Da reportagem
O número de pessoas contaminadas pela Covid-19 no município chegou a 32 nesta sexta-feira, 8. O índice de casos confirmados representou aumento de 18,5% em três dias, conforme mostram os relatórios divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde.
Na terça-feira, 5 (data de fechamento da edição anterior de O Progresso), havia 27 pacientes positivos com a doença, entre os quais 13 já estavam curados e quatro permaneciam internados em unidades de terapia intensiva.
Uma mulher de 66 anos permanecia na UTI da Santa Casa de Misericórdia e, no hospital particular, ainda estavam internadas duas mulheres, de 47 e 67 anos, e um homem, de 40 anos.
Até sexta-feira, oito pacientes diagnosticados com a doença ainda estavam em tratamento. Quatro faziam isolamento domiciliar e os quatro pacientes da UTI permaneciam internados. Segundo o relatório, os pacientes hospitalizados estavam em estado grave.
O caso positivo mais recente da doença foi divulgado, por meio de boletim da Vigilância Epidemiológica, na manhã de sexta-feira. Segundo o órgão da Secretaria da Saúde, uma mulher de 54 anos, que reside em Tatuí e trabalha em Sorocaba, apresentou os sintomas, fez o exame e confirmou o contágio por coronavírus.
Os outros quatro casos foram confirmados na quarta-feira, 6, quando dois homens, de 39 e 41 anos, e duas mulheres, de 31 e 47 anos, tiveram o exame divulgado. Todos os pacientes estavam em quarentena domiciliar, com quadros estáveis de saúde.
De acordo com a VE, dos últimos oito casos positivos de Covid-19, confirmados entre os dias 5 e 6, seis são de profissionais da Saúde, sendo um deles com vínculo em empresa e outros cinco com hospital particular.
Além disso, a cidade já tinha registrado na semana passada o primeiro registro de óbito por Covid-19. A vítima da doença – um motorista de 39 anos, morador do Residencial Juliana – estava no Hospital Samaritano, em Sorocaba, e faleceu na sexta-feira, 1º.
O caso não havia sido notificado como suspeito nas notas epidemiológicas de Tatuí. O exame foi realizado pouco antes da morte, em Sorocaba, e o resultado com a confirmação de coronavírus acabou divulgado no início da tarde de sábado da semana passada, 2.
Por outro lado, ainda conforme os boletins atuais, o número de pacientes recuperados saltou 77%. Nos últimos três dias, mais dez doentes, que faziam tratamento domiciliar, tiveram cura clínica do coronavírus. Assim, chegaram a 23 os curados, entre um total de 32 moradores infectados com a doença.
No mesmo período, no quadro de casos descartados, os números também foram positivos para o município. Nos três dias, 16 pacientes – que haviam realizado o exame para Covid-19 – testaram negativo para a doença e saíram da lista de suspeitos.
Sete casos suspeitos foram descartados na quarta-feira, 6, com a chegada de resultado dos exames de dois homens, de 49 e 51 anos, de uma menina de 11 anos e de quatro mulheres, de 24, 37, 51 e 65 anos.
Na quinta-feira, 7, a VE informou que dois homens de 24 anos e quatro mulheres, de 48, 51, 57 e 77 anos, testaram negativo para a Covid-19. Já na sexta-feira, 8, a VE apontou que mais três mulheres (duas de 51 anos e uma de 38 anos) entraram para o quadro de descartados.
Com o resultado dos novos exames, a taxa de casos descartados teve crescimento de 13%, passando de 124 para 140. Já o quadro de casos suspeitos passou de 19 para quatro pacientes (que ainda aguardavam resultados dos testes).
Os suspeitos são de estarem infectados são uma mulher de 48 anos, que estava em tratamento domiciliar (registrado na quarta-feira, 6); um homem de 68 anos, internado em isolamento em hospital particular, na quinta-feira, 7; e outros dois pacientes (um homem de 52 anos e uma mulher de 73) que foram encaminhados a tratamento domiciliar. Todos apresentavam quadros estáveis de saúde.
