A meta prioritária da Santa Casa para os próximos dias é o reestabelecimento de convênios. O hospital retomará negociações com operadora de saúde (Grupo Life) e tentará recuperar recursos que existiam antes da requisição. É o que informou a nova provedora, Vera Lúcia das Dores.
Em entrevista a O Progresso, ela disse que administrar o hospital será um desafio. Também citou que espera responder à altura das expectativas da população e pediu a colaboração dos cidadãos para a continuidade das atividades.
A Santa Casa opera com déficit e tem passivo estimado em mais de R$ 20 milhões. A princípio, a comissão gestora deverá avaliar – novamente – a situação do hospital.
“É imaturo eu tecer qualquer comentário antes de me colocar a par de tudo que está acontecendo. Será preciso saber quais soluções adotar, porque problemas nós sabemos que existem. A diferença é qual solução vamos arrumar”, citou.
Vera afirmou que tem ciência da situação financeira da Santa Casa. Contudo, a provedora disse que não tem como dar um diagnóstico, por não conhecer a rotina dos trabalhos. “Uma coisa é ter noção, a outra é conviver diariamente. São coisas totalmente diferentes, mas eu estou motivada”, argumentou.
Além da responsabilidade pelos atos administrativos, Vera responderá juridicamente pelo hospital. Pesará sobre ela cobranças ou eventuais ações movidas por trabalhadores (caso dos funcionários desrequisitados).
“Muitos vão dizer que não queriam estar aqui, mas eu já trabalho na área da Saúde. Existem muitas pessoas necessitadas, e quantas nós pudemos ajudar será melhor. O maior intuito é humano. Eu penso no paciente e na população”.
Para atender a essa meta, a provedora disse que a comissão vai dedicar empenho especial na busca por novas verbas. Vera informou, ainda, que o grupo que integra a diretoria tentará estabelecer novos convênios.
“Isso é um dos pontos principais. Caso contrário, a Santa Casa não sobrevive. Somente do valor do SUS (Sistema Único de Saúde) não dá”, comentou.
A provedora disse que “o município repassa o máximo que pode”. Ela citou, ainda, que não haverá mudança na estrutura do hospital. Vera garantiu que, pelo menos no início, a provedoria não vai demitir funcionários. “Em time que está ganhando, não se mexe, só se melhora. E estamos juntos nisso”, afirmou.
O prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, afirmou que o Executivo continuará dando retaguarda à Santa Casa. Ele disse que está “apostando as fichas e acreditando na eficiência da gestão”, por comissão eleita em abril.
Manu ainda rebateu acusação de que havia “requisitado o hospital para fazer política”. “Esta mais do que provado que nós não quisemos isso”, comentou.
O prefeito alegou que o Executivo “salvou o hospital”, acrescentando que “a equipe do município melhorou a dinâmica da administração”. Por entender que a “missão estava cumprida”, voltou a frisar que a Prefeitura resolveu ceder a gestão do hospital para “quem é de direito”.
Segundo o prefeito, a missão da nova provedoria é de “levantar recursos”, credenciar novos convênios e voltar a permitir realização de cirurgias particulares. A diretoria também poderá promover campanhas de arrecadação de doações, medidas que não seriam possíveis com a requisição.
O Executivo não divulgou o montante das dívidas da Santa Casa. À reportagem de O Progresso, o prefeito disse que houve redução, mas que o fator mais importante não era a “quitação total, mas restabelecer totalmente o hospital”, para que ele tivesse condições de voltar às mãos da provedoria.
Conforme o prefeito, “o principal fator que possibilitou a desrequisição é a benfeitoria feita pela Prefeitura”. “Colocamos lá (no hospital) uma gestão eficiente, que era para ficar um ano e parou, praticamente, quatro meses”, concluiu.