Da redação
O cenógrafo, artista plástico e professor Jaime Pinheiro participa do “Ocupa OFFflip – Cultura de Paz”, que acontece entre estes dias 24 e 28, nessa cidade do estado do Rio de Janeiro. A iniciativa artística é parte da Off Flip, já em sua 20ª edição.
Diversas apresentações acontecem durante o evento, que “promete ser um momento significativo de reflexão, diálogo e celebração, inspirando a comunidade a se unir por um mundo mais pacífico e inclusivo”.
Pinheiro assina o cenário do espetáculo “Paisagens Sertanejas de Confins bem Brasileiros”, a ser encenado no próximo sábado, 27, à 21h, na Casa da Cultura, baseado no livro independente “Motivo & Recompensa – Retratos Geopoéticos”, lançado na Off Flip 2023.
O tatuiano foi convidado a integrar o projeto teatral pelo autor do livro, arquiteto, poeta, analista ambiental e sertanista Chico Livino. O segundo capítulo da obra, inclusive, é homônimo à apresentação desta versão de adaptação do livro.
Dedicado a “promover o encantamento pelos parques nacionais brasileiros e pelas espécies da fauna que neles vivem, “Paisagens Sertanejas” retrata “santuários naturais” em forma de poemas, fotografias, desenhos e canções.
Essas obras, além de darem enredo ao espetáculo, estão presentes no livro, em formato de QR-Codes, disponíveis em todas as plataformas digitais de música.
Cada um dos biomas nacionais é abordado pela prosa poética do autor, “para, logo em seguida, serem retratados em canções, que exploram uma estética bem miscigenada entre os ritmos brasileiros, o rock e o erudito”, descreve a produção.
As canções são interpretadas, inclusive, por músicos formados no Conservatório de Tatuí, juntando Jaquie Livino no baixo e cantos, o trompetista argentino Leandro Agustin e a percussionista Victoria Starck, além do violonista e guitarrista carioca Marcio Vianna, já acostumado a acompanhar Livino nas edições anteriores da Off Flip.
“À linguagem poético-musical, se indissocia o forte apelo visual do espetáculo, essencial ao encantamento, que explora e amplia a rica iconografia presente no livro, projetando em grandes formatos o vasto acervo fotográfico de Livino, colhido ao longo de seus mais de 20 anos dedicados às unidades de conservação do país”, segue a produção.
As fotos e desenhos são o centro da cenografia que os emoldura, assinada por Pinheiro, descrito pela produção como um virtuose da arte cenográfica, em especial quanto a seus “mágicos bonecos, traduzindo a fauna brasileira de maneira interativa, ampliando a interface entre arte e plateia”.
Com um repertório composto de 11 canções, entremeadas por poemas e textos extraídos do livro, o espetáculo tem cerca de uma hora e 15 minutos e propõe “o encantamento como uma política pública para a conservação da natureza, além de uma política pessoal para o bem-estar no (e do) planeta Terra”.
“Vou criar um cenário básico para o teatro do de Paraty, onde acontecerá o espetáculo musical do Francisco Livino. Será baseado nas referências fotográficas desse artista, que também é um excelente fotógrafo”, conta Pinheiro.
“Será confeccionado com materiais reciclados e reaproveitados, para se engajar nas questões ecológicas do projeto. E também confeccionarei alguns animais/bonecos para o espetáculo e para o cortejo, representando alguns biomas brasileiros”, acrescenta o artista.
Livino conheceu os trabalhos de Pinheiro por redes sociais e notou a confecção de bonecos do tatuiano, como os de passarinhos e, em especial, o de um tatu, que têm movimentos. Então, convidou-o a fazer alguns trabalhos para o espetáculo ainda em estágio de projeto.
Na sequência, o diretor – que também é analista da área de meio ambiente -, acabou vindo do Rio de Janeiro à região de Tatuí, por uma questão familiar, e ambos se conheceram pessoalmente, quando então o autor reconheceu também em Pinheiro a afinidade com as causas ambientais.
“Essa é minha forma de trabalhar: respeitando materiais, utilizando reciclagem e reaproveitamento”, afirma Pinheiro. O cenógrafo ainda reforça não usar materiais poluidores.
“Desde há muitos anos tenho esse pensamento e essa linha de trabalho, de respeito à ecologia”, acentua Pinheiro, indicando mais um motivo pelo qual fora convidado a integrar o projeto fluminense.
Para a produção do cenário, Pinheiro contou estar utilizando materiais “simples” e apropriados para as montagens e desmontagens comuns em ocupações rápidas de palco, particularmente por se tratar de um festival, com vários espetáculos.
Como haverá o uso de projeções, com as fotos do diretor, o cenógrafo tatuiano descreve que fará um “endereçamento lateral” para “emoldurar” as imagens. “Será uma composição cenográfica bastante eficiente e simplificada”, antecipa.
Com relação à participação no espetáculo, Pinheiro comenta ter ficado muito satisfeito. “Sou muito simpático a essa causa, à questão ecologia. Sempre fui apaixonado pela natureza, e esse trabalho que o Chico faz é muito sério e respeitado”, sustenta.
“Ser convidado foi também um reconhecimento ao meu trabalho. Fico muito feliz com isso. Portanto, neste momento, vamos fazer o melhor possível, até porque, para esse trabalho em Paraty, o tempo foi bem curto”, conclui Pinheiro, antecipando que o projeto tem planos de continuidade.