‘Operação Acolhida’ tira mendigos das ruas e encaminha a familiares





AC Prefeitura / Evandro Ananias

GCM apoia o Departamento do Bem-Estar Social e Cidadania no projeto ‘Operação Acolhida’

 

O Departamento do Bem-Estar Social e Cidadania, em parceria com a GCM (Guarda Civil Municipal), concluiu etapa da “Operação Acolhida”, que dá assistência, alimentação, higiene, cuidados médicos e localiza parentes de moradores de rua. Os egressos recebem transporte para voltar às cidades de origem.

Até terça-feira, 8, aproximadamente 40 moradores de rua haviam recebido cuidados. Destes, nove precisaram ficar na Casa de Acolhimento de Tatuí, porque não foi possível, ainda, localizar parentes.

“Nós pegamos uma situação muito complicada, Tatuí é uma rota de andarilhos. Geralmente, eles vêm do Sul, para ir a São Paulo, e passam por aqui. Como temos boa assistência, com uma casa, onde eles têm cinco refeições diárias, conseguem tomar banho, trocar de roupa e são cuidados com dignidade, muitos resolvem ficar por aqui”, afirmou Márcio Fernandes de Oliveira, diretor do departamento.

De acordo com Oliveira, membros do departamento fazem levantamento de todos os moradores de rua, buscando nome, histórico, cidade e todas as informações relevantes para encontrar familiares.

Com os moradores de rua, eles buscam as informações possíveis, para conseguirem localizar as famílias. Mesmo somente com um telefone ou um lugar de origem, tentam encontrar parentes e conseguir documentos para enviar os andarilhos de volta.

Após a coleta de dados dos moradores de rua, a outra etapa é entrar em contato com parentes que não são da cidade, para conseguir enviá-los. De acordo com Oliveira, 60% dos mendigos eram de outras localidades.

“Existe uma prática muito comum na região, de pegar um morador de rua, colocar em um carro e levar para outro lugar. Então, você está simplesmente transferindo o problema. Por isso, decidimos fazer diferente, entramos em contato com as famílias”, explicou o diretor.

Todos os mendigos que tiveram os parentes localizados foram encaminhados para as cidades deles, após receberem cuidados na Casa de Acolhimento. Oliveira contou que havia gente até do norte de Minas Gerais.

“Nós alcançamos 75% dos moradores de rua de Tatuí, eles ficavam muito nas praças, faziam até fogueira para fazer o almoço deles. Era uma coisa que as pessoas se importavam, mas não conseguiam resolver”, afirmou Oliveira.

Segundo o diretor, as pessoas de outros municípios, que não tiveram parentes localizados pelo departamento, estão na Casa de Acolhimento, sem prazo para saírem de lá. No entanto, segundo Oliveira, é “uma questão pessoal” resolver o problema deles.

“Ainda vamos tentar localizar os familiares, não vamos desistir. Estão na Casa de Acolhimento somente para não ficarem na rua”, disse Oliveira.

As pessoas que são de Tatuí têm acionados os familiares daqui, os quais precisam tomar providências, pois possuem responsabilidade legal sobre os parentes.

Oliveira disse que é importante que os parentes não deixem as pessoas ficarem nas ruas, pois elas, muitas vezes, “incomodam e assustam a população”. Ele afirmou que muitos pedintes e mendigos possuem moradia fixa, mas passam o dia bebendo na rua.

O diretor também informou que, aos moradores de rua que possuem vício em álcool ou droga, a Prefeitura concede internação em clínicas de reabilitação.

Também há moradores de rua com problemas mentais, que, segundo o diretor, são colocados em clínicas especializadas.

“Se não fosse assim, eu não estaria junto, de verdade. O prefeito Manu (José Manoel Correa Coelho) tem um coração muito grande, e nunca me negou uma internação”, sustentou Oliveira.

Depois de feito o acolhimento, o projeto vai atender direto na rodoviária. “Chegou um novo morador, o assistente social vai até essa pessoa, pergunta de onde ela é e solicita que a pessoa siga viagem”, disse Oliveira.

O munícipe que perceber a chegada de novos mendigos pode avisar o Departamento ou a GCM, para que o trabalho seja feito e essas pessoas não fiquem nas ruas da cidade.

Há um projeto, em andamento, de um ponto de assistência social na rodoviária, para não deixar que moradores de rua permaneçam na cidade.

“Quando chegar algum morador de rua, já faz a triagem na própria rodoviária, leva até a Casa de Acolhimento, dá um banho, comida, assistência e já encaminha para a família ou deixa-o seguir viagem, porque a maioria é andarilho mesmo”, ressaltou Oliveira.

De acordo com o diretor, a parceria com a GCM está surtindo efeito. Ele também ressalta que, quando assumiu o departamento, “havia muitos moradores de rua na cidade e, agora, estão conseguindo resolver o problema”.

Oliveira apontou que o último foco onde pode haver moradores de rua concentrados é no Mercado Municipal. Contudo, sustentou, “membros do departamento estão trabalhando para retirá-los do local”.

“Além de ser ruim para a cidade, eles tomam banho na praça, incomodam, de certa maneira, a população. Ficam pedindo na rua, pedindo no comércio, é chato para eles e para a população. Então, queremos resolver a situação”, afirmou o diretor.

Para Oliveira, é uma grande satisfação fazer esse trabalho e reintegrar os mendigos às famílias. “Nós não vemos os moradores de rua, andarilhos, como pragas. São seres humanos que estão inseridos em um contexto de miséria, de abandono. Nós tentamos reintegrar com a sociedade”, explicou.

Ele argumentou que, apesar de ser uma política pública simples – de localizar a família e mandar de volta -, é uma ação muito importante para a sociedade e, principalmente, para os moradores de rua.

Oliveira apontou que o número de mendigos que chegam ao município diminuiu bastante, em cerca de 90%. “Eles mesmos falam, em outras cidades, que Tatuí não está permitindo mais mendigo em praças. Então, sabem que serão identificados ao chegarem aqui, e nem param”.

O diretor acredita que os moradores de rua que foram enviados aos familiares não voltarão mais à Tatuí. “Porém, se isso ocorrer, o trabalho será feito novamente e serão encaminhados aos parentes”, concluiu.