O massacre que deixou dez mortos na Escola Estadual “Raul Brasil”, em Suzano, na Grande São Paulo, na manhã de 13 de março, fez com que escolas e autoridades de Tatuí se mobilizassem para pensar em medidas de segurança para alunos, pais e educadores.
A informação é do secretário municipal da Educação, Miguel Lopes Cardoso Júnior. A O Progresso, quinta-feira, 28, ele afirmou que as escolas estão seguras, mas que a meta é reforçar o sistema de segurança das unidades com a criação do Plano Municipal de Segurança nas Escolas.
As ações do PMSE já foram traçadas e apresentadas na quinta-feira da semana passada, 21, em reunião com autoridades no Auditório “Jornalista Maurício Loureiro Gama”, do Nebam “Ayrton Senna da Silva”.
O evento teve presença da prefeita Maria José Vieira de Camargo, do diretor da Segurança, Francisco Carlos Severino, supervisores e coordenadores da rede municipal de ensino, além do secretário, idealizador do projeto.
“Quando aconteceu a tragédia de Suzano, passei um final de semana muito preocupado e, imediatamente, procurei o diretor Francisco para montarmos um plano de segurança e prevenção. Nossa intenção é prevenir e traçar ações para situações de emergência”, ressaltou Cardoso.
O secretário destacou que os procedimentos de segurança – de todas as escolas da rede – foram reavaliados. Limitar acesso às unidades, intensificar as rondas escolares, investir em treinamentos, mapear as estruturas físicas e finalizar a instalação do sistema de monitoramento são algumas das atitudes previstas no plano.
Em nota enviada à imprensa, Maria José destacou que “o engajamento da comunidade escolar, dos pais e dos alunos é muito importante para garantir a segurança”.
A prefeita também sustentou que o Plano Municipal de Segurança nas Escolas “vem colaborar com um conjunto de ações que já estão sendo realizadas para melhorar a segurança nos prédios escolares”.
O projeto contempla medidas a serem colocadas em prática a curto e médio prazo. Conforme Cardoso, o primeiro passo será identificar os espaços físicos e adequar as unidades; depois, alunos e funcionários devem passar por treinamentos com simulados de situações emergenciais.
“Queremos fazer com que todas as pessoas que convivem no ambiente escolar saibam o que fazer em uma situação de grande estresse. A intenção é instruí-los para aonde ir e sobre os procedimentos de segurança necessários”, ressaltou.
As ações do plano foram elaboradas e serão realizadas em parceria com a Guarda Civil Municipal. Os agentes da GCM devem fazer levantamento da estrutura física dos prédios, quantidade de saídas, padronização de largura dos portões e, com isso, elaborar um guia para situações de pânico.
“Temos que pedir a Deus para que este tipo de tragédia nunca aconteça em nossa cidade, mas, se acontecer, temos que estar preparados e saber como agir. É trabalhoso, mas estamos formatando um cronograma”, salientou.
Conforme Cardoso, a intenção é implantar as ações do plano dentro de três meses em todas as escolas da rede municipal. Contudo, algumas atitudes já foram colocadas em prática logo após a reunião de apresentação, como a intensificação da ronda escolar.
Ele explica que o Departamento Municipal de Segurança Pública já mantinha patrulhamento ostensivo nos arredores das unidades de ensino. Contudo, a partir deste mês de março, o diretor designou mais viaturas para atuar nas áreas escolares.
O secretário não especificou qual o número de guarnições em atuação, visando ao sigilo das operações, mas, revelou que equipes foram distribuídas em pontos e horários estratégicos, assim como previsto no projeto de segurança.
Ainda segundo Cardoso, o plano também envolve a criação de um “botão antipânico”. A intenção é que um dispositivo, a ser instalado nas unidades de ensino, seja interligado com os sistemas de segurança da Polícia Militar e da GCM.
“O botão poderá ser acionado pelo diretor da escola. Como o sistema será interligado com os órgãos de segurança, teremos mais rapidez no atendimento de qualquer ocorrência. É mais um dispositivo que vamos criar visando à segurança de todos”, acentuou.
