Alunos do curso de violão clássico do Conservatório participam, nesta sexta-feira, 16, do 6º Concurso Interno de Violão da escola. Neste ano, o evento homenageia o compositor Geraldo Ribeiro, que integrará a banca julgadora das apresentações.
As audições serão realizadas às 9h, 14h e 20h, no auditório da Unidade 2, abertas ao público e com entrada gratuita.
De acordo com o coordenador do evento, professor Adriano Paes, o concurso terá seis grupos distintos: categoria infantil (crianças de até 11 anos), categoria 1 (12 a 13 anos), categoria 2 (14 e 15 anos), categoria 3 (16 e 17 anos), categoria 4 (acima de 18 anos) e categoria 5 (música de câmara, para grupos).
Cada participante deverá apresentar uma peça de Geraldo Ribeiro determinada pelo regulamento e outra peça de livre escolha. A banca examinadora, composta por Geraldo Ribeiro e pelos professores Ricardo Grion e Fanny de Souza Lima, deve avaliar a melhor interpretação das obras. Os alunos com maior pontuação serão anunciados no mesmo dia.
“O 6O Concurso Interno de Violão do Conservatório de Tatuí tem por objetivos divulgar a obra do compositor e violonista brasileiro Geraldo Ribeiro, artista consagrado no cenário violonístico brasileiro; promover intercâmbio entre estudantes, professores e apreciadores de música; revelar e incentivar novos talentos; propiciar aos alunos um período de estudo e concentração específico; e incentivar os alunos a se apresentarem em público”, comenta o coordenador.
Natural de Mundo Novo (BA), Ribeiro já manifestava forte inclinação para a música aos quatro anos de idade. Inicialmente autodidata, dedicou-se ao violão por meios práticos, utilizando o famoso método de Américo Jacomino (Canhoto). Por volta dos 13 anos, já na cidade de Assis (SP), começou a estudar com o maestro Augusto Mathias e, mais tarde, em São Paulo (capital), com Oscar Magalhães Guerra.
Na capital paulista, estudou também harmonia, contraponto, composição e interpretação, com Ascendino Theodoro Nogueira, que fora aluno de Camargo Guarnieri.
Músico versátil, Ribeiro atua com desenvoltura como intérprete, compositor e arranjador, tanto na música erudita como no segmento folclórico e popular.
Foi pioneiro no resgate de obras de importantes violonistas populares, como Aníbal Augusto Sardinha (Garoto), Armando Neves (Armandinho), Canhoto e Antonio Rago, fazendo transcrições, edições e gravações de suas obras.
Além disso, realizou numerosas estreias mundiais em transcrições de “imortais”, como Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel, Claude Debussy, Frédéric Chopin, Niccolò Paganini, entre outros.
E originais de Souza Lima, Cláudio Santoro e, principalmente, de Theodoro Nogueira, com o qual colaborou intensamente para o registro da sua produção para violão.
Como solista, domina vasto repertório, que abrange obras originais e transcrições engenhosas que vêm sendo acompanhadas por gerações de aficionados, como interpretações referenciais de obras do lendário violonista paraguaio Agustin Barrios.
Sua primeira gravação, no qual interpreta Barrios e Nazareth, foi incluída pela crítica especializada entre as dez melhores do ano de 1960. Entre seus primeiros projetos, destacam-se as gravações realizadas no final dos anos 70 dos álbuns “Bach na Viola Brasileira”, um marco na discografia, que chamou a atenção para a herança histórica desse instrumento, e o “Concertino para Violão e orquestra”, de Theodoro Nogueira.
Foi o primeiro a registrar as obras de Garoto, publicando em álbuns escritos e em gravação (LP). Para ele, “com Garoto, iniciava-se a era do violão moderno no Brasil”.
Como compositor, escreveu vasto repertório, quase todo voltado ao universo do violão, abrangendo solos, música de câmara para diversas formações, constando, aproximadamente, de 5 cantos populares, 5 serestas, 6 suítes, 25 obras românticas, 2 cantatas para coro e violão, concertos para violão e orquestra, 4 fantasias e inúmeras peças para solo de violão, as quais constituem um dos maiores acervos dentre os compositores violonistas.
Apenas algumas de suas composições foram editadas pela editora Ricordi e Di Giorgio. Suas abordagens estilísticas voltam-se, por um lado, para o romantismo e, por outro, para a linguagem nacionalista.
Geraldo Ribeiro sempre optou por viver no interior paulista, procurando aproximar-se das manifestações autênticas da cultura folclórica.
Neste sentido, suas criações apresentam duas vertentes: uma voltada à música urbana e outra às manifestações da música erudita nacionalista, de inspiração folclórica, foco de sua maior atenção.
É o pioneiro da cátedra de violão do Brasil, da Universidade de Brasília, e, por muitos anos, foi professor do Conservatório de Tatuí, sendo responsável pela formação de grande parte dos professores atuais.
Influenciou e renovou, através de sua técnica e arte interpretativa, todo o movimento violonístico do país. Atualmente, dedica-se unicamente à carreira de concertista e compositor, na divulgação de seus clássicos preferidos e de suas mais importantes composições (apontamentos biográficos extraídos parcialmente do texto de Giovanni Matarazzo).