Trabalho e a Sociedade!

Raul Vallerine

Exercer com sabedoria, cuidado e dedicação uma tarefa que lhe foi confiada é dever de todo trabalhador honesto. Valorizar o trabalho e colocar sentido naquilo que se faz não te faz apenas um bom funcionário, mas uma pessoa melhor.

O trabalho é a atividade por meio da qual o ser humano produz sua própria existência. A ideia não é que o ser humano exista em função do trabalho, mas é por meio dele que produz os meios para manter-se vivo.

Tomemos como exemplo o rápido processo de mudança que atingiu os países europeus no início do século XVIII, o qual hoje chamamos de Primeira Revolução Industrial. As relações de trabalho, anteriormente, eram fortemente agrárias, constituídas dentro do âmbito familiar.

O ofício dos pais era geralmente passado aos filhos, o que garantia a construção de uma forte identidade ligada ao labor a que a pessoa se dedicava.

O indivíduo estava ligado à terra, de onde tirava seu sustento e o de sua família. A economia baseava-se na troca de serviços ou de produtos concretos, e não no valor fictício agregado a uma moeda.

Da mesma forma, o trabalho também estava agregado à obtenção direta de bens de consumo, e não a um valor variável de um salário pago com uma moeda de valor igualmente variável.

A estrutura social era rígida, com pouca ou nenhuma mobilidade para os sujeitos, ou seja, um camponês nascia e morria camponês da mesma forma que um nobre nascia e morria nobre.

As mudanças trazidas pelo surgimento da indústria alteraram profundamente o sentido estabelecido para o trabalho e para a relação do ser humano com ele.

A impessoalidade nas linhas de montagem que a adoção do veículo trouxe, em que milhares de pessoas amontoavam-se diante de uma atividade repetitiva em uma linha de montagem, sem muitas vezes nem ver o resultado de seu esforço, passou a ser a principal característica do trabalho industrial.

As transformações de nossas relações de trabalho não pararam na Revolução Industrial, pois ainda hoje o caráter de nossas atividades modifica-se. Contudo, as forças que motivam essas mudanças são outras.

A globalização é um dos fenômenos mais significativos da história humana e, da mesma forma que modificou nossas relações sociais mais íntimas, modificou também nossas relações de trabalho.

A possibilidade de estarmos interconectados a todo momento encurtou distâncias e alongou nosso período de trabalho.

O trabalho formal remunerado, que antes estava recluso entre as paredes das fábricas e escritórios, hoje nos persegue até em casa e demanda parte de nosso tempo livre, haja vista a crescente competitividade inerente ao mercado de trabalho.

A grande flexibilidade e a exigência por uma mão de obra cada vez mais especializada fazem com que o trabalhador dedique cada vez mais tempo de sua vida para o aperfeiçoamento profissional.

Os trabalhadores que, até um passado recente, procuravam ocupações como meios de subsistência, que lhes proporcionasse apenas o suficiente para satisfazer suas necessidades básicas.

O trabalhador contemporâneo mais jovem, procura encontrar na sua profissão um meio de afirmação de sua competência, uma forma de demonstrar seu valor para o mundo que o cerca.

O trabalho desempenha um papel fundamental na vida das pessoas e na sociedade como um todo.

Além de fornecer um meio de subsistência, também é uma fonte de realização pessoal e profissional, contribuindo para a autoestima, a autoconfiança e a sensação de propósito.

Na sociedade, o trabalho é essencial para o desenvolvimento econômico e o crescimento sustentável. Gera renda e riqueza, promove a distribuição de recursos e o aumento do bem-estar social.

Além disso, é responsável pela inovação e pelo avanço tecnológico, impulsionando a competitividade e a produtividade.

No entanto, a importância do trabalho vai além do aspecto econômico. É uma forma de contribuir para a sociedade, de criar valor e de fazer a diferença na vida das pessoas.