O Balleteatro “Fred Astaire” promove duas apresentações, neste fim de semana, no Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”. O espetáculo de teatro e dança “Efêmero” ocupará o teatro “Procópio Ferreira” neste sábado, 19, e domingo, 20, às 20h30.
Com duração de 1h30, o espetáculo aborda “curtos momentos da vida que devem ser aproveitados intensamente”. Esses momentos são transformados em dança e teatro pelos alunos, por meio de várias modalidades, como balé clássico e moderno, jazz, sapateado, dança do ventre, dança de rua e dança de salão.
“’Efêmero’ é a ideia de traduzir, através das coreografias, os seus momentos marcantes, é dizer o que aquele momento efêmero traz para você”, comentou a professora e bailarina Ana Cristina Machado, uma das responsáveis pela “Fred Astaire” e pela montagem anual da escola.
Segundo a sócia da escola, a também bailarina Mirella Arena, a ideia da montagem surgiu graças à biografia de Charles Chaplin e um de seus mais famosos filmes, “Tempos Modernos”.
“Nós gostaríamos de abordar a biografia de Charles Chaplin e toda a efemeridade que tem na sua história, mas também temos os nossos efêmeros. Então, por isso, trouxemos a história para a nossa situação, nossa realidade”, contou.
A homenagem a Chaplin fica clara quando se vê a camiseta personalizada para o espetáculo que as duas vestiam durante a entrevista. “Inclusive, a estampa da camiseta é alusiva ao filme ‘Tempos Modernos’, que seria o corpo do Charles Chaplin passando pelas engrenagens”, explicou Mirella.
O espetáculo contará com mais de 240 alunos de diversos cursos oferecidos pela escola. Além dos alunos que aprendem na sede do “Fred Astaire”, outros professores dão aulas de balé e dança no Colégio Positivo, no condomínio Colina das Estrelas e no Lar “Donato Flores”.
“Porém, na Colina e no Positivo, são alunos pagantes e, no Lar ‘Donato Flores’, nós ajudamos as crianças voluntariamente”, comentou Mirella.
Apesar de diversos bailarinos aprenderem em lugares diferentes, Mirella explica que, durante a época de ensaios para o espetáculo, todos eles têm aulas na própria escola “Fred Astaire”.
“Em cada polo acontece a sua aula, mas, nesta etapa, todos se juntam. Contudo, mesmos juntos, a gente só consegue enxergar o quebra-cabeça completo lá no teatro”.
Mesmo com a experiência já adquirida por organizar anualmente grandes apresentações, Ana Cristina diz que a pressão para dar tudo certo é sempre a mesma.
“Todo ano a gente faz essa loucura, todo ano a gente acha que, no próximo ano, vai ser mais fácil, porque a gente vai ter mais experiência. Então, todo ano a gente tem essa adrenalina”, brincou.
Além dos outros locais em que os professores do Balleteatro “Fred Astaire” atuam, neste ano, a escola iniciou um projeto nas escolas públicas. O “Projeto Up” fez seletivas em colégios, onde 15 meninos e 15 meninas foram escolhidos para participar do espetáculo “Efêmero”.
O Balleteatro “Fred Astaire” foi fundado em 1988, por Ana Maria Sueli Machado, e é dirigido por Ana Cristina e Mirella há cerca de 20 anos. Antes de serem professoras e, posteriormente, proprietárias da escola, as duas foram alunas da fundadora.
Atualmente, devido ao crescimento da escola, elas acumularam funções. Ana, além de dar aula de sapateado e jazz, cuida de toda a parte artística, enquanto Mirella se ocupa da parte administrativa e também dá aulas de jazz.
Além dessas funções, ambas são professoras da rede pública de ensino – Mirella, de matemática, e Ana Cristina, de artes. As sócias contam que isso contribuiu para que pudessem enxergar talento em pessoas “menos favorecidas” e, assim, ajudar com projetos sociais.
“Como nós duas somos professoras da rede pública, a gente convive com todas as realidades. A gente sabe que tem muito talento escondido sem oportunidade”, afirmou Ana Cristina.
Mirella lembra que, para ter uma estrutura de qualidade, é necessário arcar com muitos custos, mas que isso não as impede de dar oportunidades.
“Nós temos uma infraestrutura excelente, e essa infraestrutura tem um custo. Então, a escola é particular. Mas, a gente dá um jeito de fazer a dança chegar até outros públicos”, asseverou.
Sobre o fato das duas atrelarem as carreiras de professoras de dança e do ensino público, Ana Cristina diz que as duas coisas se complementam.
“Como eu trabalho com artes, para a dança, vou pensar no figurino, na música, no cenário. Todo tipo de informação acrescenta para o trabalho”, analisou.
Já para Mirella, o trabalho com dança faz com que ela seja vista com melhores olhos dentro da sala de aula. “Acredito que meus alunos sintam que o fato de eu trabalhar com dança pode ser considerado uma válvula de escape e que me torna uma pessoa mais agradável e mais humana para eles”, comentou.
O Balleteatro “Fred Astaire” atende uma faixa etária bastante abrangente. Pessoas acima dos três anos de idade podem se matricular nos diversos cursos oferecidos pela escola. “Inclusive, para 2016, o nosso foco maior estará no público da terceira idade”, revelou a professora de matemática.
Apesar de a escola aceitar todos os públicos, Ana Cristina lembra que, para se tornar bailarino (a) profissional, é necessário começar com as aulas desde muito cedo, até porque a formação de balé clássico exige oito anos de prática. “Se a menina tem intenção de ser bailarina, é como esportista: quanto mais jovem, melhor”.
Os ingressos para o espetáculo “Efêmero” estão à venda desde o dia 1o de dezembro na própria bilheteria do teatro “Procópio Ferreira”. Será cobrada apenas a meia-entrada, equivalente a R$ 35, mais um quilo de açúcar ou café, que serão doados para o Recanto do Bom Velhinho.