Trânsito vitima menos no 1º quadrimestre

Campanhas educativas realizadas no mês de maio (foto: divulgação)

O número de mortes causadas por acidentes de trânsito em Tatuí teve queda de 20% na comparação entre os primeiros quatro meses de 2019 e 2018, segundo relatório divulgado pelo Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito (Infosiga).

No ano passado, houve dez mortes; em 2019, o número caiu para oito entre janeiro e abril. Nos quatro meses, as mortes contabilizam vítimas que se envolveram em ocorrências tanto no perímetro urbano (dentro do município) como nas rodovias, que estão fora da zona urbana, mas no limite territorial.

A vítima mais jovem tinha 19 anos e era passageira de um automóvel. O acidente foi registrado em março. Já o mais velho morreu com 74 anos, no mês de abril. O homem, que era pedestre, foi atropelado por um automóvel enquanto caminhava pela calçada no Jardim Santa Rita de Cássia. A vítima teve ferimentos graves e morreu no local.

Conforme as estatísticas do sistema de informações, nos dois anos, morreram mais homens que mulheres vítimas do trânsito. Dos oito óbitos em 2018, de janeiro a abril, apenas um vitimou uma mulher. Ela tinha 48 anos e foi atropelada por ônibus no largo do Mercado Municipal “Nilzo Vanni”, na área central.

Já em 2019, todas as pessoas que faleceram em decorrência de acidentes envolvendo veículos leves, motocicletas, ônibus, caminhões e atropelamentos foram homens. As vítimas pertenciam a seis faixas etárias, com predominância de óbitos nas pessoas com idades entre 18 e 39 anos.

Nos quatro meses de 2019, o Infosiga registrou cinco mortes nessa faixa etária. Os demais acidentes deste ano vitimaram pessoas com idades entre 40 e 44 (uma), 50 e 54 (uma) e 70 e 74 (uma).

De acordo com o Infosiga, três das oito pessoas que perderam a vida nos primeiros quatro meses do ano envolveram-se em acidentes com motocicleta (37,5%). As ocorrências envolvendo automóvel vitimaram duas pessoas.

Já os acidentes com caminhão e pedestres se equivaleram, com uma ocorrência em cada classificação. Ainda, outro acidente não teve o veículo informado.

No mesmo período de 2018, os acidentes com motocicletas representaram 50% das mortes no trânsito, com cinco vítimas fatais. Outras três perderam a vida a pé, uma em acidente com caminhão e uma com automóvel.

Os dados do Infosiga são atualizados mensalmente pela Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros. As corporações encaminham dados do SioPM (Sistema de Informações Operacionais da PM), que soma os acionamentos de viaturas para atendimentos.

Conforme o diretor do Departamento de Mobilidade Urbana, Yustrich Azevedo Silva, três pilares contribuíram para a redução de mortes no trânsito: campanhas educativas, mudanças no trânsito e a fiscalização “intensiva”.

À reportagem, Silva destacou que, com as campanhas educativas, somente no mês passado, o departamento conseguiu alcançar mais de 6.000. Na ocasião, a pasta realizou o “Maio Amarelo”.

Durante o período de 6 a 25 de maio, equipes especializadas em trânsito realizaram atividades com 5.020 alunos da rede municipal de ensino, pedágios educativos com distribuição de panfletos para mil automóveis e “pit-stop” com orientações para 400 motociclistas.

O conteúdo das campanhas, geralmente, é voltado ao público infantil. Silva ressalta que “as crianças não são motoristas, mas isso, de forma alguma, as exclui como personagens do trânsito”.

“A cultura de qualquer povo é feita por meio da educação que você passa para as crianças. Se você já embutir desde cedo a informação de que, mesmo estando na preferencial, é necessário ceder e ter paciência, a gente vai formar uma cultura de trânsito mais decente em nosso país”, observou o diretor.

Silva ainda revelou que, além de educação preventiva para o público infantil, o departamento oferece um programa de palestras gratuitas voltadas a empresas.

“São temas variados, que vão desde orientações sobre direção defensiva até a legislação de trânsito. Quem tiver interesse é só vir aqui no departamento e solicitar, estamos abertos a efetuar este serviço”, completou.

O diretor lembra que as ações aconteceram com maior intensidade durante o mês passado, em razão da campanha nacional. Contudo, ressalta que palestras e distribuição de panfletos são realizadas durante todo o ano.

“A educação visa mudança no comportamento, além de uma melhora no trânsito e na percepção do condutor e do pedestre nas ações do dia a dia. São ações realizadas em vias públicas e em escolas municipais, com palestras orientativas que ocorrem durante todo o ano”, salientou.

Já a engenharia de tráfego se encarrega do planejamento. Silva explica que o departamento realiza estudos frequentes com relatórios que apontam como o deslocamento de veículos e pessoas deve funcionar em determinadas localidades.

