Tatuí comporta mais núcleos como o que atua no distrito de Americana

Coordenador sugere criação de núcleos com moradores ribeirinhos (foto: Cristiano Mota)

Tatuí comporta mais núcleos comunitários de Defesa Civil, conforme avaliação do responsável pela Comdec (Coordenadoria Municipal da Defesa Civil). João Alves Batista Floriano explicou que o modelo de Nudec em funcionamento no distrito de Americana pode ser replicado.

A O Progresso, o coordenador informou que, em pelo menos mais três regiões do município, seria prudencial a existência de grupos comunitários.

A criação de um segundo Nudec em Tatuí é discutida há mais de cinco anos. O projeto vislumbrava a implantação de um grupo de trabalho diferenciado, a ser formado por moradores do Jardim Thomaz Guedes.

Diversas casas do bairro estão situadas bem perto do rio Tatuí, que costuma inundar em período de chuvas prolongadas e intensas. Neste ano, porém, até o momento, a comunidade não registrou inundação.

Entretanto, está vulnerável, conforme mencionou o coordenador. Para atender mais rapidamente os moradores – em caso de desocupação –, a DC cogitou criar um Nudec.

Contudo, o projeto não avançou. Floriano informa que o órgão enfrentou dificuldades para motivar os moradores a se capacitarem para ajudar a DC. “Não progrediu. O Nudec, como o próprio nome já diz, é comunitário”, justificou.

Durante a fase de discussão do projeto de expansão, o coordenador lembra que os integrantes do Nudec do distrito de Americana chegaram a se mobilizar para auxiliar a Defesa Civil. “O pessoal propôs-se a treinar os moradores do Thomaz Guedes. Apesar dessa mobilização, a ideia não prosperou”.

Os núcleos são formados por grupos comunitários, organizados em distrito, bairro, rua, edifício, ou associação. Eles têm como premissa participar de atividades como voluntários. A instalação é prioritária em zonas de risco. Em Tatuí, conforme o coordenador, vão sempre fazer parte de área de alagamento.

Na cidade, o coordenador entende como ideal a implantação de Nudecs, além do Thomaz Guedes, na vila Brasil e na vila Esperança. Também seria recomendada a criação de grupos em trechos do ribeirão do Manduca e do córrego Ponte Preta.

“Os membros desses grupos poderiam realizar ações que os voluntários do distrito de Americana já desenvolvem, mas isso demanda certo treinamento”, observou Floriano.

De acordo com o atual coordenador, que permanece no posto até o fim do mês, esta é uma das ações que o novo responsável pela Defesa Civil precisará realizar nos próximos anos. O órgão terá como novo responsável Adriano Henrique Moreira, que já foi comandante da Guarda Civil Municipal.

O substituto de Floriano precisará, primeiro, oficializar o Nudec do distrito para, só então, expandi-lo. Em 2014, a Prefeitura chegou a anunciar o reconhecimento do grupo.

Na ocasião, realizou cerimônia com presença dos moradores. No entanto, o evento teve como função apenas a apresentação do Nudec e não resultou na formalização dele (registro junto às autoridades).

“Precisa ser posto no papel. Geralmente, se faz o contrário: se põe no papel primeiro para, depois, pôr na prática. Lá (no distrito de Americana) começou a parte prática primeiro para, depois, pensar em oficializar”, relatou.

No caso de Americana, a “mudança na ordem dos fatores” aconteceu em função da realidade dos moradores do distrito. No chamado período chuvoso, que compreende os meses de dezembro a março, o bairro sofre com inundações.

As enchentes atingem as casas de moradores ribeirinhos, provocadas pelas cheias dos rios Sorocaba e Tatuí. Os moradores também correm riscos quando há muita precipitação na bacia, o que pode elevar o nível do rio Sorocaba e obrigar a abertura de comportas da usina hidrelétrica de Santa Adélia.

Mesmo a hidrelétrica controlando a abertura das comportas, o que faz com que o Sorocaba suba de maneira a não inundar as propriedades, sempre há riscos.

Em função disso, um grupo de moradores do bairro recebeu treinamento para fazer o monitoramento diário do nível dos rios. Os dados são repassados aos representantes da usina, que os encaminham à Defesa Civil.

No Americana, o Nudec é encabeçado por Marlene Rodrigues Pires, moradora do bairro há 27 anos. “Ela é uma pessoa bastante dinâmica e sempre está cercada por pessoas que a auxiliam na realização dos trabalhos”, informou Floriano. O núcleo do bairro é formado por sete pessoas, todas voluntárias.

“É claro que quem integra o Nudec se preocupa com o bairro, mas, em geral, faz porque está empenhada, e isso é digno de destaque”, ressaltou.

Floriano também mencionou o apoio que o Nudec tem, além da própria DC, do gerente da Companhia Energética de Tatuí, Carlos Eduardo Oliveira. “Ele colabora conosco diuturnamente, de uma maneira muito construtiva”, avaliou.

Vistorias

Para 2018, além de novos núcleos, o atual coordenador da Comdec aponta outros desafios. Entre eles, a expansão da equipe das vistorias. “É uma sugestão que vou apresentar ao novo representante”, disse Floriano.

De acordo com ele, embora a Prefeitura contribua com a Defesa Civil de modo completo, o contingente de profissionais ainda é pequeno para a demanda. Floriano citou que, por conta das inúmeras situações, é preciso haver relatórios mais atualizados e não limitados aos períodos de chuva.

“Nós sabemos que há um número restrito de pessoas que trabalham nas ações. Por exemplo, nas cheias da Americana ou em alguns deslizamentos de terra. Nós temos a equipe do Mangueirão, mas poderíamos ter mais”, argumentou.

De acordo com ele, os funcionários da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura garantem o socorro imediato. A pasta também coloca maquinário à disposição da DC. Entretanto, o trabalho preventivo poderia ser mais abrangente.

Floriano explicou que, para toda ação de atendimento (enchentes, deslizamento, queda de árvores, entre outros desastres naturais), a DC está preparada.

O órgão conta com apoio da Guarda Civil Municipal e Corpo de Bombeiros, para os primeiros atendimentos, e das secretarias municipais de Saúde e Desenvolvimento Social e Trabalho, para as ações posteriores.

A primeira pasta fornece material e orientação para limpeza das propriedades atingidas por enchentes, por exemplo; já a segunda, fica responsável por oferecer ajuda (em alimento ou por meio de abrigo) para os atingidos.