Também está prevista a implantação de uniformes para professores, coordenadores, diretores e demais funcionários. Segundo o secretário, os alunos da rede já têm o vestuário padronizado e a uniformização dos funcionários facilitaria a identificação.
“A ideia é que todos sejam iguais. Assim, se entrar alguém diferente na escola, será mais fácil identificar. Por exemplo, se a polícia precisar intervir, ela saberá distinguir quem são os funcionários e alunos”, observou.
Em médio prazo, o plano prevê cadastro completo das pessoas que frequentam as unidades, assim como dos pais e responsáveis por buscar os alunos das creches e escolas municipais de ensino infantil.
“Caso alguém desconhecido apareça para buscar um aluno e não esteja cadastrado no sistema, o monitor vai checar se existe registro com autorização dos pais ou responsáveis e, se não houver, irá ligar pedindo a autorização dos pais para a liberação da criança”, exemplificou.
Além disso, a rede municipal está finalizando a instalação de câmeras de monitoramento nas unidades escolares. Pelo menos 20 escolas já receberam o equipamento e outros 45 prédios ainda devem receber o sistema de segurança até o final do primeiro semestre.
A Secretaria Municipal de Educação iniciou a instalação do sistema de monitoramento de segurança nas escolas municipais no ano passado. Com recursos próprios, as primeiras unidades a receber os equipamentos foram creches e pré-escolas, que atendem crianças de zero a cinco anos.
Foram instalados câmeras e circuito de alarme na Emei “Maria de Lourdes Rosa Bueno”, no Parque San Raphael, e na “Winie Sarli Fitts”, no Jardim Rosa Garcia. Neste ano, já através da aquisição dos equipamentos por licitação pública, outras 17 unidades receberam o sistema de segurança.
A prefeitura está investindo R$ 1,5 milhão para monitorar, com câmeras e outros equipamentos, 65 prédios escolares. Serão mais de 800 pontos de monitoramento, cuja central já funciona – em forma de testes – na Guarda Civil Municipal.
O pregão presencial para a aquisição de câmeras, alarmes, sensores e outros equipamentos para o monitoramento foi realizado em novembro de 2018. Sete empresas participaram. O valor estimado dos equipamentos esteve calculado em R$ 2.093.190,37, mas, após os lances, acabou fechado em R$ 1.508.186,70.
A intenção, conforme o secretário, é finalizar todas as instalações até agosto. Uma equipe terceirizada deve ser contratada para dar apoio nas instalações. Até então, a implantação do circuito de monitoramento estava sendo realizada pelo setor de TI (tecnologia da informação) da própria Secretaria de Educação.
“Aumentou a demanda aqui dentro da secretaria e, muitas vezes, a equipe de TI não consegue sair. Então, vou licitar uma empresa para terminar as instalações junto com o setor. Eles vão pegar parte dos funcionários para continuar nas escolas e outra parte fica cuidando das nossas demandas internas”, contou.
Cardoso ressalta que, nas escolas com câmeras de segurança instaladas, já estão sendo percebidos “resultados satisfatórios”. Para o secretário, além de evitar invasões, o dispositivo é um grande aliado na identificação de suspeitos.
“Um adolescente pulou na escola e, na mesma hora, o sistema acionou a GCM. Os agentes pegaram o rapaz ainda dentro da unidade. O menino disse que havia entrado para brincar, mas poderia ser para qualquer outro tipo de situação, que foi evitada. Isso mostra a eficácia do sistema”, enfatizou.
Além das câmeras em HD (“high definition”), os circuitos de segurança contam com central de alarme completa, sensores de movimento e magnético.
O setor ainda realizou estudo com o posicionamento estratégico das câmeras, evitando “pontos cegos” e direcionando os aparelhos para as entradas e saídas das unidades.
“Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para garantir a segurança dos alunos e funcionários. Para isso, também contamos com a compreensão dos pais e responsáveis, já que vamos limitar os acessos. Só vai entrar nas escolas aquele que realmente tiver necessidade. Isso é para o bem de todos”, concluiu.