‘Temo bastante pela real situação da Prefeitura’, afirma Maria José

 

Eleita prefeita de Tatuí com 51,38% dos votos válidos (29.465 votos), a empresária Maria José Vieira de Camargo já iniciou os compromissos de governo. Na manhã seguinte à divulgação dos resultados do pleito, segunda-feira, 3, ela falou à reportagem de O Progresso.

Na ocasião, Maria José comentou sobre o resultado das eleições, as prioridades da campanha (na qual afirmou ter explorado o “corpo a corpo”) e evitou falar em mudanças.

A prefeita eleita explicou que precisa de dados – a serem repassados pela atual administração em reuniões de transição – para estudar quais ações devem ser implantadas e quais podem sofrer alteração.

Ela também respondeu a questões envolvendo funcionalismo público (eventuais mudanças em cargos, principalmente, de comissão) e frisou que terá autonomia total para administrar Tatuí.

Com a maioria na Câmara Municipal (10 dos 17 vereadores eleitos são da base dela), Maria José projeta que deve ter facilidade na aprovação de matérias essenciais ao Executivo.

Sem citar nomes, antecipou como funcionará o Fundo Social de Solidariedade. Por fim, falou que aguarda o início do processo de troca de governos.

Alçada a candidata em substituição ao marido, o ex-prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, Maria José recebeu 27,09% mais votos que o segundo colocado. Ela obteve 29.465 votos contra 19.926 do prefeito José Manoel Correa Coelho, Manu, concorrente do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro).

A empresária assumiu a candidatura indicada pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). O partido temia que a indecisão com relação ao pedido de registro da candidatura do ex-prefeito pudesse prejudicá-lo nas urnas.

A candidata teve menos de 20 dias para efetivar a campanha – menos da metade que os outros três concorrentes. O período eleitoral durou 45 dias.

Em 18 dias de campanha, Maria José priorizou comícios, visitas a empresas e a bairros. A candidata preferiu não se expor (não participou de debate e entrevistas). Em todos os casos, citou os compromissos anteriores e a opção por apresentar-se junto à população.

Por essa postura, recebeu críticas no final da campanha. Entretanto, Maria José citou que será sempre participativa e que vai, ao longo de sua gestão, estabelecer um canal de comunicação mais estreito com a população, seja por redes sociais, seja pela imprensa.

“Não era o meu propósito entrar numa campanha, como foi essa pela qual passamos, muito curta, e, em seguida, em debates. A minha prioridade era passar as nossas propostas de governo para a população. E o povo, realmente, aplaudiu. Tanto que me concedeu o privilégio da votação”, disse a prefeita eleita.

Para a vitória nas urnas, a ex-primeira-dama do município contou com o marido e o candidato a vice-prefeito, Luiz Paulo Ribeiro da Silva, também do PSDB. Juntos, eles conquistaram mais votos que os três concorrentes somados.

No total, 27.879 pessoas votaram em Manu, em José Guilherme Negrão Peixoto, Guiga Peixoto, do PSC (Partido Social Cristão), e em Rogério de Jesus Paes, Rogério Milagre, do PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro).

O resultado expressivo nas urnas – de quase 30 mil votos – devolveu aos tucanos o controle do Executivo, do qual saíram em 2012. O desempenho do partido, no entanto, não é considerado “um fenômeno político” pela prefeita eleita.

Maria José disse que a vitória é “uma resposta da população ao modelo atual de gestão”. Conforme a empresária, o povo de Tatuí “está cansado de esperar”.

“O que eu mais senti nas ruas, durante o período de campanha, é que, nesses três anos e dez meses, a população se cansou da política que mais falava que fazia. E o político que é bom sabe que não basta falar, tem que fazer”, afirmou.

Questionada sobre eventual mudança no modelo de administração do Executivo – que reduziu secretarias –, a prefeita eleita se limitou a dizer que fará estudos.

Também sustentou que a diferença que vai separar o governo dela do atual é a “estrutura”. “O nosso modelo é participativo, em equipe”, apontou.

“Estamos pensando, ainda, em como fazer melhor. Entretanto, entendemos que é muito cedo para avaliarmos as questões de redução ou aumento de secretarias, redução ou aumento de funcionários comissionados”, disse Luiz Paulo.

O vice-prefeito ressaltou que a prioridade da nova equipe de governo é conhecer a real situação do Executivo, em especial, as finanças. Passado esse estágio, o PSDB definirá o “melhor caminho”. “No momento, não podemos dar uma resposta mais precisa, até porque nos faltam dados concretos”, argumentou.

A mesma mecânica será adotada pela equipe do novo governo com relação aos servidores. Maria José e Luiz Paulo refutaram a alegação de que haverá “perseguições aos funcionários”.

“Esse tipo de ação não é do nosso feitio. Nós vamos conversar e, a partir das competências, alocar os funcionários nas posições mais benéficas para a administração”, disseram.

Conhecida pelo trabalho junto ao Fundo Social de Solidariedade – órgão que comandou por oito anos –, a prefeita eleita também enfatizou que terá “total autonomia para administrar o município”. Ao mesmo tempo, frisou que se cercará de pessoas com competência técnica.

“Ninguém administra sozinho, mas em equipe e com pessoas com pleno domínio e experiência em suas áreas. Vou administrar, sim, e com muita firmeza”, garantiu.

Um dos primeiros desafios da prefeita eleita diz respeito à normalização dos serviços de saúde (entrega de remédios, redução do tempo de espera para consultas, exames e cirurgias eletivas). Para esse trabalho e a realização do plano de governo, ela deverá contar com apoio da maioria na Câmara Municipal.

No panorama atual, conforme os resultados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a empresária terá pelo menos uma dezena de vereadores ao lado dela. Mesmo assim, Maria José antecipou que vai priorizar o diálogo com os parlamentares.

Ela reforçou, ainda, que o relacionamento deverá ser facilitado pelo novo modelo de governo. O programa do partido inclui a implantação de um sistema de informação – “quase que em tempo real” – sobre arrecadação e gastos do Executivo. A ideia é colocá-lo em prática no decorrer da administração.

Bem antes disso, Maria José deverá anunciar os nomes dos profissionais que comporão a equipe dela. Entre as novidades, estará a nova presidente do Fundo Social. “Nós ainda estamos pensando, mas vamos escolher alguém que já trabalhou conosco e que tenha capacidade para administrá-lo”.

Até a primeira quinzena deste mês, a prefeita eleita espera começar o processo de transição com o atual governo. As reuniões são previstas em lei municipal, aprovada em 2012 pelo então prefeito Gonzaga. Elas permitem aos gestores a troca de informações que garantem continuidade de programas e convênios.

De antemão, Maria José disse que está “receosa com o resultado dos encontros”. “Temo bastante, mesmo, pela real situação da Prefeitura”, finalizou.