Da reportagem
Nestes dias 26, 27 e 28, o Centro Hípico de Tatuí (CHT) será palco do Concurso de Dressage Internacional (CDI), evento classificatório da equipe brasileira que estará no Campeonato Sul-Americano, em outubro, no Paraguai. A entrada é gratuita.
A competição terá a presença do tatuiano Victor Trielli Ávila, atual bicampeão brasileiro, em 2020 e 2021, da categoria “Sênior-Top”, a mais alta da modalidade, além de medalha de ouro por equipe no mais recente torneio sul-americano.
Ávila está no processo seletivo para integrar a equipe brasileira para os próximos jogos da Organização Desportiva Sul-Americana (Odesur), composta por cinco cavaleiros, sendo quatro titulares e um reserva.
Segundo Ávila, o interesse pelo hipismo surgiu quando ainda era criança. “Meus pais moravam em um haras, em Boituva, quando nasci. Cresci tendo contato com cavalos desde sempre. A paixão surgiu naturalmente”, revela.
Ávila conta que o desejo de trabalhar com cavalos o fez realizar intercâmbios na Europa para aprender com os profissionais de lá. Chegou a ser aluno de Carlos Pinto, Paulo Caetano, Hayley Beresford e Claudio Castilla.
“Em 2016, me mudei para Madri, na Espanha, e fiquei dez meses por lá, tendo aulas com Castilla. Depois, fui para Hamburgo, na Alemanha, onde trabalhei com o cavaleiro alemão Dolf Keller”, relembra.
Em 2018, Ávila retornou ao Brasil, onde por dois anos treinou na Coudelaria Ilha Verde. “Em 2021, me mudei para o Haras Adonai e, atualmente, coordeno meu próprio centro de treinamento, o ‘Victor Ávila Dressage’”, conta.
Ele participa de competições há mais de 16 anos, colecionando títulos. Além de campeão brasileiro júnior de 2012, Ávila é “Sênior Top”, vice-campeão brasileiro “Young Riders” (2013), campeão brasileiro “Young Riders” (2014), vice-campeão brasileiro “Cavalos Novos Quatro Anos” (2019), campeão brasileiro “Cavalos Novos Cinco Anos” (2020) e campeão brasileiro “Cavalos Novos Seis Anos” (2021).
De acordo com o atleta, o adestramento “vem em uma crescente nos últimos anos”. “Fiz minha primeira competição no segmento em 2005, aos nove anos. Tempo depois, passei a competir em outra modalidade, a equitação de trabalho”, contou Ávila, que, conforme o tempo passou, fez com que o adestramento se torna-se seu principal trabalho no universo equestre.
Para ele, conquistar uma vaga no time é a principal meta, para a qual ele diz estar “plenamente focado”. “A disputa está acirrada, os concorrentes, muito competentes. Estou muito mais preparado agora, mesmo tendo o segundo melhor índice da qualificatória”, mencionou.
“Se conseguir uma vaga na equipe, quero ajudar o Brasil na busca por mais uma medalha de ouro por equipes, como foi feito há quatro anos”, frisa o competidor.
Na ótica de Ávila, o Brasil deve se tornar uma potência no hipismo nos próximos 20 anos. “Nos últimos dois Jogos Pan-Americanos, o Brasil foi medalha de bronze. Ainda há muito a ser feito, mas é notável o crescimento brasileiro”, pontuou.
Ávila elogiou o CHT: “O espaço tem uma das melhores estruturas do estado de São Paulo, além de a região ter diversos entusiastas de atividades equestres”.
A O Progresso de Tatuí, Ávila explicou que a prova de adestramento é feita em uma pista retangular de 20 metros por 60 metros, contando com uma “reprise” (lista de exercícios em ordem já pré-estabelecida) e diversas categorias de provas, como elementar, preliminar, média I, média II, forte I, São Jorge e grande prêmio, de menor a maior exigência.
Para cada exercício, é dada uma nota pelos jurados. Provas internacionais, por exemplo, são compostas por cinco julgadores.
Para Ávila, o processo de adestramento de cavalos começa quando o animal tem de três a três anos e meio, quando é realizada a doma; já para competir, precisa ter quatro anos. “Caso seja para o nível de grande prêmio, o animal deve ter, no mínimo, de cinco a seis anos de treinamento”, pontua.
Ávila acrescenta que a principal raça praticamente na modalidade de adestramento no Brasil é a puro sangue lusitano. “No mundo todo, a raça mais usada é o warmblood, de origem europeia”, complementa.
Para quem tem desejo de ingressar no esporte equestre, Ávila reforça ser preciso “ter um bom professor, um animal adequado e parcimônia”. “No hipismo, os resultados vêm com o tempo. Nada é imediato. É um aprendizado mútuo, já que o cavaleiro aprende com o cavalo. É uma relação de respeito, acima de tudo”, finaliza.