“A gente verifica os pontos de conflitos em que ocorrem acidentes de trânsito sem vítimas, ou até mesmo com vítimas, e faz um planejamento de como podemos evitar que isso volte a acontecer”, comentou.

Depois da educação para o trânsito e da engenharia de tráfico, vem a fiscalização. Para o diretor, este último pilar é o mais importante. “Neste caso, também somos ferrenhos, até para que o motorista possa redobrar a atenção. Ele é o principal responsável pela segurança”, garante.

Segundo pesquisa do ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária), 90% dos acidentes ocorrem por falhas humanas – que podem envolver desde a desatenção dos condutores até o desrespeito à legislação.

Conforme o diretor, dentro do município, o excesso de velocidade, uso do celular, falta de equipamentos de segurança (como o cinto e capacete), viseira levantada, uso de bebidas antes de dirigir ou até mesmo dirigir cansado são alguns dos fatores que mais causam acidentes.

“Uma inflação corriqueira aqui em Tatuí é transitar com a viseira levantada. Quando o motociclista faz isso, ele não sabe o risco que corre. Se cair um mosquito no olho dele ou algo do tipo, ele pode perder o controle, causar colisão, quedas e outras situações. É uma das maiores causas de acidente”, acentuou.

O uso incorreto das rotatórias também aparece entre os principais índices de acidente dentro do município, segundo o diretor. “Muitas pessoas não respeitam quem está transitando pelas rotatórias, e é muito importante a gente falar e reafirmar que a preferencial é de quem está passando pela rotatória”, reforçou.

O departamento prevê campanhas de orientação para o uso correto do dispositivo e ainda deve promover, no próximo trimestre, a ação “Faixa Viva”, com orientações sobre o uso correto das faixas de pedestre.

Conforme Silva, a intenção é conscientizar os condutores sobre o respeito às faixas e à preferencial.

“Vamos fazer uma campanha maciça em cima disso, para que o condutor respeite a faixa de pedestres, tendo em vista que as pessoas que transitam a pé são as mais frágeis no trânsito, e ainda vemos muito desrespeito com este público”, destacou.

Segundo o diretor, o departamento está providenciando um molde no qual vai estará escrito: “Pedestre, para atravessar estenda a mão”. Estes dizeres vão ser fixados em todas as faixas de pedestre do município e, em conjunto, serão realizadas campanhas de conscientização.

“Vamos continuar fazendo campanhas de trânsito, com os condutores, com os motociclistas e pedestres, para que, quando chegarem à faixa de pedestre, já reduzam a velocidade e, quando verificarem que há um pedestre com a mão estendida, que deixem passar e deem preferência a ele”, enfatizou o diretor.

No estado

O número de acidentes fatais de trânsito também caiu no estado de São Paulo. Segundo o Infosiga, foram registrados 400 óbitos no mês de abril, queda de 15,1% na comparação com o mesmo período do ano passado (471 ocorrências).

O recuo dos índices foi observado em todos os modais de transporte e também em vias municipais e rodovias. Este é o terceiro mês consecutivo de reduções. No acumulado do ano, a queda é de 4,6% (1.605 vítimas fatais entre janeiro e abril, contra 1.683 em 2018).

O Infosiga também aponta redução dos índices em 10 das 16 regiões administrativas do Estado, sendo que em duas os índices permaneceram estáveis (Santos e Registro).

Houve queda nas regiões Metropolitana de São Paulo (19%), Campinas (18%), Sorocaba (8%), São José do Rio Preto (18%), Bauru (40%), Central (26%), Presidente Prudente (43%), Araçatuba (60%), Franca (20%) e Itapeva (13%). Os aumentos aconteceram nas regiões de São José dos Campos (9%), Ribeirão Preto (6%), Marília (50%) e Barretos (75%).

Entre os acidentes em que foi possível identificar com precisão o local da ocorrência, a maior parte aconteceu em vias municipais (55%), enquanto (45%) foram em rodovias. Acidentes fatais em ruas e avenidas tiveram redução de 16,2%. Nas rodovias que cortam o estado, foi registrada redução de 8,9%.

Os novos dados do governo de São Paulo revelam que as reduções aconteceram em todos os modais de transporte. A mais expressiva se deu entre os motociclistas (23,5%), com 127 ocorrências em abril deste ano contra 166 no mesmo período do ano passado. Já entre os ocupantes de automóveis, a redução foi de 12,1% (94 casos contra 107).

Fatalidades entre pedestres também seguem em queda (3%), com 128 ocorrências em abril deste ano contra 132 em 2018. Também houve redução de 8,6% nas fatalidades entre ciclistas, com 32 casos registrados (35 em abril de 2018).

O perfil da vítima de acidente no estado é homem (81,5%), condutor do veículo (53,3%) e jovens com idade entre 18 e 29 anos (22,5%). Os acidentes estão concentrados no período da noite (49%) e nos finais de semana (42,5%).