Com a chegada da época de chuvas e calor intenso, o Setor de Combate à Dengue, da Secretaria Municipal de Saúde, alerta sobre a possível circulação da dengue tipo 2 e volta a orientar a população sobre cuidados para evitar os criadouros do Aedes Aegypti, mosquito transmissor desta e de outras doenças graves, como zika e chikungunya.
A O Progresso, na quarta-feira, 9, a coordenadora do setor, Rosana Alves dos Santos Lopes, salientou que interlocutores do Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) de Sorocaba informaram o departamento sobre uma possível disseminação da dengue tipo 2 na região.
Embora a maioria dos casos tenha sido causada pelo tipo 1 da doença, algumas regiões do Estado têm registrado a circulação do sorotipo 2, considerado o mais agressivo dos vírus existentes.
De acordo com Rosana, a circulação desse sorotipo aumenta ainda mais a necessidade de prevenção e de a população eliminar os focos do mosquito, pois significa que quem contraiu dengue em outros anos está novamente suscetível à doença.
Ela explica que o organismo cria imunidade contra o sorotipo que contraiu, contudo, é possível a ocorrência de uma segunda infecção por outro tipo, o que aumenta o risco de desenvolvimento de formas mais graves da doença – como a febre hemorrágica, que pode levar à morte.
“O sorotipo 2 se manifesta da mesma forma que o vírus tipo 1, mas as dores são mais fortes, a febre é mais persistente, e os sintomas, de forma geral, são bem mais acentuados”, explicou.
A coordenadora informa que não houve nenhum caso da doença do tipo 2 registrado em Tatuí, mesmo assim, o departamento tem intensificado ações de prevenção. A intenção é acabar com a reprodução do mosquito, que também é transmissor de outras doenças.
Até o final da próxima semana, agentes de saúde estarão fiscalizando pelo menos 1.200 casas para a realização da ADL (avaliação da densidade larvária). Durante as visitas, são coletas amostras em diferentes regiões – as residências vistoriadas foram definidas por meio de sorteio.
Conforme a coordenadora, a avaliação servirá para nortear as ações do departamento. “Com as amostras, teremos um levantamento dos bairros com mais incidências de larvas e saberemos de qual forma deveremos atuar em cada região”, ressaltou.
Rosana conta que a avaliação é realizada mensalmente para direcionar as ações de controle. Além das visitas domiciliares, as atividades incluem orientações em empresas e escolas. Uma equipe com 12 agentes de combate à dengue trabalha frequentemente nas ações preventivas e na fiscalização.
Além disso, em sete unidades básicas de saúde que contam com o programa ESF (Estratégia de Saúde da Família), aproximadamente 45 agentes comunitários revezam o atendimento e também fazem as vistorias nas casas atendidas.
O setor ainda realiza uma operação chamada “bloqueio” nos bairros em que são identificados casos confirmados de algumas das doenças, ou mesmo quando há suspeitas de contaminação por um dos vírus.
Rosana reforçou que o Setor de Combate à Dengue exerce rotineiramente o trabalho de orientação, prevenção e fiscalização das residências. No entanto, a população precisa colaborar com as ações.
“Os moradores precisam fazer a parte deles, que é o cuidado com o ambiente para evitar as larvas do mosquito. É a única forma de prevenção. Além dos cuidados, como não deixar água limpa e parada nos vasos de plantas, é preciso verificar melhor as residências, apoiando o trabalho dos agentes de endemias”, orientou.
Ela acrescenta que outras atitudes simples podem ajudar a controlar a proliferação dos vetores, como: evitar pratinhos com plantas, manter caixas d’água bem tampadas, manter piscinas devidamente tratadas e cloradas, verificar sempre os ralos, lavar diariamente bebedouros de animais, manter calhas limpas e livre de folhas, além de manter o quintal bem organizado.
