Sobre as águas de Tatuí

 

Ademir Cleto*

Todo dia 22 de março, comemora-se o Dia Mundial da Água, instituído pela ONU em 1993, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância desse bem para todos nós. Cerca de 70% da superfície do globo terrestre é coberto por água, mas menos de 1% está disponível para consumo humano.

Tatuí faz parte da Bacia do Sorocaba e do Médio Tietê e estamos atentos à escassez de água. Pois ela é fundamental para o abastecimento humano, para o uso industrial, para a geração de energia, para a agricultura e pecuária, no transporte, etc.

A nossa rede hidrográfica é bastante extensa. Tatuí convive com o rio Sorocaba, que divide nosso município com Boituva e Cerquilho. Notamos sua presença nas enchentes frequentes do bairro de Americana. Nosso principal curso d’água é o rio Tatuí, que deságua no rio Sorocaba no bairro de Americana.

Várias enchentes já ocorreram no rio Tatuí, especialmente na região do matadouro e que, inúmeras vezes interrompeu o trafego entre a cidade e os bairros rurais do Queimador e dos Palanques, dentre outros. Hoje o problema é maior porque do outro lado do rio houve expansão urbana com vários loteamentos populosos. Assim, o problema ficou maior. Além desses rios, temos o rio Sarapuí em nosso território.

Temos no município os ribeirões do Manduca, do Banhado, da Ponte Preta, do Lavapés, das Pederneiras, da Água Branca, e inúmeros córregos, como o do Conservatório, dos Ramos, dos Baianos, da Biquinha, da Paulista, etc.

O principal ribeirão que cruza a parte urbana da cidade é o Manduca. Ele quase não apresentava problemas. Mas com crescimento da cidade e sua impermeabilização, houve um aumento de águas nele. Hoje, é o principal canal de escoamento de águas pluviais de Tatuí na sua zona urbana. Suas águas chegam com mais velocidade e força pressionando margens e pontes.

Percorre cerca de oito quilômetros desde a nascente até sua foz no rio Tatuí. Nele são despejados, além de águas pluviais, um pouco de esgotos, além de outros objetos depositados nas suas margens, acarretando em alguns locais a sua quase obstrução.

Convivemos com o ribeirão Manduca e os males que ele traz à nossa cidade. Mas ele não é o culpado disso, pois não o compreendemos e não fizemos as intervenções para reduzir os problemas com os quais convivemos hoje e suas consequências políticas, sociais, econômicas e ambientais.

O ribeirão do Manduca necessita de uma solução permanente, que deve ser abraçada por todos. Inclui drenagem urbana, maior fiscalização, recomposição da mata ciliar, obras de redução da velocidade das águas e de proteção das barrancas, etc. Mas o essencial é o trabalho de educação ambiental. Temos que mudar o enfoque, transformando-o de problema em orgulho e privilégio de conviver com essa paisagem natural.

Conclamo a todos que, de forma permanente, e não somente no dia 22 de março, possamos refletir sobre o que foi, o que é e o que será o Manduca em nossas vidas. Precisamos discutir a relação da cidade, com todos os seus segmentos: a sociedade civil, os empresários, as concessionárias, poder público e, principalmente, com as crianças e os jovens sobre o Manduca que queremos para o futuro.

Enfatizamos apenas o ribeirão do Manduca por estar em evidência pelas avarias nas pontes sobre seu curso, mas a atenção tem que ser sobre todos os cursos d’água existentes em nosso município. Afinal, eles estão por aqui antes de nós, não é?

* Presidente do Grupo Alerta (acletto@gmail.com).