A Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí faz pré-estreia do espetáculo “O Apocalipse ou o Capeta de Caruaru”. A peça integra o projeto denominado “Realismo Fantástico”, objeto de pesquisas da Cia. de Teatro coordenada por Rogério Vianna, neste ano.
A pré-estreia ocorre nesta sexta-feira, 23, e a estreia oficial, no dia 6 de outubro. Ambas serão no teatro “Procópio Ferreira”, à rua São Bento, 415, no centro, às 20h, com ingressos vendidos a R$ 12 (R$ 6 meia-entrada).
A pré-estreia do espetáculo integra a série de apresentações da Cia. de Teatro. Já a estreia oficial marcará a abertura da II Mostra Téspis de Teatro, evento que tem coordenação de Fernanda Mendes e Rogério Vianna e será realizado de 6 a 9 de outubro, em parceria com a SP Escola de Teatro.
“O Apocalipse ou o Capeta de Caruaru”, texto de Aldomar Conrado, tem direção de Dalila Ribeiro. Com indicação para maiores de 12 anos, a peça narra uma ação e o que era para ser um feitiço, que resvalam em um grande equívoco no qual irmãos gêmeos são separados de suas mães. Diante do equívoco, é em Caruaru, cidade do interior de Pernambuco, que a maldição das bruxas vai atingir seu ápice.
Anos depois, antes do reencontro, uma série de fatos estranhos e fantásticos provoca a maior confusão na população local. Entre eles, uma morta que volta a vida, uma mulher que não para de crescer, outra que não para de engordar e um cavalo que nasce com cabeça de gente.
O espetáculo integra o projeto intitulado “Realismo Fantástico”, que norteia a pesquisa realizada por meio da obra de Conrado. O texto dele se revela uma fusão entre a realidade narrativa e traz elementos “fantásticos e fabulosos”. “Não tanto para reconciliá-los como para exagerar sua aparente discordância”, antecipa o coordenador Vianna.
A companhia, em 2015, desenvolveu um trabalho com obras de Marcos, a qual traz personagens que se apresentam à margem da sociedade. Neste ano, a pesquisa em torno da temática proposta pelo grupo teatral “supõe uma noção comum de realidade, trazendo implícito um questionamento da verdade”.
“O realismo fantástico sempre esteve presente na literatura, mas foi desenvolvido com esplendor na literatura latino-americana dos anos 60 e 70. Desta forma, ele surge como uma forma de reação, utilizando o elemento mágico como reforço das palavras contrárias aos regimes dos ditadores”, explicou Vianna.
“Outro aspecto que influenciou o realismo mágico foi a discrepância entre cultura da tecnologia e cultura da superstição que havia na América Latina naquela época”, acrescentou.
O texto crítico faz alusão à crítica social política brasileira escrita por Conrado entre os anos de 1967 e 1968, que se apresenta recente no cenário político nacional.
“Porém, a obra do dramaturgo homenageia a cultura nordestina, riquíssima em imaginação e na cultura popular”, disse ele, sobre a obra que foi inspirada nas obras “A Comédia dos Erros” e “Macbeth”, de William Shakespeare.
O elenco é integrado por Adriana Afonso, Carlos Alberto Agostinho, Catharina Boldt, Fernanda Késia, Fernanda Mendes, Isabela Alomba, Jeferson Rodrigues, Lilian Dallava, Maiara Moreira, Matheus Mendes, Rodrigo Cotrim, Douglas Anhaya, Tamy Carvalho, Tati Villega, Vinícius Oliveira, Welinton Rodrigues, Wellison Machado, William Rocha e William.
A direção e coordenação do grupo é de Rogério Vianna, com concepção e direção de Dalila Ribeiro. Figurinos são de Carlos Alberto Agostinho; maquiagem, de Tati Villega e Tamy Carvalho; sonoplastia de Betinho Sodré. Os cenários são assinados por Jaime Pinheiro, com assistência de Nathalie Abreu; iluminação de Marcelo Souza e produção de figurinos de Maria José Silva.
A Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí reúne atores e atrizes profissionais. Eles atuam como professores no setor de artes cênicas da instituição.
O grupo também é integrado por alunos do curso de teatro adulto. Esses componentes atuam como bolsistas, sendo selecionados a partir de processo seletivo.
A companhia foi fundada oficialmente em 2009, quando estreou a montagem de “Rosa de Cabriúna”, de Luis Alberto de Abreu. O espetáculo foi premiado no 23o Festival de Teatro do Rio de Janeiro (2010) e no 38o Fenata – Festival de Teatro de Ponta Grossa (2010).
O grupo também desenvolveu montagens dos espetáculos “Como Fazer Teatro em Cinco Lições”, “Vereda da Salvação” e “Antígona”.
Junto a outros grupos pedagógico-artísticos do Conservatório de Tatuí, a Cia. de Teatro também atua em importantes espetáculos didáticos. Entre as montagens mais recentes, estão: “Um Chorinho para Dona Baratinha” (junto ao Grupo de Choro do Conservatório de Tatuí); e “Villa-Lobos encontra Guarnieri”.
Os componentes encenaram, ainda, “A Vinda da Família Real ao Brasil”, “MomoPrecoce”, “Sonho de Criança”, “Stravisnky e seu ballet Petrushka” e “As Estórias do Tião” (estes junto à Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí).
Em 2015, a Cia. de Teatro optou por pesquisa de obras de Plínio Marcos, trabalhando os textos “A Balada de um Palhaço” e “Goela Abaixo”. Este último, inspirado em personagens das obras de Marcos. Nesse mesmo ano, o grupo também protagonizou uma série de leituras dramáticas e saraus.
Para 2016, o projeto em desenvolvimento leva o nome de “Realismo Fantástico”.