O que é a vacina contra HPV?
Existem duas vacinas contra o HPV. A bivalente (Cervarix) previne os tipos 16 e 18 e é aprovada no Brasil para meninas e mulheres a partir de nove anos. A vacina quadrivalente (Gardasil), além dos tipos 16 e 18, previne os tipos 6 e 11 e é aprovada no Brasil para meninas e mulheres de 9 a 45 anos e para meninos e homens de 9 a 26 anos.
A vacina funciona estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado e a sua persistência durante um longo período de tempo.
A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada, principalmente pelo pouco tempo em que é comercializada no mundo, desde 2006. Na verdade, embora se saiba que ela oferece ótima proteção, ainda é preciso determinar o seu impacto no longo prazo, do ponto de vista da saúde pública, sobre a incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero.
Em países como a Austrália, que adotam a vacinação desde 2007, conseguiu-se reduzir substancialmente os casos de verrugas genitais e de lesões pré-cancerígenas no colo do útero.
É importante destacar que a vacina contra HPV não substitui a realização regular do exame de citologia, Papanicolau (preventivo). Apesar de menos comum, outros tipos de HPV não contemplados na vacina podem causar o câncer de colo do útero.
Também vale lembrar que a vacinação não dispensa o uso de preservativos, que são capazes de evitar diversas doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, como o HPV é transmitido por meio do contato pele a pele entre as regiões genitais descobertas, os preservativos não eliminam a necessidade da vacina.
Vacina previne
O HPV (vírus do papiloma humano, na sigla em inglês) infecta cerca de 80% da população sexualmente ativa. Existem mais de cem tipos que atingem os seres humanos, dos quais, aproximadamente, 40 afetam o trato genital.
Eles são classificados em oncogênicos (que podem causar câncer) e não oncogênicos (que causam verrugas genitais). Entre os oncogênicos, destacam-se dois: 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero e pela maioria dos casos de câncer em outros sítios anatômicos, como boca, anus, pênis, vagina e vulva. Os tipos 6 e 11, não oncogênicos, são a causa de 90% das verrugas genitais.
De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o HPV é tido como o responsável por 100% dos casos de câncer do colo do útero; 91% dos casos de câncer anal; 75% dos casos de câncer de vagina; 72% dos casos de câncer de orofaringe; 69% dos casos de câncer vulvar; e 63% dos casos de câncer de pênis.
O Ministério da Saúde estima que ocorram 15 mil novos casos de câncer de colo de útero e 5.000 mortes em função da doença no Brasil todos os anos. Além disso, também anualmente, são registrados mais de 1,9 milhão de casos de verrugas genitais no país.
A vacina quadrivalente contra o HPV, oferecida tanto na rede pública quanto na rede privada, é capaz de prevenir 70% dos cânceres de colo do útero e 90% das verrugas genitais.
Indicações contra HPV
As sociedades científicas recomendam a vacinação de homens e mulheres, mesmo que já infectados, pois a vacina reduz reinfecções, recaídas e infecções por outros tipos de HPV.
O ideal, no entanto, é vacinar meninos e meninas a partir dos nove anos, antes do início da vida sexual, visto que cerca de 40% dos jovens são infectados pelo HPV em até três ou quatro anos após a primeira relação.
O Brasil e as demais nações que oferecem a vacina publicamente têm como objetivo diminuir a incidência do câncer do colo do útero, o terceiro que mais mata mulheres brasileiras. As meninas de 9 a 13 anos foram escolhidas como grupo porque, provavelmente, não tiveram contato com o vírus e porque respondem melhor à vacina.
Grávida pode?
Por ser uma vacina desenvolvida recentemente, ainda não existem estudos científicos suficientes que garantam a segurança da vacinação para grávidas. Por isso, esta vacina ainda é contraindicada a gestantes.
Apesar disso, nenhuma malformação fetal foi detectada em filhos de mulheres que não sabiam que estavam grávidas quando receberam a vacina. Quanto à amamentação, não há restrições.
Doses necessárias
A aplicação no SUS, atualmente, é feita em duas etapas. A segunda dose é aplicada depois de seis meses da primeira. O laboratório fabricante sugere três doses (zero – 1 mês – 6 meses). As mulheres vivendo com HIV entre 9 e 26 anos devem continuar recebendo o esquema de três doses (a segunda dois meses após a primeira, e a terceira seis meses após a primeira).
A mudança foi feita porque estudos recentes mostram que o esquema com duas doses apresenta uma resposta de anticorpos em meninas saudáveis de 9 a 14 anos não inferior quando comparada com a resposta imune de mulheres de 15 a 25 anos que receberam três doses.
As sociedades científicas, que visam à proteção individual, no entanto, não mudaram a recomendação: três doses para todos os públicos. Isso porque ainda não se sabe se a melhor resposta inicial se manterá no longo prazo.
Administração
A vacina contra HPV é administrada através de Injeções intramusculares no músculo deltoide no braço. Hoje, no Cevac, você encontra disponível somente a quádrupla (Gardasil), que protege os meninos contra as verrugas genitais e protege as meninas das verrugas e do câncer de colo de útero.
Fontes: Ministério da Saúde
* Médico com título de especialista em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria); membro da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e diretor clínico da Alergoclin Cevac – Clínica de Vacinação Humana.