A coordenadora assegura que boa parte da população já se conscientizou quanto aos cuidados. Ela avalia que isso ajudou a reduzir os casos da doença nos últimos anos. Contudo, destaca ainda existirem moradores que “não levam a sério” as informações e orientações passadas pelos agentes.
Conforme levantamento do setor, os pratos de plantas encabeçam o ranking dos locais nos quais são encontradas mais larvas no município. Em segundo lugar, vêm os recipientes não utilizados, descartados em quintais (copos plásticos e latas) e, em terceiro, as garrafas retornáveis.
“Manter o quintal desorganizado é perigoso. Estamos em uma época de chuva, então, precisamos redobrar a atenção. Ainda são encontradas muitas larvas dentro dos pratinhos das plantas. Por incrível que pareça, tem muita gente que ainda não tomou consciência do perigo que eles representam”, afirma.
A assessoria de comunicação da Prefeitura informou que, quando os agentes encontram o foco do mosquito na residência, o morador é orientado quanto à eliminação e tem um prazo para isso.
Na data combinada, o agente retorna ao local para verificar os procedimentos e, caso ainda não tenha sido providenciada a eliminação do criadouro, a Vigilância Sanitária é acionada para que seja aplicada multa.
De acordo com dados do Lira (Levantamento do Índice Rápido de Infestação pelo Aedes Aegipty), feito pelo Setor de Combate à Dengue de Tatuí, somente em outubro do ano passado, um entre cem imóveis visitados tinha criadouros com larvas do mosquito.
Conforme Rosana, não existe um bairro com maior incidência de larvas. “Quando se trata de foco do mosquito, existe igualdade em toda a cidade. Então, quer dizer que toda a população tem que se conscientizar”, reforçou.
A coordenadora afirma que as ações do setor têm dado resultado e salienta que os números estatísticos levantados no ano passado mostram que houve melhora no sistema de combate à dengue em Tatuí.
Nestes primeiros dias de 2019, não houve registros. Já nos últimos dois anos, o número de casos confirmados de dengue em Tatuí caiu de 127 para três. Os índices incluem notificações de 2016 até dezembro de 2018 e representam queda de 97,6%.
Segundo o setor, em 2016, 546 casos da doença foram notificados como suspeitos, sendo que 127 acabaram confirmados por meio de exames. Deste total, 409 foram descartados, 96, considerados autóctones (contraídos no município), 31, importados e seis, inconclusivos.
No ano seguinte, 2017, o número de casos notificados como suspeitos caiu para 134, sendo somente seis confirmados (três autóctones e três importados), dois inconclusivos e 126 descartados.
De janeiro a dezembro de 2018, foram notificados 64 casos suspeitos de dengue, sendo que 61 acabaram descartados e três, confirmados – todos importados -, nos meses de fevereiro, maio e outubro.
Ainda em 2018, foram registrados três casos de chikungunya, sendo um importado e dois autóctones (contraídos no município), e nenhum caso de Zika.
“A população precisa ter consciência de que também tem responsabilidade, não é o governo federal, não é o estadual, nem o municipal que vai acabar com os casos da doença. Somos nós, o povo, que podemos acabar com os criadores. Temos, pelo menos 80%, desta responsabilidade”, concluiu.
Sintomas e procedimentos
A dengue apresenta febre alta, dores nas articulações, manchas avermelhadas pelo corpo, dor atrás dos olhos. Na forma hemorrágica, ocorrem sangramentos e dores abdominais intensas.
Sempre que apresentar os sintomas, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde mais próxima e nunca se automedicar.
A zika tem estado febril, edema ocular (olhos avermelhados), dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele. Sempre que apresentar os sintomas, a pessoa também deve procurar uma unidade de saúde e nunca se automedicar.
A chikungunya é marcada por febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações – principalmente nos pés e mãos -, dores de cabeça, dores nos músculos e manchas avermelhadas na pele. Os procedimentos a serem adotados são os mesmos.