Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa-Cremesp 34.708 *
Ferramenta mais eficaz para prevenir casos de meningite bacteriana, a vacinação contra a doença ganhou reforços: dois novos tipos de imunização que protegem contra mais sorogrupos responsáveis por causar o problema.
Já autorizada há muitos anos nos Estados Unidos e em vários países da Europa, as aplicações da meningocócica B e da ACWY foram liberadas no Brasil no ano de 2015.
Juntas, são capazes de blindar qualquer pessoa contra a forma de meningite mais comum no país – a provocada pelo microrganismo conhecido como meningococo, que tem as variações A, B, C, W 135 e Y. Por enquanto, as vacinas estão disponíveis apenas na rede privada.
A “Neisseria meningitidis” (“meningococo”) é a bactéria causadora da meningite meningocócica e da meningococcemia, doença esta em que a bactéria invade a corrente circulatória e dissemina por todo o corpo, causando essa doença grave, que pode levar à morte em questão de algumas horas.
Esse é o agente que leva à forma mais grave da doença, podendo trazer sérias sequelas neurológicas e até ao óbito em pouquíssimo período de tempo. Além disso, até pouco tempo, só existia proteção contra o sorotipo C desse microrganismo.
Gratuita desde os anos 2000 e obrigatória aos três e cinco meses, com doses de reforço no primeiro ano de vida, a maioria das crianças brasileiras ficou imune a esse tipo de meningite (meningocócica C). Porém, o número de casos envolvendo os outros sorogrupos (A, B, W 135 e Y) cresceu. Hoje, o grupo B atinge 58% dos casos no Brasil, contra apenas 16% do grupo C.
Transmissão e sintomas
A maioria dos casos de doença meningocócica ocorre em indivíduos saudáveis. O frio característico desta época do ano pode favorecer a ocorrência da meningite. O perigo está na concentração de várias pessoas em um ambiente fechado.
Como a doença é transmitida por vias respiratórias, como gotículas e secreções (saliva, tosse, espirro ou beijo), o risco de ser contaminado pelas bactérias que causam o problema é maior.
Após a instalação do agente no organismo, os sintomas aparecem rapidamente – na maioria das vezes, em até 24 horas. A doença meningocócica possui sintomas iniciais inespecíficos, de difícil diagnóstico, podendo levar pacientes a óbito em até 24 horas.
Nos bebês, a moleira fica elevada e tensa, aparece uma febre alta, irritabilidade, e choro intenso podem ser os outros sintomas. Em outras faixas etárias, existe um quadro inicial de febre e mal-estar, dor de cabeça, vômitos intensos, rigidez na nuca, com dificuldade de aproximar o queixo do tórax.
À medida em que a enfermidade evolui, a pessoa pode ter confusão mental, convulsões, perda de consciência ou entrar em coma e evoluir rapidamente para a morte. Casos mais graves de meningite também causam alterações na circulação do sangue, que podem levar à necrose da pele. O paciente pode perder a orelha, dedos e até membros inteiros. O quadro infeccioso pode durar de sete a 30 dias.
No Brasil, dois a cada dez pacientes morrem por doença meningocócica. Mundialmente, até 20% dos sobreviventes podem sofrer importantes sequelas, como: comprometimento cognitivo (até deficiência mental), deficiência no desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência visual e até cegueira, convulsões, deficiência motora e até perda de partes do corpo como os membros superiores e/ou os inferiores.
Devemos também lembrar que a doença meningocócica não é uma doença específica só de crianças. Ela está presente e afeta todas as faixas etárias.
Veja o número de casos de doença meningocócica por faixa etária no Brasil em 2018:
Menores de 1 ano – 132; de 1 a 9 anos – 228; de 10 a 19 anos – 207; de 20 a 39 anos – 253; de 40 a 59 anos – 167; de 60 a 79 – 59; 80 anos ou mais – 14.
Tratamento
Agilidade no diagnóstico e tratamento médico são fundamentais para evitar tantos prejuízos. As ocorrências da meningite bacteriana devem ser tratadas o mais precocemente com antibióticos específicos e protocolados para os casos.
Mesmo assim, que receba todos os cuidados médicos e se trate num hospital “de ponta”, com UTI e tudo mais, se o paciente sobreviver, está sujeito a sequelas como paralisia, dificuldade para andar, falar, mutilação de partes do corpo e até retardo mental.
Prevenção
A vacinação contra a meningite B e as meningites A, C, W, Y estão somente disponíveis nas clínicas particulares de vacinação, sendo esta considerada a forma mais efetiva de prevenção contra a doença meningocócica. Outras formas de prevenção incluem usar máscaras e lavar muito bem e constantemente as mãos.
Fonte: http://www.casadevacinasgsk.com.br
* Médico pediatra com título de especialista em pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e membro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).