O município sedia até o dia 23 de novembro o curso de educação ambiental para a gestão compartilhada de bacias hidrográficas. As aulas acontecem no Auditório Municipal “Jornalista Maurício Loureiro Gama”, do Nebam (Núcleo de Educação Básica Municipal) “Ayrton Senna da Silva”, das 9h às 17h.
A capacitação aborda temas relacionados à água, além da conservação das florestas e da bacia hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê. As atividades pedagógicas são gratuitas e realizadas no município desde o dia 12 de setembro.
Neste sábado, 5, elas têm continuidade com palestra sobre restauração florestal com o professor do Instituto Refloresta, Paulo César.
A coordenação está a cargo de Cristiane Godoy, gestora do Refloresta. O instituto atua em parceria com a Prefeitura e com o CBH-SMT (Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê). O projeto é financiado pelo Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos).
Cristiane afirma que mesmo quem não se inscreveu antes do curso pode assistir as próximas palestras. “É aberto (o curso) a qualquer interessado, mas o foco das aulas são os técnicos do poder público”, salientou a gestora.
O objetivo do projeto é apresentar conceitos de educação ambiental, conservação florestal e dos recursos hídricos. Segundo a coordenadora, as atividades explicam quais são as ferramentas da educação ambiental utilizadas. O curso também relaciona as florestas com os recursos hídricos.
A coordenadora disse que as palestras são realizadas em Tatuí devido à “descentralização das atividades”. Cristiane afirmou que optou pela cidade porque “quis fugir” de municípios maiores, como Sorocaba e Botucatu, para “sair do senso comum”.
Outra razão de o município ser escolhido como sede é a localização na bacia hidrográfica. Cristiane argumentou que a cidade está situada ao norte da bacia, em oposição a Itu, onde foi realizada a primeira edição do curso de educação ambiental.
Em resultados práticos, explicou a coordenadora, fazemos a atualização dos técnicos do meio ambiente das prefeituras. “Quando se fala dos métodos aplicados, a gente acaba atualizando informações, especialmente, os profissionais das prefeituras”.
Atualmente, o curso é aplicado em três módulos. O primeiro, realizado de 12 a 14 de setembro, discutiu as ferramentas de educação ambiental, trabalhou o conceito de bacias hidrográficas e aplicou dinâmica da educação ambiental em aulas e jogos.
Da quinta-feira, 3, até este sábado, 5, os participantes fazem o segundo módulo, que possui um “peso mais técnico”, disse a gestora do Instituto Refloresta.
Nele, estão incluídos temas “Floresta e Água”, “Impactos da Perda e Fragmentação do Habitat na Biodiversidade” e “O Estado de Preservação da Mata Atlântica”.
Também haverá instruções aos participantes do módulo sobre “Educação Ambiental e a Conservação da Biodiversidade”, “Políticas Públicas da Educação Ambiental”, “Educação Ambiental no CBH-SMT” e “Restauração Florestal”.
Os conteúdos do módulo são ministrados pelos professores Maria José Zakia (IPEF), Alexandre Martenses (Taki Ambiental), Marcos Sorrentino (Esalq), Maria Henriqueta Andrade Raymundo (Cimea/Suzano), Paulo César (Instituito Refloresta) e técnicos de educação ambiental do comitê da bacia hidrográfica.
A terceira parte do curso acontece de 7 a 23 de novembro com os seguintes temas: “Restauração Florestal”, “Comunicação Comunitária e Educomunicação”, “Trabalhando o Fehidro” e “Elaboração e Gestão de Projetos de Educação Ambiental”.
O técnico agrícola, Paulo Fernando Soares Vieira, trabalha no setor do meio ambiente da Prefeitura de Porangaba. Ele se inscreveu no curso para “levar e aplicar as ideias” no município em que reside e que fica distante 40 quilômetros de Tatuí.
“Interessei-me pela possibilidade de aprender a fazer o reflorestamento, além do conteúdo educacional. Queremos implantar educação ambiental na cidade para as crianças do ensino fundamental. Mas, não vamos ficar só na conversa”, disse o técnico.
Vieira analisa que a educação ambiental precisa ser espalhada por todos os municípios do Estado de São Paulo e eles têm que se enquadrar na legislação ambiental.
“Estamos vivendo o caos em nosso país, devido ao desperdício e ao desmatamento. Precisamos desses cursos para conscientizar a população”, afirmou.
A engenheira florestal Marceli Fernandes Lazari afirmou que a participação no curso ajudará no trabalho dela, no sítio São Matheus, com a produção de plantas. Ela acredita que, independente do posto de trabalho, é necessário estar atento à conscientização.
“Até um comerciante pode ajudar o meio ambiente, por exemplo, com o destino correto de pilhas e baterias. Isso não é mais supérfluo, é essencial”, defendeu.
Problemas ambientais
Em entrevista a O Progresso, Cristiane revelou que os municípios que integram a bacia hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê apresentam problemas ambientais muito parecidos.
Segundo ela, as principais questões são relacionadas ao esgoto não tratado despejado nos rios, a necessidade da recuperação das nascentes e matas ciliares, além da baixa cobertura florestal nos municípios.
A gestora do Instituto Refloresta crê que o CBH-SMT precisa pensar num modo mais sustentável para a agricultura, rediscutir o saneamento básico e lidar com a chegada de obras importantes que causam impacto socioambiental, como a construção do aeroporto de São Roque – alvo de contestação na Justiça.
“A bacia tem pouca cobertura vegetal, a qual garante os recursos hídricos e a sobrevivência de ecossistemas. Se você tira a mata, a floresta perde a característica de ‘filtro’ e leva terra para o curso d’água, assoreando o local”, concluiu ela.