Até a divulgação do boletim, atualizado por volta das 11h de sexta-feira, a cidade somava 176 notificações da doença. O índice passou a ser contabilizado com o primeiro caso suspeito (registrado no dia 16 de março) e inclui: 32 casos já confirmados por meio de exames (entre os quais, um óbito), 140 descartados e quatro suspeitos.
A prefeitura continua salientando – em nota à imprensa e pelos canais oficiais – ser importante manter o isolamento social e sair à rua somente se for trabalhar, nos serviços considerados essenciais ou em caso de “extrema necessidade”.
Flexibilização é suspensa
O governador João Doria confirmou na manhã de sexta-feira, 8, que a possibilidade de flexibilização da quarentena em São Paulo está suspensa em todos os 645 municípios paulistas até 31 de maio.
A prorrogação se deve ao ritmo acelerado de contágio por coronavírus e o aumento crítico no total de infectados e mortes, com risco iminente de colapso no sistema de saúde.
“Como governador de São Paulo, gostaria de dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador. Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio. Queremos em breve poder anunciar a retomada gradual da economia, como está previsto no Plano São Paulo”, disse Doria.
“O pior cenário é o que alia mortes e recessão. Adotar a quarentena, como fizemos aqui em São Paulo, não é uma tarefa fácil. Mas, trata-se de proteger vidas no momento mais difícil e crítico da história deste país. A nossa decisão de prorrogar a quarentena é a decisão pela vida”, completou.
A aceleração acentuada da contaminação por coronavírus em São Paulo coincide com a queda sensível nos índices de isolamento social em todo o estado.
A média paulista chegou a 47% na quinta-feira, muito longe da taxa considerada ideal, de 70%, e abaixo do mínimo de 55%, estipulado como nova meta pelas autoridades em saúde.
Na ocasião, o governo divulgou um levantamento estatístico que aponta avanço do coronavírus em 38 novas cidades paulistas a cada três dias. O material foi elaborado por meio da Secretaria de Desenvolvimento Regional.
O levantamento leva em conta a progressão da pandemia no território paulista nos últimos 50 dias e aponta que, no início de março, eram registrados casos de infecção pela Covid-19 em sete novas cidades a cada três dias. Em abril, a média avançou para 25 novos municípios no mesmo período.
Até a divulgação do estudo, 38 novas cidades registravam casos de infecção pelo coronavírus a cada três dias. No total, 371 dos 645 municípios de São Paulo já possuem circulação do vírus. Com o isolamento social em queda, a tendência estatística é de crescimento.
“Nós conseguimos verificar o crescimento da pandemia em mais municípios do estado de São Paulo de forma mais aguda. No início de maio, chegamos a 38 cidades a cada três dias. Se seguir por esse caminho, significa que todos os municípios terão contágio do vírus até o final de maio”, disse o secretário do Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, em nota à imprensa.
O levantamento da Secretaria de Estado mostra que, apesar do número absoluto de infectados ainda se concentrar na Grande São Paulo, nos últimos dias a proporção de contágio é quatro vezes maior no interior e no litoral.
Segundo a análise, o vírus estava restrito à Região Metropolitana da capital até meados de março, mas avançou desde então e já atinge todas as regiões do estado.
Entre os dias 1º e 30 de abril, a Grande São Paulo passou de 2.700 para 24,3 mil casos, com crescimento de 770%. No mesmo período, no interior, os casos subiram de 129 para 4.300, o que representa aumento de 3.300%. Na quinta-feira, São Paulo chegou a 39.928 casos em todo o estado, com 3.206 mortes.
Conforme o governo paulista, a decisão de não flexibilizar a quarentena foi avalizada integralmente pelos especialistas do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo. O grupo é coordenado interinamente pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas.
O médico infectologista David Uip – que já teve Covid-19 e conseguiu superar a doença – afastou-se novamente da coordenação por recomendação médica.
A mais recente reunião técnica dos 16 integrantes do Centro de Contingência aconteceu na terça-feira, 5. Segundo o governador, a recomendação pela extensão da quarentena foi unânime.
