Tatuianos são avaliados em Curitiba por sonho de seleção ao Flamengo

Da reportagem

Os garotos tatuianos aprovados em “peneiras” realizadas pelo Trieste Futebol Clube na região, em fevereiro, seguem em busca do sonho de se tornarem atletas profissionais. Nesta etapa, eles realizam novas avaliações técnicas em Curitiba (PR), na sede do núcleo de captação de atletas ao Clube de Regatas do Flamengo.

No dia 18 de fevereiro, o município recebeu peneira organizada pelo Trieste – clube de base de Curitiba –, que possui parceria com o Rubro-Negro carioca na captação de jovens talentos, com apoio do Bom de Bola e da Arjalita (Associação Recreativa Jardim Lírio Tatuí).

O estádio Toca da Coruja sediou as peneiras a meninos e meninas das categorias sub-10 (nascidos em 2010 e 2011), sub-12 (2008 e 2009) e sub-14 (2006 e 2007). O Trieste enviou ao município o observador técnico Nelson Kuroki e o diretor Rafael Stival.

Devido ao início do ano letivo de 2020, as avaliações aconteceram no período da manhã e da tarde, reunindo cerca de 200 atletas. Além de tatuianos, participaram garotos de Cesário Lange, Cerquilho, Guareí, Torre de Pedra, Laranjal Paulista e Boituva.

Na ocasião, dez tatuianos foram selecionados. Nove deles são do Bom de Bola: Luiz, Rafael, Cassiano e Fabiano, da sub-10; Kaíque, da sub-12; e Daniel, Gabriel Baldini, Diego Bigu e Eduardo de Oliveira Gonçalves, da sub-14. O atleta Paulinho, da Associação Atlética XI de Agosto, também havia sido aprovado na sub-10.

Na mesma semana, o Trieste ainda promoveu avaliações em outras cidades da região, como Itapetininga, Laranjal Paulista, Porto Feliz, Sorocaba e Itu – onde Vítor Mateus Silva Martins, o Vitinho, foi mais um garoto tatuiano selecionado.

Os jovens pré-aprovados nas peneiras da região ficam, inicialmente, uma semana em Curitiba, nas dependências do Trieste, para novas avaliações. O período na capital paranaense é custeado pelo Trieste e pelo Flamengo.

Em março, o zagueiro Gonçalves, o lateral-direito Bigu e o lateral-esquerdo Baldini foram os três primeiros jogadores do município a irem ao Trieste.

Gonçalves foi o único tatuiano selecionado na etapa de avaliação da categoria sub-14. No entanto, devido à pandemia, a ida dele a Curitiba em definitivo só aconteceu em 30 de agosto.

Renise de Oliveira, mãe de Gonçalves, conta que o filho sempre gostou de futebol e, desde os oito anos, defende o Bom de Bola. Segundo ela, inicialmente, Gonçalves queria ser atacante, porém, trocou de posição após as orientações do idealizador da equipe tatuiana, o ex-zagueiro Diego Barros.

Disputar a Taça Band de Futebol de Base pelo Bom de Bola, conforme Renise, ajudou Gonçalves a ter uma oportunidade na Ponte Preta. Em 2017, ele atuou pelo time sub-11 campineiro e retornou, no ano passado, à equipe sub-13. Contudo, o zagueiro foi dispensado por não ter idade para ficar alojado, pois ele faz aniversário em dezembro.

Renise diz ser gratificante ver o filho se destacando pelo talento. Na torcida, ela revela sentimento misto de orgulho e saudade. “Só tenho a agradecer ao esporte que, graças a Deus, o levou para um bom caminho. Não é utopia dizer que nunca será só futebol”, ressaltou a mãe.

Na semana passada, Vitinho esteve no Trieste, realizando treinamentos. A mãe dele, Márcia Francisca da Silva Martins, afirmou ainda não ter recebido o resultado oficial.

Porém, o diretor do núcleo oficial de captação do Flamengo, Stival, disse a O Progresso que o tatuiano de dez anos será convidado para uma nova avaliação, em Curitiba, até o final do ano.

De acordo com Márcia, a relação do filho com o futebol é “natural”, sem qualquer influência de familiares. Segundo ela, tudo que ele faz é relacionado ao futebol, como em jogos de videogame, vídeos no YouTube, aulas livres na escola e na garagem da casa.

A mãe conta que Vitinho pediu para jogar no campo, aos seis anos, como prática esportiva e, depois, começou a interessar-se por peneiras.

“Ele decidiu que o que era um lazer seria a profissão dele. Eu e o pai resolvemos apoiar, desde que estivesse tudo ‘ok’ na escola. O Vitinho faz a parte dele, se dedicando na escola e nos treinos, e nós o levamos aos treinos, competições e peneiras”, expôs.

Márcia reconhece desejar que o filho seja aprovado nas avaliações do núcleo de captação do Flamengo, porém, não pressiona o garoto, de dez anos.

“Conversei com ele para deixá-lo confortável. Disse que seria uma grande experiência, e o importante seria ficar satisfeito com o que tinha apresentado durante a semana”, revelou.

“E foi exatamente o que aconteceu. Ele não sabia se havia passado à próxima fase, mas estava feliz com tudo que viveu e apresentou. Para mim, isso já fazia valer todo o sacrifício”, complementou.

Vitinho foi para Curitiba acompanhado dos pais e duas irmãs dele, onde ficaram com uma avó. “Todo mundo sacrificou um pouco. Porém, tudo depende da determinação da criança e não da vontade do pai. Ele quer, nós só apoiamos. Os dias em Curitiba não foram levados como uma colônia de férias, mas como uma oportunidade para a vida, apesar de ser uma criança”, completou a mãe.

Os outros sete garotos tatuianos aprovados na peneira realizada no município estão com data marcada para viajarem a Curitiba. Eles permanecerão sendo avaliados pela equipe do Trieste, entre os dias 5 e 9 de outubro, com o intuito de, futuramente, serem atletas do Flamengo.

Trieste

Há 15 anos, o Trieste Futebol Clube realiza o processo de captações de jovens jogadores de futebol. De acordo com Stival, neste período, a equipe de base encaminhou mais de 200 atletas a diversos clubes do Brasil.

Ele afirma que o Trieste trabalhou por cinco anos diretamente ligado ao Club Athletico Paranaense. Porém, em 2018, o clube decidiu encerrar a parceria e o Flamengo contratou o Trieste no dia seguinte.

De acordo com Stival, são avaliados, em média, 2.000 atletas por ano, de todo o Brasil, além de jogadores do Uruguai e da Argentina. “Depois, fazemos algumas seleções e os melhores nós trazemos para cá e encaminhamos ao Flamengo”, apontou o diretor.

Em cerca de ano e meio de parceria (o Trieste permanece quase seis meses com as atividades suspensas, devido à pandemia), segundo Stival, cerca de 30 atletas foram encaminhados às categorias de base do Rubro-Negro carioca.

“Lógico que eles irão fazer todo um processo e, daqui quatro ou cinco anos, irão começar a aparecer na equipe profissional do Flamengo. Porém, alguns dos nossos destaques já são atletas consagrados e estão muito bem no futebol”, declara Stival.

O Trieste é responsável por revelar: Luccas Claro, zagueiro do Fluminense; Zé Rafael, meio-campista do Palmeiras; Marcos Guilherme, atacante do Internacional; Léo Pereira, zagueiro do Flamengo; e Renan Lodi, lateral-esquerdo do Atlético de Madrid, da Espanha, e convocado, na sexta-feira, 18, pelo técnico Tite à seleção brasileira.