Vinte e seis recebem certificados em formatura de ‘bombeiro mirim’





Paula Bragalda

Crianças durante aula, dinâmica e explicações sobre incêndio, ministradas pelo bombeiro educacional

 

Atenção, integração, dinâmica e diversão. É assim que as crianças aprendem com o curso de formação de “Bombeiro Mirim”. A iniciativa acontece há 15 anos e oferece certificados de participação às crianças, pelas atividades desenvolvidas.

A solenidade de formatura acontece nesta sexta-feira, 24, às 20h, no quartel do Corpo de Bombeiros. Ela contará com autoridades, pais e familiares dos meninos e meninas, conforme antecipou o cabo e coordenador educacional Daniel Fernandes.

Ele destacou que a solenidade militar, com canções e outras atividades, durará uma hora e meia. Haverá, também, simulações de incêndio, em que as crianças chegam com a viatura dos bombeiros.

O evento terá, ainda, exibição de vídeo sobre as atividades executadas por elas. “Em todas as saídas das crianças, havia um monitor que filmava as ações, justamente para exibirmos para os pais durante a formatura”.

O curso gratuito, que está na primeira edição de 2014, visa orientar as 26 crianças participantes sobre como agir em situações de risco, prevenção e combate a acidentes em incêndio, primeiros socorros e cidadania, além da convivência no dia a dia com os bombeiros.

O cabo informou que, dentro da corporação, existe um “quadro” chamado “bombeiro educacional”, que prevê que todos os quartéis tenham essa atividade, desde que haja estrutura e efetivo. “Recebemos uma ordem de São Paulo, que é para realizarmos esse curso de bombeiro mirim”.

Atualmente, em Tatuí, segundo Fernandes, atuam quatro bombeiros, sendo três do Estado e um do município. Durante o curso, eles se dividem entre os instrutores fixos e o cabo Fernandes: “Sargentos Henrique (incêndio), soldado Sérgio Luís (resgate) e soldados Alfredo, Giraldi Vagner”.

Ao todo, são dez dias de curso. As atividades fora da sala de aula (trilhas, salvamento aquático e aéreo, descida em poço e caminhadas de cinco horas) garantem a dinâmica do bombeiro mirim e o interesse das crianças.

“Elas já foram ao Sítio do Carroção, para recreação. Fizeram cabos de nós (em cordas), foram ao Clube de Campo e realizaram o salvamento aquático”.

Hoje, 22, no oitavo dia das atividades do grupo, o curso terá continuidade na Fazenda Ipanema, em Iperó. Lá, as crianças terão contato com a natureza, farão trilhas e passearão. Como as ações são contínuas, o Corpo de Bombeiros oferece às crianças um “café reforçado”, logo pela manhã.

Para participar do curso, a corporação divulga a data e o período de inscrições para os interessados e, em seguida, adota critério de seleção dos participantes. A escolha se dá por meio de uma redação sobre o tema: “Por que quero ser um bombeiro mirim?”.

“As crianças entregam as redações. Lemos todas e escolhemos aquelas as quais analisamos a grafia e notamos que o interesse em participar é da criança e não dos pais”, explicou o cabo Fernandes.

Comparado com anos anteriores, Fernandes acredita que a procura por vagas foi menor, devido à limitação de idade para participação. “Ano passado, tivemos procura de 60 crianças, das quais selecionamos 30. Em 2014, a procura diminuiu”, contou.

Na opinião dele, limitar a idade dos meninos e meninas, de 8 a 15 anos, para 11 a 13, garantiu qualidade de aproveitamento nos ensinamentos.

“Os adolescentes se dispersavam mais facilmente, não assimilavam muito, ou, às vezes, não se interessavam em colaborar com as dinâmicas de grupo”, explicou.

Trinta e duas turmas já passaram pelas edições anteriores do curso. Os assuntos discutidos pelos alunos mirins “são inúmeros e de muita variedade no aprendizado coletivo”.

