Cidade tem até 2016 para instituir plano





Cristiano Mota

Apresentação do coral composto por meninas atendidas pelo Lar Donato Flores abriu evento no dia 28

 

Praticamente seis meses é o que resta de prazo para Tatuí instituir o Plano Decenal dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente. O município tem até 2016 – ano no qual o PDDHCA deve estar pronto – para consolidar o instrumento, que vai estabelecer políticas públicas específicas para crianças e adolescentes.

Novas discussões e ideias para a confecção do documento foram apresentadas no decorrer do dia 28 de maio, durante a realização de dois eventos simultâneos.

Na data, o CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) organizou a 6a Conferência Lúdica e a 10ª Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Realizados pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Turismo, os encontros aconteceram no Lar Donato Flores, com início às 8h e encerramento às 17h.

Eles contaram com participação do presidente do CMDCA, Alessandro Bosso, e do secretário municipal da Indústria, Desenvolvimento Econômico e Social, Márcio Fernandes de Oliveira.

Também compuseram a mesa de autoridades o presidente do Conselho Tutelar, Luiz dos Santos Netto, o presidente do Lar Donato, João José Felício Júnior, e Júlia Ingrid Almeida e Jenifer Xavier dos Santos. A primeira ocupou assento como representante dos adolescentes e a segunda, representando as crianças.

A abertura teve início com execução do Hino Nacional pelo Coral do Lar Donato Flores, sob regência de Luís Gustavo Laureano, seguida de pronunciamentos. Primeiro a falar, o secretário da Indústria destacou o papel das instituições do município – presentes ao evento – no apoio ao trabalho social.

Oliveira voltou a mencionar, em público, que a administração municipal não teria condições de atender toda a demanda da cidade sozinha.

“Eu sempre falo, e não me canso de reafirmar, que, sem a parceria com a sociedade civil, seria impossível tocarmos a parte social da cidade. Exalto a todos e agradeço”, afirmou.

Ele também enfatizou a dedicação das equipes das instituições que atuam no trabalho com crianças e adolescentes. Oliveira disse que todas elas demonstram “amor no coração”, uma vez que “cuidar das pessoas é um ato de compaixão”.

“Sem o amor, não se consegue concluir nada. Eu não sou de Tatuí. Adotei-a como minha cidade. Vejo que, aqui, a sociedade civil tem amor pelas pessoas. Isso é gratificante, porque, sem amor, não realizaremos nenhum trabalho”, disse.

Com tema nos direitos humanos da criança e do adolescente, a 10a conferência municipal representou momento de reflexão para as entidades – que desenvolvem trabalhos com crianças e adolescentes – e aos órgãos responsáveis pela discussão e elaboração do PDDHCA.

É o que mencionou o presidente do CMDCA. Bosso disse que o encontro teve como uma das metas a elaboração do plano decenal. Por outro lado, também possibilitou o fortalecimento dos conselhos e instituições ligadas a esse trabalho.

A expectativa é de que o plano venha a suprir a demanda de políticas públicas constatada pelo CMDCA. Bosso considerou que é preciso haver melhorias no trabalho com crianças e jovens.

Também frisou que, apesar de haver muitas entidades na cidade que realizam ações para esse público, seria necessário mais engajamento.

“Precisamos de entidades que atuem com mais determinação. Também gostaria que os conselhos de direito trabalhassem com mais vontade ainda”, declarou.

Ele ainda ressaltou o trabalho desenvolvido pelo CMDCA, citando que ele abrange educação, saúde e assistência social. “Todos os outros conselhos, na verdade, estão dentro do nosso. Então, o CMDCA tem grande importância”.

Bosso explicou que a elaboração do plano decenal está a cargo de uma comissão intersetorial. Ela é formada por representantes de diversos conselhos do município.

O grupo ficou responsável por receber, discutir e filtrar as ideias apresentadas pelos representantes das entidades e pelas crianças e adolescentes, as quais serão acrescentadas ao documento a ser instituído.

Além das sugestões, as entidades participaram efetivamente da realização das conferências. O resultado foi considerado uma vitória pelo presidente do Lar.

Júnior mencionou que, sem o apoio das instituições e da Prefeitura, o Donato Flores não teria condições de preparar o local e recepcionar o público.

“Para nós, é uma honra e um prazer receber esse evento e poder acolher todos. Para o Lar, é importante e interessante também, porque transparece o nosso trabalho, aumenta a nossa credibilidade perante os parceiros”, argumentou.

Júnior declarou que a dedicação dos envolvidos demonstrou que todos “estão procurando evoluir”. “A intenção é essa, é fazer um projeto que melhore as condições que temos hoje. Sem falar no tema que é preciso ser discutido. Temos, sim, que batalhar bastante em cima dos direitos da criança e do adolescente, para um futuro bem melhor para a nossa sociedade”.

Convidada a falar, a representante das crianças agradeceu a oportunidade de participar do evento. Jenifer é uma das assistidas pelo projeto Lar Espaço Feliz.

Dona da “palavra mais importante do dia”, ela detalhou a rotina dentro da instituição e ressaltou que também aprende “valores que aplica na vida”.

A abertura seguiu com explanação pela assistente social Daniele de Campos Moraes Mendes. Ela ocupa o cargo de vice-presidente do CMDCA e, na ocasião, falou sobre o objetivo das conferências. Ressaltou a participação das entidades e disse que ficou contente por ver “as cadeiras cheias”.

Em seguida, os participantes acompanharam apresentações artísticas preparadas pelas instituições convidadas. No período da tarde, houve palestra do juiz da Vara da Infância e da Adolescência, Marcelo Nalesso Salmaso.