Principal curso d’água a cruzar praticamente toda a zona urbana de Tatuí, o ribeirão do Manduca deixará de receber esgoto sem tratamento em toda a extensão.
O fim do despejo – que contribui com a poluição do regato – no trecho de 7.723 quilômetros faz parte de projetos iniciados pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), em acordo com a Prefeitura.
O anúncio da despoluição total foi feito pela prefeita Maria José Vieira de Camargo no dia 29 de novembro. Na ocasião, ela se encontrou com representantes da companhia para discutir soluções a três impasses que estão impedindo a conclusão de obras de saneamento.
“O superintendente (Maurício Tápia) veio mostrar o trabalho que estão finalizando na cidade, que começa no Jardim Gonzaga e segue até o ribeirão”, informou Maria José.
Conforme a prefeita, a meta é terminar a gestão na chamada “Tatuí 300%”. Maria José antecipou que a equipe de governo dela, juntamente com a Sabesp, pretende manter na cidade os índices de 100% de água tratada, 100% de esgoto tratado e 100% de esgoto coletado. “Esse é o nosso objetivo para a cidade”, frisou.
A marca deve ser atingida, em princípio, na zona urbana. Já na zona rural, a Prefeitura pretende iniciar trabalho conjunto com a companhia para a coleta de esgotos.
O projeto de despoluição será completado após a solução de três questões, conforme esclareceu o secretário municipal do Governo, Luiz Gonzaga Vieira de Camargo.
O primeiro deles é um entrave com a concessionária que administra trecho da rodovia Antonio Romano Schincariol (SP-127), próximo ao Jardim Europa.
De acordo com Gonzaga, a empresa quer receber da Sabesp uma taxa para poder liberar a passagem, como estaria estabelecido em contrato. “A Sabesp não quer pagar. Então, vamos ter que resolver isso”, declarou o secretário.
A companhia de saneamento básico construiu uma tubulação por baixo da rodovia, mas no perímetro que está sob administração da concessionária. Gonzaga informou que a segunda empresa não autoriza a utilização da rede coletora enquanto a Sabesp não processar o pagamento de taxa.
A segunda questão a ser resolvida com a ajuda da Prefeitura diz respeito a uma invasão de área. Gonzaga relatou que um traçado programado pela Sabesp, para realizar a obra de canalização de esgoto, não pode ser acessado pela companhia. O motivo é que o local foi ocupado irregularmente.
“Perto do Manduca, uma área foi invadida e um barraco, construído. E o cidadão não quer desocupar. Com isso, a Sabesp interrompeu o serviço”, divulgou.
De acordo com o secretário, faltam apenas 50 metros para a conclusão da obra. O término depende, ainda, de desapropriações de imóveis na vila Esperança e Jardim Europa. Os processos devem ser acelerados pela municipalidade.
“Resolvendo essas três questões pontuais, vamos ter a possibilidade de, dentro de quatro a cinco meses, no máximo, anunciarmos a despoluição”, projetou.
O secretário reforça que a Sabesp só não terminou o investimento por conta das dificuldades burocráticas. Conforme ele, a companhia sustentou ter a capacidade de concluir o projeto em 30 dias, a contar da data dos desembaraços.
A despoluição será uma das consequências do programa de expansão de rede de coleta e tratamento de esgoto realizadas pela Sabesp na área urbana. Com a obra, o secretário destacou que todo o trecho urbano do ribeirão será despoluído.
O Manduca possui um total de 10.475 metros de extensão, da nascente até a foz. Ele desemboca no rio Tatuí e tem como maior afluente o córrego Ponte Preta.
De acordo com a Sema (Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente), o processo de urbanização gerou diversas implicações ambientais, impactando, principalmente, na qualidade das águas e na quantidade.
Entre as causas que contribuíram para a degradação, estão a supressão da mata ciliar e o recebimento de dejetos domésticos, causando processos de erosão.
Para marcar a mudança desse panorama, o secretário informou que a Sabesp e a Prefeitura estão programando a soltura de alevinos. O ato – em data que dependerá da conclusão do investimento – tem como propósito comprovar a eficiência dos trabalhos realizados para despoluição.
“Estamos imaginando, na conclusão da entrega da rede coletora, fazermos esse gesto, até porque o Manduca estará 100% despoluído em sua extensão urbana”, argumentou.
O secretário mencionou que a companhia procurara o Executivo por conta das possibilidades. Gonzaga disse que a Prefeitura tem mais facilidade de resolver as pendências que estão impedindo a Sabesp de avançar e concluir o projeto.
Ainda segundo a Sema, livros de história apontam que o ribeirão recebeu o nome de Manduca, apelido de Manoel Guedes Pinto de Mello, dono da antiga Fábrica São Martinho. Nascido em Tatuí, em agosto de 1853 e falecido em abril de 1927, ele tinha o costume de passear todas as tardes na região do córrego.