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Fórum Sou Capaz realizado no segundo semestre integra projeto que começou a ser discutido em Tatuí
“Você conhece um deficiente, tem parente que saiba do paradeiro de um ou ideia de onde alguém com esse perfil?”. A pergunta cada vez mais recorrente feita por equipes de departamentos de Recursos Humanos das empresas do município pode mudar.
É o que pretende iniciativa que mobiliza o Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí e Região) e Prefeitura e que tem início agendado para esta segunda-feira, 15. Na data, a entidade classista vai incluir em seu site na internet questionário voltado ao mapeamento de PCDs (pessoas com deficiência).
O formulário será disponibilizado inicialmente na página do sindicato. Posteriormente, há planos de permitir que haja cadastramento em outros dois canais. Pelo menos é o que informou o diretor do Departamento Municipal da Indústria, Marcos Bueno. Conforme ele, o censo é resultado de um processo de inclusão profissional que começou a ser discutido há quase um ano.
Em diagnóstico divulgado à reportagem de O Progresso na quinta-feira, 11, ele afirmou que Tatuí vem passando por uma crise de identificação. Na cidade, o diretor afirmou que há dois órgãos que cuidam da questão da inclusão de pessoas com deficiência – cadastro e encaminhamento – ao mercado de trabalho.
O primeiro é a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social; o segundo, a sociedade civil. Nesse contexto, Bueno diz que a sociedade está representada pelas pessoas com deficiência.
Entretanto, os órgãos não se conversam. O diagnóstico veio a partir de fórum de inclusão, realizado na cidade pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) em parceria com a Prefeitura.
“Na ocasião, nós debatemos esse assunto e nos deparamos com questionamentos”, iniciou Bueno. Conforme ele, a participação das entidades envolvidas resultou em perguntas a respeito da situação do município, sobre as medidas adotadas pelas empresas e pela sociedade civil, no geral.
Durante os debates, o diretor da Indústria apontou que os representantes dos órgãos “interessados” chegaram à conclusão de que não existe um “diálogo entre eles”. “Eles não se relacionam. Não existe uma organização estrutural a fim de atender objetivamente esse público. Cada um está correndo e puxando a corda para o seu lado, quando todos podem caminhar juntos”, disse.
Num primeiro momento, a Prefeitura quer verificar quais são as boas práticas e onde elas estão sendo realizadas. O entendimento é necessário para se chegar a um diagnóstico e uma conclusão de como as empresas, em especial, estão “sobrevivendo” à política forçada de cumprimento de cota de contratação.
As discussões iniciadas no fórum e as primeiras informações levantadas geraram a demanda por capacitação. O Executivo trouxe, por meio da pasta da Indústria, curso voltado a profissionais que atuam nos departamentos de recursos humanos para auxiliá-los a entender a nova legislação de inclusão profissional.
O objetivo final é fazer com que as empresas, indústrias ou o comércio que necessite desse tipo de mão de obra não faça contratação somente por conta de obrigatoriedade. “É preciso que se faça isso não de forma sistemática, mas natural”, afirmou Bueno.
Conforme ele, a intenção da Prefeitura é criar uma cultura e, por meio de dados, ajudar pessoas com deficiência que queriam ter acesso ao trabalho. “O que acontece, hoje, é que as famílias se contentam em ‘esconder’ as pessoas, porque elas têm subsídio do governo e não fazem a inclusão delas”, disse.
A missão da secretaria, entretanto, não é discutir causas, ou temas considerados de natureza “mais profunda”. “As entidades já têm argumentos suficientes para saber a posição de cada uma. Falando parece lindo, mas na prática não se tem apoio. O que nós queremos é um primeiro passo”, falou.
Por esse motivo, a proposta da secretaria é começar a organizar em um banco de dados informações a respeito desse público. Para isso, a pasta autorizou o sindicato a criar um canal de informações no qual as pessoas com deficiência ou suas próprias famílias poderão realizar um cadastramento.
“A pessoa pode entrar nesse canal, se cadastrar e deixar os dados lá, disponíveis para que quando uma empresa precisar contratar ou dar início à sua política de contratação poder utilizar como base esse canal”, descreveu Bueno.
O passo seguinte é centralizar os dados em um cadastro único. Ele deve compilar, principalmente, as informações sobre a classificação da deficiência (tipo e grau). De acordo com Bueno, esses dados devem facilitar o processo de contratação por parte dos empregadores, com base em perfis.
A medida é considerada inédita no município e solicitada pelas empresas. Segundo o diretor da Indústria, a maioria tem dificuldades em contratar PCDs por não haver no município um local no qual se possam estabelecer contatos. “É quase como procurar uma agulha num palheiro”, complementou.
Bueno disse que o sistema atual de recrutamento por indicação gera frustração para os PCDs e em trabalho dobrado para indústrias, empresas e comércio. O motivo é que muitos dos entrevistados acabam sendo