Vamos bater bafo lá no Eloy Machado?

Bem, a vida passa e a vontade de voltar no tempo é grande, mas somente através das letras é que podemos pelo menos tentar resgatar os momentos e os tempos da nossa vida, sejam eles bons ou ruins.

Nestes dias passados, durante o 5º Tatuí Classic Car, que aconteceu no Centro Hípico de Tatuí, acabei me encontrando com o senhor Eloy Machado, seu filho Zé Eloy, nora Ana Cristina e as netas Ana Paula e Ana Flávia.

Ali me surgiu a ideia de contar e lembrar de uma época mágica dos colecionadores e apaixonados pelos álbuns de figurinhas, trocas e o principal divertimento nessa época, que era “bater bafo”!

E o que era essa brincadeira? E como se batia bafo? Era muito simples: cada competidor colocava uma figurinha sua no chão e, aí, fazia uma concha com a mão direita ou esquerda e tinha que bater em cima delas e fazê-las subir ou virar do lado colorido.

A cada batida, a figurinha que virasse passava a ser de propriedade daquele que conseguiu virar de lado. Porém, haviam alguns espertinhos que passavam “cuspe” na mão para virar mais depressa a figurinha.

Foi um tempo em que nós, praticamente, morávamos na Livraria Machado, que funcionava em um prédio bem no final da rua 11 de Agosto, no cruzamento com a rua Cel. Lúcio Seabra, onde hoje está a sorveteria Beijo-Frio.

E nós batíamos tanto bafo que até nascia calos nas laterais do dedão das mãos. Ali era o ponto de encontro dos colecionadores de figurinhas, que lá iam para tentar completar o seu álbum e bater bafo.

Mas, também quando se iniciava o período escolar, era lá, ou na Livraria Vieira, do casal Irma e Júlio Vieira, ou no Tacitinho, na rua 15 de Novembro (onde hoje está o 2º Cartório de Notas), ou, ainda, no bairro Quatrocentos, numa loja muito aconchegante, que era de propriedade do senhor Jano, ou nas do senhor Arnaldo da Xereta, senhor Irineu da Brasilândia, que nós íamos.

Bem, naquele tempo, não havia a facilidade de se comprar material didático como hoje, quando se encontra tudo em supermercados, internet e através dos folhetos publicitários distribuídos em todas as casas e caixas de correio.

E lá íamos nós, garbosos, com as listas de material didático para começarmos o ano letivo – pelo menos bem equipados com belos cadernos, canetas variadas e outras coisas mais.

Voltando aos álbuns, eram sempre com temas variados: animais, carros do mundo inteiro, aviões, flores, estrelas, jovem guarda e outros, pois não havia muitas imagens ilustradas, somente os livros escolares, as coleções “Tesouro da Juventude”, “Trópico”, “Tecnirama” e fascículos semanais.

Depois veio a Barsa e a Delta Larousse, que enchiam as estantes de todas as salas das casas de quase todos nossos amigos, em grandes bibliotecas, com seus livros e filetes dourados nas capas.

Com o surgimento da televisão, ela começou a disputar o lugar da sala com os livros. Mas, com a saga da televisão em Tatuí – mais precisamente na rua Santa Cruz, 137, na casa dos meus queridos e inesquecíveis pais Diógenes e Aparecida Voss -, nascia a Oficina do Mané Shazam, onde ele, mais os filhos Paulo, Mário, Juvenal, Fio e suas irmãs, moravam.

Sempre chegavam caminhões, motores para serem testados e, quando ele ligava um bendito esmeril, o chiado e os chuviscos invadiam as TVs e tchau: “Rin Tin Tin”, “O Vigilante Rodoviário”, “Bonanza”, “Pica-Pau”, a novela “O Direito de Nascer” e, quando seu Mané desligava, já havia passado mais da metade do filme.

E tudo isso nos fazia ficar batendo bafo pelas casas das vizinhanças, ou na Livraria Machado, até a noitinha, quando o “seu” Eloy, educadamente, pedia licença para aquela criançada, antes de baixar as portas.

Concluindo a nossa matéria de hoje, queremos frisar e deixar aqui o nosso abraço e agradecimentos ao senhor Eloy Machado, Rita, Zé Eloy e Maria Helena (que reside nos EUA), sua esposa Terezinha, companheira que sempre esteve ao seu lado e que, hoje, lá do céu e o estimula a continuar à frente de sua loja, os quais nos proporcionaram momentos inesquecíveis.

Atrás daquelas portas, naquelas prateleiras, naquele universo de brinquedos, Natais, nossas cabeças viajavam para o mundo de fantasia e alegrias da nossa bela e feliz infância.

E, para não perder o costume, que tal ir “bater bafo lá no Eloy Machado”? Ou ir ver os últimos lançamentos em brinquedos da Estrela, Atma e Trol?

Em tempo: Eloy Machado nasceu em Tatuí, em 1927, filho de Tomás Machado de Barros Junior e Adalgiza Toni Machado, com quem aprendeu os oficio do balcão e onde permaneceu 45 anos na loja onde hoje está a sorveteria Beijo-Frio. E, a partir de 1972, foi definitivamente para o endereço onde está até hoje, aos 92 anos, trabalhando e recebendo bem as pessoas, com muito carinho. Parabéns!!!!!

Abração a todos!