Interino autorizou andamento de ação iniciada por antecessor





O projeto que começa nesta segunda-feira passou pelo crivo do atual secretário municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social, Márcio Fernandes de Oliveira. Conforme Marcos Bueno, diretor do Departamento Municipal da Indústria, o secretário interino “comprou a ideia” que havia sido iniciada pelo ex-titular e atual vereador Ronaldo José da Mota.

Bueno conversou com o novo secretário na semana passada e disse que ele assumiu o compromisso de dar continuidade. Fruto de discussão com empresas locais, entidades e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o mapeamento só deve vingar se houver “uma soma de esforços”.

O diretor da Indústria disse que o trabalho deve ser árduo e que a equipe que o realizará pode não ter nível de conhecimento elevado, mas vai “aprender com os erros”. “Esse é um assunto delicado tanto para a sociedade, como para os órgãos públicos e para as empresas”, destacou Bueno.

O Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região) é considerado parceiro e um dos idealizadores do projeto. A entidade classista disponibilizará, a partir desta segunda-feira, 15, formulário para cadastro digital.

O preenchimento deve ser feito no endereço: sindmetaltatui.com.br/site. Ao acessar a página, o usuário deve procurar pelo “link” do censo. Será preciso incluir dados, como: nome, idade, grau de escolaridade e de instrução profissional.

Bueno explicou que o sindicato foi o canal escolhido para o início dos trabalhos por conta de ser o “mais procurado pelas empresas para atendimento da demanda”. “Elas (as empresas) vão lá, perguntar se não há ninguém para ser indicado para ocupar vagas. Aí, fica tudo na questão da amizade, mais que de profissionalismo. É o que nós queremos evitar”, disse o diretor.

O cadastro é aberto a pessoas interessadas e não interessadas em ingressar no mercado de trabalho. A intenção da secretaria é não só dar oportunidade para quem quer se tornar “mais produtivo”, mas identificar o grau de deficiência em Tatuí.

“O primeiro ponto é criarmos esse censo. O segundo, é desenvolver uma política sobre o assunto. Por isso é preciso que todos participem”, enfatizou Bueno.

Conforme ele, as pessoas com ou sem deficiência podem preencher o formulário. No segundo caso, é necessário que quem apresentar as informações faça isso apenas com autorização do PCD. “Seria um parente cadastrando pela pessoa ou até mesmo um amigo”, disse o diretor da Indústria.

Bueno afirmou que o cadastro não significará que a pessoa já está se candidatando para uma vaga. “Representa apenas que ela está se disponibilizando para uma futura participação em processo seletivo”, descreveu.

Mesmo quem não tem interesse futuro, pode e deve participar. O diretor disse que quanto maior o número de informações mais fiel será o mapeamento. Também, mais detalhado ele vai ser. Neste semestre, o governo federal disponibilizou dados para o município das pessoas com deficiência.

De acordo com Bueno, o levantamento apontou apenas o número total de PCDs – 20 mil. A quantia, entretanto, pode não ser a mais representativa, uma vez que pessoas que precisam utilizar óculos para enxergar possam ter sido contabilizadas.

“O que ocorre é que as empresas não contratam esse pessoal como deficiente”, disse. Daí, a disparidade entre os dados encaminhados pela União.

O cadastramento não tem data para terminar. Bueno informou que ele ficará “em aberto” de modo a alimentar o banco de dados. Ainda no site do Sindmetal, os PCDs que quiserem participar das primeiras seleções poderão anexar junto ao formulário digital o currículo em formato também digital.

As informações serão direcionadas para o PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador). A unidade também receberá currículos de pessoas com deficiência. Bueno afirmou que os profissionais serão instruídos a receber os currículos e a lançar o cadastro das pessoas que visitarem o posto com esta finalidade.

Outra meta é disponibilizar um “link” para o cadastramento no site da Prefeitura. A proposta deverá ser apresentada ao Departamento de TI (tecnologia da informação) nos próximos dias. Existe estudo, ainda, para que o Cras (Centro de Referência de Atendimento Social) faça cadastro “de forma física”.

A partir da demanda, Bueno disse que as empresas poderão selecionar mais precisamente seus recrutados e afinar a questão da acessibilidade. Dessa forma, terão a chance de se adaptarem a novos perfis caso os que procurem não sejam encontrados.

Sem dados, o diretor disse que o município não tem condições de criar política própria, nem de trazer recursos ou práticas dos governos estadual e federal.

Outra etapa pode ser realizada a partir do ano que vem com a contratação de um mapeamento “mais detalhado”. O estudo ficaria a cargo do Senai de Itu. Conforme Bueno, a unidade daquela cidade conta com uma equipe que faz levantamento físico (com base em formulários preenchidos por pesquisadores) e que faz um diagnóstico preciso da quantidade e do tipo de deficiência.

“Estamos analisando, porque isso gera um custo. Vamos ver como será feito o pagamento e se poderemos contar com ajuda de parceria privada”, adiantou.

Além desse mapeamento, a Prefeitura estuda trazer para o município programas como o “Meu Novo Mundo”, viabilizado pelo sistema “S”, formado pela Fiesp, Ciesp, Sesi, Sesc e Senai. Nele, o deficiente pode receber ajuda por parte das empresas tanto para estudo quanto para prática esportiva.

“Se a pessoa se interessar em participar, a empresa cumpre a legislação e, automaticamente, proporciona um atendimento ao deficiente”, declarou Bueno. Conforme ele, o programa prevê que não necessariamente o PCD tenha de atuar na linha de produção ou na área administrativa, tornando-se “maleável”.

Lançado em setembro desse ano, o programa deve ser solicitado pela secretaria para ser realizado em Tatuí. “É um processo que está nascendo, mas abre-se um leque para cumprir a legislação de forma satisfatória”, afirmou Bueno.

O diretor disse que o objetivo do mapeamento não é criar alardes ou gerar expectativas. Conforme ele, trata-se apenas do início de uma ação necessária.