Sí­tios vão receber 25 fossas biodigestoras

 

Mais de 20 produtores rurais serão beneficiados por um biodigestor que substitui as rudimentares fossas negras. O sistema será instalado a partir da semana que vem, por uma equipe da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente.

Segundo o titular da pasta, engenheiro agrônomo Célio José Valdrighi, o sistema foi desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e pago por convênio estabelecido entre a Prefeitura e o Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos).

Serão atendidas dez famílias do bairro Santuário, quatro da Água Branca, seis no Guarapó, três no Campinho e duas na Enxovia. Ao todo, são 25 propriedades beneficiadas.

O custo de cada sistema é de aproximadamente R$ 1.500. A fossa biodigestora constitui em três tanques com capacidade de mil litros cada.

Os dejetos do banheiro das residências rurais são consumidos por uma colônia de bactérias. Ao final do tratamento, a água pode ser utilizada na irrigação de pomares ou ser jogada em cursos d’água, sem prejuízo ao meio ambiente.

“Não é um investimento grande, se comparado com o benefício enorme para a saúde das famílias dos agricultores. Esse sistema garante um saneamento e evita doenças causadas pela contaminação da água e do solo”, declarou.

O secretário estima que a instalação do sistema biodigestor dure um dia. Os tanques e os canos já sairão da sede da secretaria pré-montados, o que facilitará a colocação nas propriedades rurais.

“A colocação é simples. Vamos precisar do trator para a abertura da vala, pois os tanques são colocados no nível do solo. O pedreiro nivela e o encanador cola os canos”, explicou.

Apesar da instalação “rápida”, Valdrighi calcula que a Prefeitura demorará cerca de dois meses para concluir o programa. O argumento é que o trator utilizado na abertura das valas tem “outras demandas”, como apoio a produtores rurais.

O funcionamento do biodigestor é relativamente simples e a única manutenção exigida do produtor rural é a reposição mensal de um balde de 20 litros de esterco bovino fresco para aumentar a atividade microbiana de digestão das fezes.

Na digestão, as fezes são consumidas pelas bactérias que transformam a matéria orgânica nos gases carbônicos e metano. Como o sistema é vedado, válvulas de alívio são instaladas, para deixar os gases “escaparem”. O efluente resultante da biodigestão é inodoro.

A Embrapa garante que 70% das bactérias, que causariam danos ao meio ambiente e aos moradores, morrem no primeiro tanque e o restante, no segundo reservatório. O terceiro tanque serve de recipiente para a água, que é rica em nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio.

Ao contrário das fossas negras e sépticas convencionais, o sistema biodigestor não demanda do produtor o esvaziamento dos tanques de dejetos.

O engenheiro agrônomo explicou que o sistema serve somente para o tratamento da água dos vasos sanitários. A “água cinza”, aquela proveniente de pias, tanques e chuveiros, não pode ser jogada na biodigestora, pois produtos químicos como cloro e detergente podem matar a colônia responsável pela eliminação das fezes.

“Nós orientamos o produtor até que ele instale uma válvula de desvio, para quando ele lavar o banheiro, para não ter o risco de a água cair dentro dos tanques e matar os micro-organismos”, explicou.

Segundo Valdrighi, o sistema é adequado para famílias de até seis pessoas, apesar de “atender bem famílias mais numerosas”. “O processo de depuração do esgoto é mais rápido e demanda uma reposição mais rápida do esterco bovino, mas ainda assim ele mantém a eficiência”, disse.

Após a instalação das 25 fossas sépticas biodigestoras, o secretário convidará moradores de propriedades rurais vizinhas aos locais atendidos para explicar o funcionamento do sistema.

Ele espera que, com o exemplo da Secretaria da Agricultura, os produtores possam eles próprios instalarem as caixas. Ele oferecerá, ainda, apoio técnico aos interessados.

“É um sistema barato e que pode ser feito em todas as propriedades. É mais segura do que as fossas negras, que podem contaminar os cursos d’água e lençóis freáticos”, apontou.

O engenheiro agrônomo afirmou ser comum os casos de produtores ficarem doentes após a água de poços artesianos serem contaminadas com o esgoto presente nas fossas negras.

“Tem gente que faz a fossa negra em local mais alto do que os poços de água, o que causa contaminação, pois os micro-organismos podem passar de um local para o outro com o fluxo da água”, explicou.