Da reportagem
O Partido dos Trabalhadores (PT) homologou a candidatura a deputado federal do vereador tatuiano Eduardo Dade Sallum para o pleito de 2022, a ser realizado em 2 de outubro.
Sallum é formado em ciência política e sociologia pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), de Araraquara. Atualmente, está no segundo mandato como parlamentar em Tatuí, sendo o mais votado nas eleições de 2020, com 1.709 votos (3,17% dos válidos).
O tatuiano começou a carreira política em 2010, quando fundou o Práxis – coletivo estudantil que discute política, filosofia e economia – e a promover protestos contra atos da gestão municipal e do governo estadual.
“Percebemos que a gente tinha que entrar para a política para modificar essa realidade. Dado a isso, o grupo cresceu com artistas, professores, estudantes e, principalmente, com a juventude e integrantes de grêmios estudantis”, apontou.
Atualmente, o Práxis, que acabou se transformando em um centro cultural no município, concentra laboratórios populares para discussões que resultam em sugestões de melhorias e projetos a serem apresentados nas sessões da Câmara Municipal.
Segundo o vereador, uma de suas propostas, caso eleito ao cargo federal, é levar para a Câmara dos Deputados, em Brasília, o sistema chamado “democracia participativa”, que, de acordo com ele, permite a intervenção da população no poder público em tomadas de decisões, na execução de leis, na elaboração de propostas, entre outros aspectos.
“Hoje, percebo que cada vez mais vemos pessoas descontentes com os políticos do país e ouço ‘não me representa”’, nas mais variadas situações das mais diversas pessoas”, destacou. Para ele, o atual sistema político “não consegue suprir as necessidades reais da sociedade”, fato que geraria uma crise de representatividade.
De acordo com Sallum, seu mandato legislativo como vereador tem sido exercido de forma efetivamente compartilhada, que consiste em “dar poder de decisão às pessoas”. “Acredito que este modelo de mandato é o melhor, pois creio no debate coletivo para solucionar os mais diversos problemas da sociedade”, pontuou.
Para o vereador, o mandato compartilhado é uma ferramenta de exercício da cidadania, já que “a relação representante-representado se dá diariamente através de grupos organizados, nos quais lideranças com vivencias diferentes discorrem sobre as necessidades da cidade, propondo soluções”.
De acordo com Sallum, os laboratórios pautam a elaboração de projetos de lei para o mandato compartilhado, estudam e planejam projetos de desenvolvimento, políticas públicas, que são encaminhados ao Executivo. Além disso, o coletivo organiza mobilizações para dar visibilidade aos projetos elaborados.
“Para isso, é preciso criar mecanismos para que a população possa controlar e fiscalizar a administração pública, como, por exemplo, a realização de plebiscitos para consultar a opinião pública, a realização de referendos para confirmar ou vetar projetos de leis, entre outros”, mencionou o vereador.
Sallum ainda apontou, como exemplo, a Suíça, “um país com uma democracia semiaberta, ou seja, em que a população precisa aprovar certas leis regionais ou federais”.
Sallum frisou que Tatuí precisa de um representante na Câmara Federal que “leve a cidade para a macropolítica”. “O município merece uma pessoa que traga mais recursos e que faça com que o tatuiano tenha orgulho de quem elegeu”, sustentou.
Se eleito, Sallum salientou que buscará recursos para que a cidade tenha uma nova entrada oficial. “Diversas propostos foram prometidas, mas nenhuma acabou cumprida neste aspecto. Um município como Tatuí precisa ter mais entradas”, assegurou.
Outro assunto mencionado pelo vereador é a industrialização. “Para recuperarmos o parque industrial da cidade, é preciso que haja uma intervenção do estado na economia, para que novos investimentos internos e externos sejam atraídos”, acrescentou Sallum. Para ele, isso fomentará o setor produtivo, gerando emprego e renda aos munícipes.
Sallum afirmou que, nos últimos cinco anos, o município perdeu quase 7.000 postos de trabalho na indústria. “Da Região Metropolitana de Sorocaba, Tatuí foi a que mais sofreu com a desindustrialização – fato que denota o alto índice de pessoas sem carteira assinada”, acrescentou.
Para o candidato, é necessário ser revogada a emenda constitucional do teto de gastos. “Se o país não tiver poder de investimento, não terá como o Brasil recuperar sua economia”, defende.
Sallum também declarou que, caso eleito, pretende trabalhar pela revisão da reforma trabalhista, elaborando outro projeto sobre o tema. “Queremos uma nova reforma, que deixe mais equalizado o lado do empregador e do empregado”, complementou.
O candidato enfatizou que também a legislação tributária tem de ser revista, para que seja feito um “ordenamento tributário”. “O intuito é que a pessoa com maior poder aquisitivo pague mais imposto, sendo mais por renda e patrimônio do que pelo consumo. Caso contrário, não haverá justiça tributária no país”, observou.
Para ele, se o sistema tributário sofrer as adequações que defende, o governo arrecadará mais impostos, melhorará a vida das pessoas de baixa renda e proverá mais projetos para o desenvolvimento social do país.
Sallum afirmou que buscará apoio e recursos para que seja instalada uma universidade pública em Tatuí, particularmente vinculada à saúde pública.
“O modelo de saúde pública que tem êxito no país é esse. Há o barateamento dos custos e uma oferta de mão de obra mais qualificada”, assegurou. Um exemplo dado pelo candidato é o hospital de Botucatu vinculado à Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Outro fato que Sallum diz preocupá-lo é o avanço tecnológico da automação. “É preciso fazer uma rede de proteção social, porque o desemprego vai aumentar por conta disso. É um assunto que está batendo na nossa porta e ainda não perceberam”, adverte.
Para ele, “este é um desafio que países do primeiro mundo já estão vivendo e começam a discutir alternativas para que o caos não se intensifique”. “Para isso, a renda básica cidadã, defendida pelo vereador (paulistano) Eduardo Suplicy (PT), é vital”, lembrou Sallum.
Na área cultural e de patrimônios, ele citou o processo de tombamento federal do complexo têxtil São Martinho. “Precisamos resgatar a memória deste importante prédio histórico de nossa cidade. Se eleito, correrei atrás para que este processo seja efetivado”, concluiu.
O processo para um possível tombamento federal do conjunto arquitetônico está em andamento no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O órgão aceitou dar início à análise do procedimento a partir de requerimento de Sallum, apresentado na Câmara Municipal.