“Os temas aprendidos envolvem civilidade, sociabilidade, militarismo, responsabilidades e horário para cumprir compromissos, além de primeiro socorros e prevenção de incêndios”, diz Fernandes.

Ele acrescenta que “as crianças devem aprender a respeitar o espaço das outras, conhecer as regras do quartel e ter contato com os bombeiros”.

O objetivo é estimular o senso de responsabilidade, de forma que as crianças saibam cumprir horário. “Se pedirmos alguma tarefa, eles têm que fazer”, ressaltou.

As aulas tiveram início no dia 13 deste mês e se encerram na sexta, com a formatura. Já a segunda edição do curso, que sempre acontece em junho, ainda não tem data definida. Os bombeiros também não sabem se realizarão a iniciativa no mês de junho, por conta da Copa do Mundo.

Conforme enfatizou o cabo a O Progresso, a falta de definição na data do curso do segundo semestre também se deve às mudanças da escala de trabalho da corporação, por conta do Mundial. “Estamos aguardando as alterações, para saber o que fazer com relação ao curso”.

O horário normal das aulas é das 8h às 12h. Contudo, ontem, elas aconteceram até às 15h, porque foram divididas entre incêndio e resgate. Nesta quarta, por conta da saída à Fazenda Ipanema, o curso será encerrado às 17h.

Dos 10 meninos e 16 meninas que fazem o curso, alguns já são veteranos e retornam ao quartel para ser voluntários e ajudar nas turmas posteriores.

Por vontade própria, Patrick Eduardo Antunes de Campos, de 11 anos, quer retornar como monitor. “Eu quero voltar, para ajudar os bombeiros”, disse.

Já Letícia Keiko Nunes de Campos, também de 11 anos, pensa em seguir carreira militar. Ela quer se tornar soldado do Corpo de Bombeiros, após fazer o curso. “Eu queria ser engenheira mecânica, mas acho que mudei de ideia”.

Os dois alunos participam pela primeira vez do curso e garantem que a iniciativa “de aprender mais” foi deles. Ambos dedicaram-se para poderem utilizar os ensinamentos das aulas, em benefício da família e conhecidos.

“Já sabemos o que fazer se alguém da família precisar, principalmente se estiver em situação de emergência”, afirmaram Patrick e Letícia.

Entre as modalidades de salvamento transmitidas, a que Patrick mais gostou foi a do aquático, que aconteceu no Clube de Campo. “Entramos na piscina, teve um simulado de resgate e o conteúdo sobre prevenção aquática”.

Quanto a Letícia, a aula mais surpreendente foi a de salvamento aéreo, com rapel – atividade vertical praticada com uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres, bem como em outras edificações.

“A atividade foi aqui, no quartel mesmo. Subimos a escada e descemos amarrados no rapel”, contou empolgada a garota. Ambos indicam o curso para os amigos, que, por algum motivo não puderam participar desta edição.

A reportagem de O Progresso permaneceu por algumas horas na sala de aula, durante a manhã de ontem, 21, e constatou que o bombeiro educacional divide o tempo entre vídeos e atividades práticas, além de distribuir uma cartilha com conteúdo ministrado na ocasião.

Na oportunidade, as crianças estavam com cordas amarradas ao corpo, as quais são chamadas de “cabo da vida”. Elas as utilizaram para “fazer nós eficientes” e que são empregados em situações de ajuda em um resgate, por exemplo.

Antes do término das aulas, para a quinta-feira, 23, estão previstas avaliações individuais e, na sexta-feira, o encerramento e formatura. O Corpo de Bombeiros mantém parceria com empresas e com a Prefeitura, de acordo com o cabo, para suporte do órgão.

“A Prefeitura nos ajuda em alguns pontos, como formaturas, assessoria e suporte de melhorias no quartel. Os outros parceiros são as empresas, que, inclusive, nos ajudam com alimentação para fornecermos às crianças no período das aulas”.