“Não existe nenhuma dúvida, do ponto de vista do Centro de Contingência, de que essas medidas têm que ser prolongadas em virtude da gravidade do momento”, afirmou Covas.
De acordo com o estado, embora o cenário atual seja muito preocupante, um modelo matemático do Centro de Contingência aponta que o isolamento social em todo o estado de São Paulo evitou mais de 40 mil mortes desde o dia 24 de março.
“Porém, a alta taxa de ocupação de leitos em hospitais por Covid-19 é o principal gargalo que exige a manutenção da quarentena”, aponta a assessoria de comunicação do estado.
Até esta sexta-feira, na região metropolitana da capital, a taxa de ocupação de leitos para pacientes de coronavírus era de 89,6% em UTI e 74,9% em enfermaria, enquanto os índices estaduais estavam em 70,5% e 51,3%, respectivamente.
Segundo Doria, para que São Paulo possa sair da quarentena sem colocar o sistema de saúde em risco, os índices de ocupação hospitalar por Covid-19 precisam ficar abaixo de 60%.
Ainda conforme a assessoria do governo, quanto maior o tempo em que a taxa de distanciamento ficar abaixo de 55%, mais longa será a necessidade de manutenção da quarentena em São Paulo.
Segundo o governo, caso as taxas subam, a flexibilização para a reabertura de atividades não essenciais poderá ser adotada em junho.
Os requisitos da flexibilização vão se basear em critérios técnicos, que incluem, como fatores principais, a redução sustentada dos números de novos casos por 14 dias e a manutenção da ocupação dos leitos de UTI em patamar inferior a 60%. As medidas são semelhantes às adotadas por países como Estados Unidos, Alemanha, Áustria e China.
A retomada total das atividades econômicas será norteada pelo Plano São Paulo, que vem sendo construído em diálogo permanente com o setor econômico. O estado já recebeu e analisou contribuições de mais de 150 entidades e 250 empresas, que apresentaram mais de 3.000 diretrizes e propostas.
As medidas vão priorizar os setores de acordo com a vulnerabilidade econômica e empregatícia. As áreas de Transportes e Educação receberão “faseamento” diferenciado.
Conselho Municipalista
O governador ainda anunciou a criação do Conselho Municipalista, que irá pactuar as futuras decisões de flexibilização da quarentena e retomada total da economia em São Paulo. O grupo será composto pelos 16 prefeitos das cidades sedes de regiões administrativas do estado.
O governador, o vice-governador Rodrigo Garcia e os secretários de estado José Henrique Germman (Saúde), Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional), Patrícia Ellen (Desenvolvimento Econômico) e Henrique Meirelles (Fazenda e Planejamento) também farão parte do grupo.
Durante a coletiva, foi apresentado estudo desenvolvido por pesquisadores da USP e da Unicamp que demonstra como medidas de isolamento ajudam a salvar vidas. Somente no estado de São Paulo, 3.346 vidas devem ser salvas entre 8 e 21 de maio, de acordo com estimativa feita pelos pesquisadores.
Fechamento de espaços públicos
Ainda conforme o Simi-SP, Tatuí também teve queda na taxa de isolamento social. O sistema aponta a taxa desde o dia 5 de março, com o registro de 38%. Desde então, a porcentagem tem variado – na maioria dos dias, acima de 50%. No domingo passado, 3, a cidade registrava 55%, contudo, na sexta-feira, 8, a taxa foi de 49%.
Com o resultado da taxa de isolamento e a não flexibilização da quarentena, a prefeitura também anunciou, na tarde de sexta-feira, 8, que decidira fechar espaços públicos onde, eventualmente, acontecem aglomerações.
A decisão passa a valer a partir deste sábado, 9. Com a medida, praças, academias ao ar livre e quadras poliesportivas públicas ficam fechadas por tempo indeterminado.
Conforme a prefeitura informou em nota, o fechamento será gradual e não será permitida a circulação ou movimentação de pessoas nesses espaços.
Tatuí tem como meta atingir, nas próximas semanas, uma média de 60% da taxa de isolamento social. Para isso acontecer, a prefeitura ressalta: “Cada um precisa fazer a sua parte”.