Setor de Combate à Dengue em Tatuí alerta para aumento de casos

Entre janeiro e fevereiro, município confirmou 20 registros da doença

Sala de Situação da Dengue discute formas de prevenção (Foto: Divulgação)
Da reportagem

O período de chuvas isoladas e temperatura elevada, entre os meses de outubro e maio, tem contribuído para o aumento de focos do mosquito da dengue em Tatuí.

Na cidade, foram contabilizados até a quarta-feira da semana passada, 14, 20 casos confirmados da doença, sendo 13 no mês de janeiro (quatro autóctones e nove importados) e sete em fevereiro (quatro autóctones e três importados).

Em razão disso, a prefeitura reforçou o alerta para que os moradores cuidem das próprias casas e os criadouros do Aedes Aegypti sejam eliminados, por consequência.

A administração municipal, entretanto, informou também estar trabalhando para controlar os focos do mosquito e evitar um novo surto de doença no município, como o que aconteceu em 2021.

Na quinta-feira da semana passada, 15, o Setor de Combate à Dengue, da Secretaria da Saúde, realizou a Sala de Situação da Dengue, no paço municipal, com o intuito de apresentar a outras secretarias o “cenário dois” de um plano de contingência da doença.

A proposta tem como foco praticar ações para que, segundo o órgão, “o pior não aconteça” e a situação não escape do controle. De acordo com o apresentado na reunião, o cenário dois indica maior número de casos na cidade, embora dentro do esperado para o período epidêmico.

De acordo com a coordenadora do setor de combate à dengue, Juliana Aparecida de Camargo da Costa, o plano de contingência só será realmente eficaz “se a população se unir efetivamente ao poder público”.

“O munícipe precisa conscientizar-se e fazer a sua parte, colaborando com a limpeza de residências e terrenos e praticando as medidas de prevenção em seu quintal”, reforçou ela.

“Além disso, é imprescindível que permita a entrada dos agentes de controle de endemias em suas casas ou comércios, para o controle de criadouros e a nebulização portátil”, acrescentou.

Segundo Sandra Cardoso Sanches, representante da Coordenadoria de Controle de Doenças, da Secretaria de Estado da Saúde, as nebulizações portáteis “são de extrema importância”, representando 90% de eficácia no controle de novos focos.

Juliana acrescentou que, primeiro, é feito um bloqueio de 150 metros da residência da pessoa que testou positivo para a doença (distância que um único mosquito alcança).

Ela explicou que a equipe visita “casa a casa” para localizar e eliminar os focos. Em seguida, acontece a nebulização portátil, na qual o técnico aplica o veneno com a máquina nas costas, seguindo com o bloqueio.

O veneno é aplicado na área externa da residência, da parte dos fundos até a frente. E, por fim, com 20% de eficácia, é feita a nebulização “pesada”, o chamado “fumacê”, o qual, segundo a pasta, ainda não aconteceu neste ano na cidade.

Sandra completou lembrando a implantação do Centro de Operações de Emergências (COE), do governo do estado de São Paulo, criado para definir estratégias e ações de combate ao Aedes Aegypti, alinhando os planos e investimentos criados para o combate do vetor de doenças como dengue, chikungunya e zika em todas as cidades paulistas

Por fim, alertou que, nas regiões de Sorocaba e Itapetininga, o número de casos positivos está aumentando a cada dia deste o início do ano, inclusive, com o sorotipo 2 circulando na cidade de Porto Feliz.

A dengue tipo 2 ocorre quando o indivíduo é infectado pelo segundo sorotipo do vírus, considerado entre os mais agressivos.

Após uma infecção, o paciente obtém imunidade contra o sorotipo pelo qual foi infectado, mas permanece suscetível aos outros três.

Ações

No período entre 18 de janeiro e 14 de fevereiro, a cidade promoveu atividades de combate ao mosquito da dengue, somando 11.510 visitas a imóveis, 3.923 controles de criadouros, 1.777 nebulizações portáteis e 33 ações sanadas, além de aplicação de inseticida nos pontos estratégicos (cemitérios, ferros-velhos e cooperativas de reciclagem, entre outros locais).

