Com o país seguindo desenfreado em meio à crise econômica e política, feito uma composição prestes a sair dos trilhos, os Estados e municípios, engatados nesse trem doido, são forçados a se equilibrar como podem.
Aí, contam muito as características e realidades políticas de cada Estado e comunidade. Uns se saem melhor; outros, nem tanto. Há cidades menos desafortunadas, por recursos naturais ou mesmo pelo desenvolvimento já atingido. Outras, quando sem muito a oferecer, acabam mais sacrificadas.
Em meio a essa real “luta pela sobrevivência”, Tatuí parece estar apostando a maior parte de suas fichas de esperança na edificação de um shopping. Há quem o aponte como um grande ganho local e, novamente, outros, nem tanto.
Os argumentos a favor do empreendimento são vários, encabeçados pela Prefeitura, que o aponta como gerador de milhares de empregos, diretos e indiretos, já num primeiro momento. Isso seguido de um novo ponto de atração comercial e turístico na região – gerador de receitas, portanto.
Ainda há o argumento de que, junto ao shopping, seria efetivada uma nova avenida ligando a cidade ao empreendimento, no Jardim Paulista.
Também com recursos da iniciativa privada, a proposta da via é apresentada como uma “nova entrada” para Tatuí – cuja principal, como todos bem sabem, não prima pela elegância.
Ocorre que, a partir de compromisso firmado com os empreendedores do projeto do shopping e do loteamento a ser também realizado no local, seria necessária uma revisão da lei de zoneamento.
A alteração legal permitiria não só o centro comercial, mas a diminuição da metragem dos lotes na região, de 360 metros quadrados para 200 metros quadrados. E, aí, os argumentos em contrário.
Os que defendem a manutenção da lei – entre os quais, metade dos vereadores – argumentam que mais um loteamento menos criterioso poderia acabar atraindo mais pessoas de outras regiões, as quais viriam a disputar os empregos já em estado de extinção em Tatuí – como no resto do país.
Ainda, há quem aponte o fato de que o “comércio está vazio”, assim intuindo que a eventual concorrência com grandes magazines poderia comprometer ainda mais o já sacrificado comerciante local.
Por ora, são muitas suposições, certamente sustentadas por interesses políticos – os quais são naturais e não negativos, a priori, porém, que podem estar, ou não, levando os interesses tatuianos em maior conta.
Daí porque a população deve ficar muito atenta para, também, ponderar as várias equações que podem determinar o voto daqui a exatamente um ano.
Na dúvida frente a tantas variantes, certo é que, se um shopping for edificado em Tatuí, que seja um empreendimento de fato, capaz, mesmo, de atrair “gente de fora”, não uma simples galeria só “pra gente poder chamar de nosso shopping”…
Afinal, ninguém vai sair de Cerquilho, por exemplo, e deixar de ir ao Iguatemi Esplanada para vir a Tatuí só para chupar sorvete de casquinha em um simples quiosque do McDonalds…
Que seja um baita shopping, então, capaz de levar seus eventuais consumidores a entrar na própria cidade, aqui também consumindo em bares, restaurantes e no pequeno comerciante.
Ainda quanto às incertezas, o jornal O Progresso promoveu enquete para saber a opinião da população. Ela apontou que a maioria quer o empreendimento.
A pergunta foi: “Qual a importância que você atribui à criação de um shopping em Tatuí?”. As repostas: “muito importante”, para 53%; “nenhuma”, para 23%; “pouca”, 12%; e “razoável”, 11%.
Como se observa, não há unanimidade nem entre a população. Mas, sim, pode-se concluir que o empreendimento seria bem-vindo para a maioria, algo a ser seriamente considerado pelas autoridades.