Sonho dos tatuianíssimos Erasmo Peixoto e Renato Ferreira de Camargo, um museu da imagem e do som em Tatuí, está a caminho de tornar-se realidade. E melhor ainda: em um momento em que a Cidade Ternura ganha outro título, o de Município Turístico do Estado de São Paulo.
Como já divulgado no mês passado, o novo atrativo da cidade ocupará o prédio do primeiro matadouro municipal, cuja fase inicial do projeto deve ser concluída na mesma data que a duplicação da marginal do ribeirão do Manduca e a ponte do Jardim Junqueira. A Prefeitura pretende inaugurar o conjunto de obras em breve.
Para isso, está abrindo acesso específico para a construção histórica, conforme o engenheiro civil Leonardo Cabaixo Spada. A ideia da Prefeitura é que os veículos possam entrar e sair do espaço sem comprometer a marginal.
A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura quer melhorar a circulação de veículos, já prevendo aumento no fluxo com a duplicação do trecho.
Com relação ao matadouro, o engenheiro explicou que a secretaria prevê apenas conclusão da primeira fase: a parte externa do prédio. Entretanto, segundo Spada, a pasta está atenta à meteorologia, porque as chuvas podem comprometer os trabalhos.
Como o imóvel não apresenta danos estruturais, Spada informou que o principal problema verificado na construção está sendo resolvido, relacionado ao madeiramento do telhado. As telhas também estão sendo substituídas.
Os pisos serão trocados apenas em uma segunda etapa, quando a Prefeitura já tiver recursos para transformar o prédio em MIS. No momento, as intervenções são feitas de maneira lenta, vez que exigem “calma e qualidade”, conforme o engenheiro.
Spada ressaltou que, por não ser uma obra “normal”, o restauro não pode ser acelerado. O processo ainda depende da solução de dificuldades que vão sendo encontradas na medida em que a obra avança, como materiais de reposição.
A maior surpresa ao longo das obras de recuperação do antigo matadouro – gratíssima surpresa, aliás –, foi o encontro de relíquias datadas do século 18.
Entre elas, estão portas de folha de madeira fixa, uma série de ganchos chumbados na parede usados para pendurar peças de carne bovinas e tijolos com características e dimensões únicas – atualmente negociados no mercado a “preço de ouro”.
O grupo de trabalho responsável pelo resguardo do “tesouro” é liderado pelo professor e arquiteto Eduardo Salmar Nogueira e Taveira.
Há, ainda, cautela por conta de um barracão a ser demolido. A obra foi anexada ao imóvel original do matadouro e será removida por não ter material similar nem as mesmas características da propriedade.
“Essa é a parte mais delicada da obra, em termos estruturais e de segurança”, observou o professor Taveira. Segundo ele, o processo de “separação dos imóveis” se dará por um corte estrutural, inicialmente feito à mão e, posteriormente, por meio de equipamentos.
Uma vez concluída a demolição, a equipe atuará na implantação do projeto elétrico, que não existe, assim como do hidráulico. Em paralelo, a Prefeitura trabalha na confecção de um programa de paisagismo. A proposta inclui a construção de uma praça e de um estacionamento.
Esta é a primeira ação de revitalização desenvolvida pela secretaria. Para a tarefa, o titular da pasta explica que a Prefeitura contratou alguns dos profissionais que atuaram no restauro da fábrica Santa Adélia, ocupada pela Coop.
O projeto é considerado uma ação educativa, pelo professor de arquitetura e urbanismo. Taveira destacou que a decisão da prefeita consiste em “uma atitude cultural”.
“Ela quer que a população venha e conheça um tipo de arquitetura, um desenho específico e histórico. São elementos que educam a população e fazem com que as pessoas gostem cada vez mais do local onde vivem”, ressaltou.
Mais valioso que o tesouro encontrado é o fato de que, com essa revitalização e consequente abrigo de um museu da imagem e do som, Tatuí pode, verdadeiramente, alcançar outro nível em termos de município (efetivo) de interesse turístico.
Só resta manter em foco, sempre e além de quaisquer outras ideias alheias às tradições e cultura locais, tudo aquilo que pode ser melhor explorado dentro de um museu da imagem e – claro! – do som! Seria possível algo melhor para a “Capital da Música”?