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Profissionais do Samu registraram somente uma reclamação no ano
No dia 4 deste mês, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Tatuí completou quatro anos de funcionamento. Nesse período, a unidade do município teve aumento de frota – ganhou veículos novos – e mudou de sede. A atual funciona na rua 15 de Novembro, 1.383, no bairro Santa Cruz.
É de lá que saem as viaturas para os quase 800 atendimentos mensais. Ao todo, são sete veículos, entre eles: três viaturas, das quais duas são novas (uma de suporte avançado e uma básica), duas ambulâncias para reserva técnica, uma viatura rural (usada para atendimento na zona rural) e um carro.
Há dois anos, o Samu atende em novo endereço, tendo aumento de estrutura. Por conta da chegada das viaturas, o município ampliou o número de funcionários. Atualmente, 34 fazem parte da “família Samu”, atendendo a pacientes de Tatuí e da região conforme regulação feita em Itapetininga.
Programa do governo federal, o Samu é fruto de parceria entre a União e a Prefeitura. A administração municipal tem como contrapartida os custos com funcionários. Já o governo federal envia verba para manutenção. “A Prefeitura investe em recursos humanos”, explicou a coordenadora municipal de Urgência e Emergência do Samu, Roberta Lodi Molonha Machado.
Conforme ela, a estrutura atual do município atende aos requisitos do Ministério da Saúde. Roberta descreveu que a dinâmica só poderá mudar caso haja um aumento da população. Com base nisso, o ministério define número de viaturas, consequentemente, de equipes e até de implantação de novas bases.
Também com base no número de pessoas que possam ser beneficiadas com o serviço é que o governo federal cria novas centrais de regulação. A base de Tatuí é descentralizada de Itapetininga. Porém, a regulação é feita pela central da cidade vizinha.
Roberta explicou que uma regulação médica precisa atender 400 mil habitantes. O número é o preconizado pelo Ministério da Saúde. Para que Tatuí viesse a abrigar uma central – como cogitado nos anos anteriores –, seria necessário que outros municípios ao redor implantassem bases do Samu e fossem regulados pela cidade.
“O custo de uma central reguladora é inviável. A gente pode até montar uma central reguladora, por conta própria, só que isso é um dinheiro incalculável”, disse Roberta.
Conforme a coordenadora, para montar uma central, o município teria de manter médico 24 horas, operadores de radiocomunicação e o sistema de comunicação.
A central de Itapetininga não conta com esse custo porque recebe suporte de oito municípios. “Eles custeiam essa central, por isso que ela é viável”, disse Roberta.
Também conforme a coordenadora, o serviço tem melhorado a cada ano. Nos anteriores, a base de Tatuí passou por adaptações. Por conta disso, registrou problemas com relação a chamado (reclamação em função de demora), de definição de procedimento (necessidade de acionamento da central para o deslocamento de uma viatura) e por conta do sistema de comunicação.
Nesse período, a coordenação conseguiu resolver os problemas técnicos. Entretanto, esbarra em outros que dizem respeito ao “mau uso do sistema”. A coordenadora disse que em Tatuí há falta de orientação por parte de quem aciona o serviço.
Roberta comentou que parte da população desconhece os procedimentos adotados como padrão. Também confundem a gravidade das situações, em especial, quando há chamado para atendimento de pessoas que sofrem de alcoolismo.
Conforme a coordenadora, o Samu já tem como rotina atendimento a transeuntes que ficam nas imediações do Mercado Municipal “Nilzo Vanni”. “Eles bebem e dormem. Mas quem passa, vê a pessoa caída e aciona o serviço. A gente chega a atender a mesma pessoa três vezes num dia”, contou.
Também conforme a enfermeira, mesmo que a equipe já tenha atendido o mesmo paciente por duas vezes no mesmo dia, ela é obrigada a se deslocar ao local. A saída da viatura faz parte do protocolo padrão. “Depois que a central é acionada, nós temos de ir. E, quando não há nenhuma intercorrência, perdem-se 40 minutos”, descreveu.
