Andrea Ladislau *
Com o Dia das Mães, sentimentos são aflorados em relação a essa data. Mas a maternidade nem sempre é esse mar de rosas. A maternidade real é aquela vivida diariamente por mães, com suas imensas dificuldades e as responsabilidades em cuidar de uma criança, envolvendo muito mais do que apenas o amor à prole.
Exaustão, esquecimentos e necessidade de dar conta de tudo são sintomas quase sempre presentes na vida de mulheres com filhos. Esse excesso de esgotamento emocional pode significar a Síndrome de Burnout materno ou “mommy burnout”, no inglês.
O termo é utilizado para definir o estresse prolongado, relacionado não só aos cuidados maternos, mas pela maneira como a mãe exerce suas múltiplas obrigações nessa fase da vida, desde o nascimento do bebê até os três anos da criança, que é quando ela exige mais cuidados e dedicação. Alguns sentimentos e sintomas podem parecer comuns na maternidade, porém a intensidade e frequência com que eles aparecem é que irá classificar se a mulher está sofrendo ou não com o Burnout Materno.
São eles: sentimentos constantes de culpa; estresse relacionado à administração do tempo; excesso de pessimismo; exaustão, mesmo após um período de repouso; sentimento de fracasso e impotência; irritabilidade sem motivo aparente; falta de interesse ou prazer em cuidar do filho; baixa autoestima; tristeza, medo e insegurança.
Outro problema é que muitas mães não sabem se estão passando pela síndrome. Isso faz com que elas se sintam aprisionadas em um ciclo de culpa constante e uma necessidade de dar conta de tudo.
Para fechar o diagnóstico, o profissional de saúde mental irá avaliar esses sinais e verificar a frequência e intensidade com que se manifestam e como eles afetam as funções cotidianas dessa mãe.
Os sinais passam do aceitável quando o desconforto é crescente e impedem a mulher de realizações suas atribuições, gerando uma disfuncionalidade e prejuízo intenso nas atividades laborais, familiares e sociais.
A prevenção passa pelo autocuidado, apesar de ser comum a mulher, após o parto, dedicar-se integralmente ao filho. Porém, ela não pode esquecer de valorizar seu próprio tempo e diminuir o anseio de dar conta de tudo.
Ter uma rede de apoio para ajudar com as tarefas e cuidado com a criança é fundamental. Buscar ampliar seus relacionamentos e rede social para fora do universo materno também ajuda e muito a discutir assuntos que não sejam apenas fraldas e mamadeiras.
Além disso, algumas recomendações podem ser valiosas, como: buscar alívio em momentos de silêncio e calmaria; ser benevolente consigo mesma e jamais deixar de se cuidar e se auto dedicar amor.
Portanto, o Burnout materno precisa ser identificado logo no início para que seja feita uma alteração da rotina dessa mãe. As pessoas do ciclo de relacionamento da mulher também podem ajudar, exercitando o olhar para o apoio; evitando visitas em horários críticos; ao visitar ajudar em alguma atividade ou levar um lanche para que isso não seja mais uma preocupação para ela; se tiver intimidade, oferecer-se para segurar a criança enquanto ela possa tomar um banho mais tranquilo ou dormir um pouco e, principalmente, não ficar tentando competir para ver quem está mais cansada ou ficar indagando sobre os motivos do cansaço. Ou seja, cada um pode ajudar fazendo sua parte e contribuindo para o equilíbrio e leveza na vida de uma mãe/mulher.
* Psicanalista