Também foi realizada uma reunião com representantes das unidades básicas de saúde, hospital particular e da unidade de pronto atendimento (UPA) para unificação de um fluxo de atendimento a pessoas com sintomas de dengue e a produção de um vídeo para as redes sociais da prefeitura Entrevistas sobre o assunto para os veículos de comunicação da cidade também fazem parte do plano.

A Secretaria de Serviços Públicos e Zeladoria ainda informou ocorrer diariamente a ação “Bairro Limpo”, em conjunto com os serviços de poda, capina, roçada e varrição, tendo sido recolhidos, todos os dias, aproximadamente, seis caminhões de materiais inservíveis desses locais.

Já a Secretaria de Fazenda, Finanças, Planejamento e Trabalho informou que, em 2024, foram notificados 116 terrenos e 37 residências por falta de limpeza. Além disso, com a volta das aulas na rede municipal de ensino, o trabalho educativo e de conscientização com os alunos deve ser retomado.

Cuidados

A prefeitura pede a colaboração de todos quanto à limpeza e à manutenção de terrenos e residências, as quais devem ser constantes. O descarte correto de entulhos e demais materiais deve ser feito nos diversos ecopontos (lista com dias, horários e locais de funcionamento em www2.tatui.sp.gov.br/servicos/ecopontos/).

O munícipe também pode denunciar os terrenos sujos e abandonados da cidade, ou as casas recém-construídas sem moradores e com piscinas, por meio da ouvidoria municipal, no link www.tatui.sp.gov.br/ouvidoria , pelos telefones 0800-770-0665 e (15) 3251-3576 ou, ainda, pelo telefone da Secretaria da Saúde (15) 3305-8855.

Além das denúncias, a administração reforçou a importância de cada morador como “um agente no combate à doença”. Neste sentido, orienta que deve deixar a caixa d’água bem fechada e limpa; descartar de forma adequada pneus usados; retirar do quintal objetos que acumulam água, como vasos de planta, potes e garrafas; manter materiais de reciclagem em saco fechado e em local aberto; e usar repelente diariamente.

Conforme o protocolo do Ministério da Saúde, todas as unidades básicas de saúde atendem as pessoas com suspeitas de dengue, realizando notificações, coleta de exames e todas as ações necessárias.

Portanto, quem apresentar febre, acompanhada de pelo menos dois sintomas – como náuseas, vômitos, manchas avermelhadas pelo corpo, dor nas articulações, dor de cabeça ou dor no fundo do olho – deve procurar a UBS mais próxima, de segunda-feira a sexta-feira. Aos fins de semana, é necessário procurar a unidade de pronto atendimento (UPA).

Estado

A Secretaria de Estado da Saúde informou na quarta-feira, 21, que o número de mortes por dengue havia subido para 17 no estado de São Paulo. Outras 57 mortes estavam sendo investigadas por suspeita da doença.

Os dados do boletim epidemiológico são referentes a óbitos registrados entre 1º de janeiro e 21 de fevereiro em 13 municípios. São Paulo, Guarulhos, Bebedouro, Tremembé, Bauru, Registro, Batatais, Franca e Parisi, tinham registrado um óbito cada.

As cidades de Pindamonhangaba, Pederneiras, Marília e Taubaté tinham até então duas vítimas de dengue cada. Até quarta-feira, o estado possuía 75.568 casos confirmados. Outros 52.792 estavam em investigação. Entre os confirmados, 1.153 possuíam sinal de alarme e 104 eram de dengue “tipo grave”.

Vírus

O vírus da dengue se divide em quatro tipos, classificados por Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4. Todos podem causar tanto a forma clássica da doença quanto a dengue hemorrágica.

Contudo, o Den-3 é o vírus que causa as formas mais graves, seguido pelo Den-2, Den-4 e Den-1. Já o tipo 1 é o mais “explosivo” dos quatro – ou seja, causa grandes epidemias em curto prazo, alcançando milhares de pessoas rapidamente.