Banco do Povo facilita crédito aos pequenos empresários de Tatuí­





Cristiano Mota

Unidade do Banco do Povo Paulista funciona desde 2002 e possui linhas para PF e PJ

 

Desenvolvido pelo governo do Estado de São Paulo e executado pela Secretaria do Emprego e Relações de Trabalho, em parceria com as prefeituras municipais, o Banco do Povo Paulista é uma iniciativa de microcrédito ao setor produtivo, sendo destinada a autônomos, pequenos empresários e microempreendedores individuais.

Em Tatuí, o programa funciona desde 2002 e tem o objetivo de estimular a geração de renda, por meio da concessão de empréstimos a pequenos empreendimentos.

Os valores variam de R$ 200 a R$ 20 mil e podem ser financiados para os seguintes casos: abertura e regularização de empresas, compra de mercadorias (máquinas, equipamentos, matéria-prima e veículos – para trabalho), consertos de mercadorias, aquisição de animais e consumos agrícolas.

As linhas de crédito podem ser tanto para pessoa física (PF) como pessoa jurídica (PJ). Para a física, o prazo de pagamento é de até 36 meses; já para a jurídica, o prazo é de 24 parcelas mensais. As taxas de juros são de 0,35% ao mês, sem tarifas adicionais de liberação ou imposto de operação financeira.

Para ter direito ao benefício, é necessário que os interessados desenvolvam uma atividade produtiva, podendo ela ser formal ou informal; que tenham faturamento bruto anual de até R$ 360 mil; não possuam débito no SCPC, Serasa e Cadin; e, no caso de PF, residam ou tenham empreendimento no município há mais de dois anos.

Os documentos para o requerimento de crédito variam de pessoa física para jurídica, porém, em ambos os casos, é obrigatória a apresentação de RG; CPF dos sócios e cônjuges, se houver; comprovante de residência, certidão de casamento (ou averbação de casamento, em caso de separação, e atestado de óbito do companheiro, no caso de viúvo); e um orçamento do bem a ser financiado.

“Para dar entrada na solicitação, é necessário que o cliente tenha, também, um avalista, e tanto o fiador quanto o tomador do empréstimo devem comprovar renda e ter o nome limpo”, esclarece Lourdes Martins de Almeida, agente de crédito do Banco do Povo Paulista de Tatuí.

“Feito o requerimento, esse pedido passa por uma análise de crédito junto ao Banco do Brasil. Se aprovado, o tomador deve ir ao Banco do Povo para assinar o contrato de liberação do financiamento e, de lá, já retira os boletos bancários. O pagamento cai diretamente na conta-corrente individual do cliente”.

A demora para a liberação do crédito depende da quantia solicitada. Se o financiamento for acima de R$ 5.000, o processo pode levar mais de 60 dias. Já os créditos até R$ 5.000 podem ser liberados entre sete e dez dias.

No primeiro semestre do ano passado, 82 aprovações de crédito foram realizadas; entre janeiro e junho de 2015, apenas 66 pedidos foram liberados pelo Comitê de Crédito Operacional do Banco do Brasil.

A crise nacional, que elevou a inflação, ainda não teve impacto nos critérios para o requerimento de empréstimos. Porém, segundo Lourdes, essa medida pode ocorrer.

“Com a crise, o Banco do Povo não sentiu uma redução na procura de financiamentos, o que houve, na verdade, foi o aumento do número de inadimplentes, um crescimento de 8% a 10%, e nós não tínhamos tantos”, observa.

Lourdes ainda conta que até os clientes que nunca atrasaram o pagamento estão levando mais de dez dias para realizar o quitamento do débito, “mudança devida à alta inflação”.

Apesar do facilitamento para a abertura e manutenção de empresa aos microempreendedores, a agente acredita que, no momento, é necessário ter cautela.

“Nós conseguimos, sim, ajudar muita gente, mas que a crise está aí, ela está. Então, as pessoas devem pensar antes de abrir um negócio, fazer um planejamento. Deve-se pensar em qual é a possibilidade do empreendimento dar certo, ainda mais nesse momento”, avalia.

Além desse fundo de investimentos, o Banco do Povo tem outro programa, a “Casa Paulista”, que investe em reformas e reparos em imóveis da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Porém, só tem direito a esse financiamento os proprietários com o registro do imóvel em nome próprio e que não possuam inadimplência junto ao órgão (CDHU).

“Essa linha de crédito serve só para reformas e não para compra, e tem essa mesma taxa de juros de 0,35% ao mês. O valor (para empréstimo) chega até R$7.500, num prazo de até 36 meses para pagar”, conta Lourdes.

O programa, que funciona em Tatuí há quase três anos, segundo a agente, teve poucas adesões. “A Casa Paulista é interessante. Em Tatuí, inicialmente, houve procura, porém, havia muitos nomes em débito. Acredito que as poucas adesões são por falta de divulgação, mas, por outro lado, também porque as pessoas sejam inadimplentes na CDHU”, reflete.