Tumulto, revolta e comoção marcam o velório de menor





Momentos de tensão marcaram o velório do adolescente de 16 anos que faleceu após confronto com a Polícia Militar, ocorrido na noite de quarta-feira, 19 (reportagem nesta edição).

Parentes do menor desentenderam-se na tarde de quinta-feira, 20, dentro do Velório Municipal, durante a cerimônia de despedida. Eles também condenaram a morte do jovem, ao falar sobre o caso.

Olanda de Oliveira Silva, 68, tia do adolescente, disse que a família estava desolada. Ela mora em Itu, de onde uma parte dos parentes do menor veio para o sepultamento. O enterro ocorreu às 17h, no cemitério municipal Cristo Rei.

Segundo ela, o menor morava no Jardim Gonzaga com o pai e outros dois irmãos, uma mulher e um homem. Olanda contou que o sobrinho nasceu em Tatuí, passou um tempo em Itu e outro período da infância em Guareí.

O adolescente perdeu a mãe quando menino, sendo criado pelo pai. “O pai chegou a mandar ele para o sítio, porque ele andava com uma molecada que fazia coisa errada”, disse ela.

A tia afirmou, também, que o sobrinho havia passado um tempo em São Paulo, internado na Fundação Casa (antiga Febem). “Depois que ele voltou, aconteceu isso daí”, afirmou ela, referindo-se ao suposto envolvimento do menor com uma tentativa de assalto.

O irmão do adolescente, Elvis Aparecido Diniz de Oliveira, 24, cedeu entrevista à reportagem durante o velório, à tarde. No período da noite, ele foi encaminhado ao plantão policial por guardas civis municipais, por suspeita de ter tido participação nos incêndios a dois ônibus e a um micro-ônibus.

“Eu estava trabalhando em uma cerâmica quando fiquei sabendo que o meu irmão tinha morrido”, relatou. Elvis disse que, assim que soube do ocorrido, correu para verificar a situação do corpo.

Afirmou, também, que o irmão “não tinha envolvimento com o crime pesado”, e admitiu que, junto a ele, teria tido passagem policial por causa de droga.

Enquanto aguardava por mais parentes, Elvis disse que não sabia explicar as razões que levaram o irmão a ter participação no tiroteio com a polícia.

“Ele tinha só 16 anos. Talvez pudesse ter sido influenciado, mas não sei. Eu não posso dizer, porque fico só dentro de casa e, de lá, vou para o serviço”, falou.

O irmão relatou que o pai do menor ficou “muito triste” com a morte e que moradores do bairro revoltaram-se com a situação. “Ele era uma criança. Os ‘caras’ de 40 e poucos anos mataram uma criança. Não tem lógica”, contestou.

Elvis declarou que soube, ainda na quarta, que uma parte da população teria ficado com raiva e protestado contra o ocorrido. “Os ‘caras’ (os policiais militares que trocaram tiros com os suspeitos de roubo) jogaram bomba, afetou toda a população. Fiquei sabendo que o povo até queimou um ‘busão’”, afirmou.

Prima do menor que morreu no confronto, Luciana Diniz Melo disse estar inconformada. Conforme ela, a morte representou um choque para os familiares.

“Convivi um tempo com ele. Ele chegou a morar com uma tia minha, na cidade de Guareí. Era um menino muito bom. Não esperávamos que isso acontecesse”, afirmou ela.

Além de revoltados com a morte, os familiares desentenderam-se durante o velório. O pai do menor chegou a ser retirado do local, após discussão com a filha.