Tua infância cheia de encantos
vivida no verde vale coberto de hortas
– maravilha do engenho humano
a unir a cidade à Chácara do Chá –
já vai longe, muito longe.
As águas tranquilas do rio Anhangabaú
sumiram da face da terra
e foram-se esconder debaixo do asfalto
no leito que ninguém vê.
Foste a passarela de formosas mulheres
agasalhadas no luxo do inverno
ou abandonadas aos vapores estivais
na embriaguês do perfume inesquecível.
Foste, também, o palco fremente
das cívicas manifestações das multidões
indômitas a exigirem liberdade
com o canto heroico a encobrir
os trovões das bombas da ditadura!
Ó meu velho Viaduto do Chá!
Ainda me lembro daquele homem simples
do velho realejo e seu periquitinho sonolento
revelando a sorte de cada um…
A valsa antiga que vinha do realejo
para inundar o sacrário de minhas recordações
enquanto eu caminhava sozinho
perdido no meio da multidão…