Nível do rio Sorocaba sobe e deixa 32 famílias desalojadas

Usina hidrelétrica teve comportas abertas para controlar a vazão

As chuvas ocorridas nos últimos dez dias começaram a afetar a vida dos moradores do distrito de Americana. De acordo com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, o rio Sorocaba está 5,8 metros acima do nível normal, o que deixou as regiões mais baixas do local alagadas e com acesso somente por meio de barcos.

A inundação começou na quarta-feira, 7. Até a manhã de terça-feira, 13, 32 famílias haviam precisado desocupar as residências que ficam na área mais próxima do rio, conforme o coordenador do CMDC, João Batista Alves Floriano.

Os moradores precisaram remover imóveis, eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos das moradias.

“A chuva já está causando preocupação, pois está tudo alagado devido às chuvas da semana passada. Para ajudar, hoje (terça-feira), amanheceu chovendo”, contou.

Na semana passada, foram registrados 156,6 milímetros de precipitação pluviométrica na cidade, segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

A quantidade é o triplo da média mensal dos últimos 25 anos, estimado em 51 milímetros. O número foi calculado pelo Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas).

Para reduzir os danos no Americana, a represa teve quatro comportas abertas. No total, a construção tem 11 comportas que são controladas automaticamente e ajudam a reduzir a inundação.

A usina é considerada fundamental na prevenção de enchentes, uma vez que tem a capacidade de represar, por controle de vazão, a água do Sorocaba.

A represa é uma das 31 CGH (centrais geradoras hidrelétricas) em operação no país. Ela tem capacidade para gerar um megawatts/hora de energia elétrica e é considerada microgeradora pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Até a segunda-feira, a Defesa Civil registrava o recuo do nível do Sorocaba, entretanto, ele poderia voltar a subir com as precipitações contabilizadas na manhã de terça-feira.

“O nível tinha estacionado e começou a cair, mas voltou a chover. Porém, a situação está sob controle. Precisaria subir bastante para atingir as áreas mais altas do distrito, como o centro”, explicou.

Segundo o coordenador de Defesa Civil, todos os moradores cujas residências foram afetadas pela água acataram a recomendação do órgão e deixaram os imóveis. A região mais próxima ao rio é dominada por casas de veraneio, que ficam vazias durante os dias de semana.

Além do distrito de Americana, a CMDC também está monitorando o nível no loteamento Gaiotto. “Ainda não tem sinais de alagamento naquela região, entretanto, estamos de olho”, informou.

Alvo de reclamação no início do ano passado, após outra cheia, as fossas sépticas das residências do distrito ainda não foram afetadas com a subida do rio Sorocaba.

O trabalho no bairro é realizado pela CMDC e por voluntários do Nudec (Núcleo Comunitário de Defesa Civil). A Guarda Civil Municipal dá o apoio monitorando a região.

O rio Sorocaba tem 227 quilômetros de extensão e percorre as cidades de Votorantim, Iperó e Boituva. O rio ainda corta outras quatro cidades: Ibiúna, Cerquilho, Jumirim e Laranjal Paulista e tem cabeceiras localizadas em Ibiúna, Cotia, Vargem Grande Paulista e São Roque.

No distrito de Americana, as inundações também são causadas pela alta do rio Tatuí, por conta do encontro com o Sorocaba. O local tem alagamentos em dois pontos, um próximo à usina hidrelétrica (pelas chuvas nas cabeceiras) e outro na região do encontro das águas (devido ao “refluxo”). As águas dos rios ocupam áreas de várzea, nas quais estão algumas casas.