Não por acaso – e muito menos sem justificativa -, o jornal O Progresso tem insistido na convicção de que Tatuí pode e deve investir cada vez mais em seu potencial turístico.
Óbvio que muito ainda precisa ser feito, mas o primeiro passo já está consolidado: justamente a ideia de que a cidade possui, sim, atrativos, e que deles pode tirar grande proveito.
Outro aspecto animador é o de que, em paralelo aos atributos locais, também é consenso a necessidade de se criar novos pontos de interesse turístico, e planos para tanto não faltam.
Ainda – finalmente -, consolidou-se a inequívoca urgência de se explorar a tradição musical tatuiana como mote maior para um promissor projeto de efetivo turismo – isto, naturalmente, sem deixar ao largo os doces caseiros locais e as tradições caipiras da região.
A partir disso, o próximo desafio passa a ser o caminho entre os projetos e suas execuções, o qual passa por discussões – sempre intermediadas pelo Comtur (o Conselho Municipal de Turismo), seleção, formatação e encaminhamento de propostas aos órgãos competentes e, enfim, à obtenção e uso dos recursos – particularmente os reservados pelo programa estadual MIT (município de interesse turístico).
Portanto, com grande satisfação, tivemos a oportunidade de noticiar, na última edição do ano de 2018, a liberação das verbas para o início do que pode vir a ser uma revolução na área de turismo em Tatuí.
Por meio de convênios, as futuras obras com os recursos oriundos da classificação de Tatuí a MIT devem ser iniciadas a partir de março. A novidade foi anunciada pelo secretário municipal do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli.
Classificado como MIT desde 31 de maio de 2017, por meio de lei estadual, o primeiro convênio foi assinado em dezembro desse ano com o governo do estado. Porém, o valor de R$ 371 mil, a ser utilizado para reforma da praça Martinho Guedes, a Praça da Santa, ainda não foi liberado.
Isto ocorreu devido a uma ampliação no projeto de revitalização do espaço e por um novo convênio ter de ser assinado até o término do ano passado.
A assinatura do novo acordo ocorreu no dia 21 de dezembro de 2018, em São Paulo, no Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos), órgão da Secretaria de Estado de Turismo.
Ao lado de Sinisgalli, a prefeita Maria José Vieira de Camargo assinou convênio que disponibilizará à Prefeitura mais R$ 482,3 mil, os quais, somados ao contrato anterior, totalizam o montante de R$ 853,3 mil para a reforma da Praça da Santa.
O recurso é proveniente do Fumtur (Fundo de Melhorias dos Municípios Turísticos) e, a partir do momento da assinatura, a administração municipal possui prazo de cinco anos para a execução das obras.
A reforma da Praça da Santa, cujo projeto foi avaliado durante meses pelo Dadetur, contará com adequações no paisagismo e no mobiliário urbano.
De acordo com o secretário municipal, o espaço será “totalmente reformulado”, embora deva manter as características tradicionais, ganhando novo formato. “Vamos manter a Santa e o Pinheirão, mas vamos dar uma nova cara para o local”, prometeu.
“Queremos uma maior integração, com novas entradas e, ainda, utilizar o espaço como uma praça turística, para fazermos pequenos eventos culturais”, complementou.
O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Sérgio Gonzalez e, posteriormente, aprovado pelo Comtur. De acordo com o secretário, a ampliação do projeto de revitalização aconteceu porque parte da verba do MIT referente a 2018, que seria utilizada para a instalação de um totem turístico na avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali, precisou ser “transferida” para a Praça da Santa.
A construção do “Portal da Cidade” aconteceu fruto de parceria com o empresário Frederico von Ihering Azevedo, do Polo Industrial de Tatuí, e do Grupo von Ihering, que patrocinou a produção e a instalação do totem em uma das entradas do município.
Conforme Sinisgalli, o recurso do primeiro convênio assinado para a reforma da Praça da Santa já está reservado em uma conta, mas, por existirem dois projetos sobre a mesma obra, o Dadetur solicitou que a Prefeitura os adequasse em uma única proposta.
“Essa solicitação tornou-se melhor para a Prefeitura, pois agora podemos fazer apenas um processo licitatório para um único projeto”, apontou. O processo licitatório deve ser iniciado ainda em janeiro. “Acredito que, em março, já começaremos as obras”, declarou.
Sinisgalli lembra que todos os convênios com o Dadetur ocorrem da mesma maneira, disponibilizando-se a verba em duas parcelas: 50% entregues na metade da execução do projeto, mediante fiscalização, e o restante, após a conclusão da obra.
Ele reconhece, contudo, que o turismo possui uma verba “muito curta”. “Dá para estar fazendo as pequenas iniciativas, mas a verba do MIT vai potencializar projetos de maior volume”, argumenta.
O secretário se refere à infraestrutura dos equipamentos turísticos, com reformas e melhorias, para que a cidade seja adequada a receber mais turistas.
Para uma cidade ser MIT, deve ser chancelada, passando por processo de aprovação do Dadetur. Só então recebe verbas, todas exclusivas para o turismo. Conforme Sinisgalli, foi uma maneira que o governo do estado encontrou para as prefeituras investirem em turismo no interior.
“É uma verba destinada 100% para o turismo. Já ouvi pessoas falarem: ‘Nossa vai gastar dinheiro em placa, por que não gasta na Santa Casa?’. Mas, realmente, não pode”, enfatizou.
Sinisgalli afirma que, em conjunto com o Comtur, está se mobilizando quanto às exigências para que Tatuí deixe de ser MIT e venha a ser elevada a estância turística.
Ele revela que, a partir deste ano, o Dadetur começará a fazer novas classificações. Três municípios devem tornar-se estância turística, enquanto outros três deixarão de ser MITs.
“É como um campeonato de futebol: há possibilidade de conseguir o acesso à divisão superior, como também existe o risco de rebaixamento”, exemplificou.
Sobre projeções para 2019, o presidente do Comtur, Wagner Eduardo Graziano, observa que os recursos variam conforme a arrecadação do estado.
“Há um valor de R$ 580 mil até 700 mil para serem entregues aos MITs e, depois, serem utilizados nas cidades. Mas, ainda não sabemos o valor que virá”, apontou.
Conforme Graziano, da futura verba a ser disponibilizada, uma parte deve ser enviada à restauração da estação ferroviária. Segundo ele, novos estudos ainda serão realizados sobre o tema.
“De repente, a gente pode enviar uma parte da verba para outros projetos”, afirmou. “Na verdade, cabe ao Comtur apenas a aprovação do projeto. Não nos compete a fiscalização, mesmo assim, a gente fiscaliza”, completou.
Um outro convênio foi assinado recentemente pela prefeita Maria José. No dia 30 de novembro, ela esteve em São Paulo, no Dadetur, firmando acordo que disponibiliza o valor de R$ 149 mil ao município.
Assim que for liberado, o dinheiro deverá ser aplicado para a reforma e adequação de 37 placas de sinalização turística e confecção de 12 novas.
A sinalização turística identifica as vias e os locais de interesse, orientando os condutores de veículos quanto aos percursos, os destinos, as distâncias e os serviços auxiliares, além de ter como função a educação do usuário.
Não obstante, como maiores marcos deste ano, o turismo deve ganhar dois equipamentos fundamentais, os quais, sem qualquer dúvida, elevarão o potencial atrativo da cidade a outro patamar: a estação ferroviária revitalizada e o MIS (Museu da Imagem e do Som).
Como em todas as demais áreas no país, o turismo em Tatuí promete em 2019. Agora, é da promessa à prática!