ensino da rede municipal para uma série de palestras. As explanações envolvem ações preventivas de segurança e orientações sobre os riscos do cerol.
Já nas fiscalizações, em caso de flagrante, as medidas adotadas pelos guardas variam. “Em cada situação, nós agimos de uma forma. Quando se trata de criança, buscamos orientar, porque é muito mais importante a educação do que a sanção. Então, completamos conversando com os pais”, comentou.
Quando adultos são flagrados usando cerol, a GCM faz a apreensão do material – da mesma forma que procede com as crianças. Entretanto, expede uma espécie de notificação.
Em caso de reincidência, os guardas encaminham a pessoa à Delegacia Central para demais providências, como pagamento de multa. Em Tatuí, Leme disse que as reincidências ocorrem raramente.
O comandante também relatou que, até o momento, não houve autuação de estabelecimentos pela venda de materiais cortantes. Entretanto, de dezembro até o dia 15 deste mês, a corporação efetivou diversas apreensões de linhas com material cortante. A quantidade não pôde ser divulgada a O Progresso, uma vez que é contabilizada apenas no final da operação.
De acordo com o comandante, as apreensões são realizadas em diversas regiões da cidade. Leme informou que não há um bairro específico no qual o uso de cerol seja mais frequente. Contudo, os flagrantes são mais comuns no subúrbio, por conta da “característica”.
Bairros periféricos contam com campos abertos e ruas largas, de pouco ou nenhum movimento. Os locais são considerados propícios para a soltura de pipas e disputas recreativas.
Na cidade, o perfil de quem usa cerol varia, com a maioria de crianças e adolescentes. Leme contou que adultos também são flagrados com o material, mas em menor proporção. A GCM considera adultos os jovens a partir dos 18 anos.
“Em virtude das férias, eles (os jovens) costumam se reunir mais por conta da presença de crianças e adolescentes. Aí, acabam usando o cerol. Nós vemos esse uso como uma má prática da brincadeira”, argumentou o comandante.