Esse é o tempo que a equipe leva entre o deslocamento, a abordagem ao paciente, os primeiros procedimentos, a acomodação na viatura e o transporte ao pronto-socorro. Roberta disse que isso causa uma sobrecarga de ocorrência que não condizem com urgência e emergência e que a população não consegue entender essa diferença.
“Óbvio que quem está na casa passando por essa situação acha que é emergência. Por isso que estamos querendo deixar claro para a população como deve se proceder nesses casos e a importância de se ter paciência”, afirmou.
Segundo a coordenadora, a equipe pede sempre que a pessoa que acionar o serviço responda todas as perguntas que o operador fizer. “Sempre que vou dar aula ou palestra falo que quem liga para pedir ajuda tem de ser a pessoa mais calma”.
A triagem serve para que o médico que atende na central escolha qual tipo de viatura será aplicada em determinada ocorrência. Quando a pessoa não consegue se controlar para passar as informações ao profissional de maneira clara, Roberta explicou que podem surgir dificuldades de atendimento.
“Se a pessoa não tem paciência de fazer todo o procedimento começa a gritar e dificulta o entendimento”, comentou. Conforme a coordenadora, o chamado pode durar até um minuto e meio. Esse é o tempo preconizado pelo Ministério da Saúde. “Às vezes, para quem está ligando esse tempo parece uma eternidade, mas é preciso ter calma para ajudar no trabalho”, disse.
Outra dificuldade da equipe com relação aos chamados diz respeito às localizações. A coordenadora explicou que em Tatuí houve um aumento do número de chamados com informações incompletas. De acordo com Roberta, algumas pessoas não passam o endereço correto ou não dão pontos de referência.
Como resultados, as viaturas podem levar mais tempo para atender os pacientes, uma vez que as equipes precisam procurar pelos pacientes. “Não é que a viatura demorou para atender. O que acontece é que ela perdeu tempo rodando pelo bairro até tentar descobrir onde está o paciente”, comentou.
Roberta afirmou que o Samu não registra “um número absurdo” de casos desse tipo. Entretanto, disse que quando esse problema acontece gera uma consequência. “Independentemente da quantidade, essa ocorrência vai ficar travada”, falou.
A imprecisão também pode gerar duplicidade de chamado. Em um dos casos, a coordenadora relatou que as equipes de suporte básico e avançado precisaram ser deslocadas para atender um paciente. O motivo é que o chamado entrou como convulsão, mas a vítima havia sido intoxicada por “chumbinho”.
As viaturas contam com equipes diversificadas na composição. As de suporte básico são tripuladas por socorristas (motorista) e técnicos em enfermagem. As de suporte avançado por socorristas, técnicos em enfermagem e médicos.
Até o ano que vem, todos os técnicos terão sido submetidos a treinamentos. Eles concluem curso de especialização em suporte básico de vida no próximo mês de junho. A capacitação tem duração de um ano e dois meses e permitirá à unidade do município ter toda a equipe da base 100% treinada.
O treinamento faz parte de um conjunto de metas que o município precisa cumprir. Roberta contou que em 2014, a base de Tatuí completou todas, o que lhe rendeu uma verba a mais aplicada na aquisição de uma nova ambulância.
Além do treinamento, o Samu precisa promover a manutenção das viaturas, controle da frota e prestar contas sobre o número de ocorrências. Em Tatuí, elas giram em torno de 800 por mês, das quais 120 via USA (unidade de suporte avançado).
O número é considerado alto, mas tem se mantido constante por conta da “maior interação” do Samu com as equipes do Corpo de Bombeiros e das concessionárias que administram trechos de rodovia na região. Conforme a coordenadora, as entidades adotaram protocolo padrão, que agilizou os atendimentos.
Para Roberta, o resultado desse trabalho é a redução das reclamações. A coordenadora informou que desde que assumiu, em março, o Samu computou somente uma queixa sobre a equipe de Tatuí. Já com relação à central – que não é gerenciada pelo município – as reclamações são de demora.