A elevação de Tatuí como MIT (Município de Interesse Turístico) representa uma pepita de ouro entregue de presente à cidade, e cabe aos políticos locais embalá-la corretamente antes de entregá-la à população. A avaliação é do secretário do Turismo do Estado, Laércio Benko.
“Não adianta comprar o anel com o melhor ouro do mundo, de 24 ou 25 quilates, e embrulhá-lo em papel de pão. Precisamos pegar e colocá-lo em boa embalagem, e vamos transformá-lo em produto atrativo”, resumiu.
Conforme o titular da pasta do Turismo do Estado, cabe à cidade a criação de uma “marca própria”, que seja de fácil identificação entre os visitantes e torne-se um diferencial para quem vem até a cidade, gerando publicidade espontânea.
“Tatuí é como ouro ou a carne mais deliciosa do mundo, mas precisamos criar marcas e produtos para serem vendidos. No maior destino do mundo, as pessoas vão para ver um rato, e está instalado na Flórida, nos EUA, onde só tem pântano e jacarés. Tudo é uma questão de marca”, citou o secretário, em referência ao Walt Disney World Resort.
Um dos exemplos mencionados por Benko é a cidade de Salvador, capital da Bahia. Segundo ele, turistas pagam caro para viajar ao destino nordestino para, entre outros atrativos, visitarem o Elevador Lacerda e lavarem as escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim.
“Não tem muita graça, mas criou-se uma marca, um produto, e as pessoas vão lá para tirar fotos das escadarias da Igreja Senhor do Bonfim e do Elevador Lacerda. Virou grife”, relatou.
Os recursos disponibilizados pelo Fundo de Melhoria dos Municípios Turísticos poderão gerar um planejamento de longo prazo para as cidades, na opinião do secretário.
Os recursos disponibilizados aos municípios turísticos poderão ser usados já neste ano. As verbas foram incluídas no Orçamento do Estado e podem ser requisitadas pelos prefeitos a partir da sanção da lei pelo governador Geraldo Alckmin.
O secretário comentou, em entrevista a O Progresso, que o Palácio dos Bandeirantes poderá agendar um ato com a presença dos prefeitos das 14 primeiras cidades beneficiadas com o projeto de lei, cuja votação deve ocorrer ainda nesta semana.
Benko deu como exemplo a cidade de Joanópolis, localizada na região de Bragança Paulista. O município investiu na fama de ser a “Terra do Lobisomem”, com recursos provenientes do fundo.
Por ano, a cidade recebe cerca de R$ 2,2 milhões por ser uma estância e investe forte na infraestrutura e em atrativos turísticos, que vão desde pessoas fantasiadas como lobisomens até a manutenção de casarões do período colonial e de tradições da cultura caipira.
“A Prefeitura de lá coloca pessoas fantasiadas nas praças, todo o comércio usa desenhos do lobisomem, os moradores contam causos. Todo mundo que vai para Joanópolis quer tirar fotos com o lobisomem, e mostram instantaneamente nas redes sociais”, defendeu.
O “boom” a ser gerado com os investimentos do fundo pode aumentar a absorção de mão de obra nos hotéis, pousadas, sítios voltados ao turismo rural e ecoturismo, além de restaurantes e bares. Ao todo, 116 tipos de atividades econômicas poderão ser beneficiados.
“Não dá para imaginar o aumento do faturamento desses setores sem a abertura de vagas. O turismo é muito dependente da mão de obra. Isso é algo que poderemos ver neste ano, mas também deve impactar as próximas gerações”, opinou.
O presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo), Wagner Eduardo Graziano, afirmou que os membros do colegiado estão preparados para receber os projetos efetivados pela Prefeitura. O conselho, segundo ele, “vem preparando-se há três anos para as discussões”.
“Estamos acertando alguns pontos no conselho para que possamos discutir e funcionar plenamente nas próximas reuniões, quando acreditamos receber as primeiras demandas do Executivo”, contou.
O presidente disse considerar, como primordial, a melhoria da infraestrutura turística da cidade. A realização de novos eventos, a exemplo da Festa do Doce, entrará no “radar” do Comtur, assim como planos para a divulgação de Tatuí como destino turístico em eventos pelo país.
“A partir do momento em que todos os setores estiverem alinhados, a propaganda será efetiva. A cidade sentirá os efeitos assim que entrarem os recursos e a Prefeitura realizar as obras”, antecipou.
Com a vinda de investimentos estatais, os empresários sentirão um “impulso” para fazerem aportes nos próprios negócios, “como ocorre com o Hotel Del Fiol, que passa por expansão, e com a construção do Ibis”.
Sem entrar em detalhes sobre os planos do município com os recursos oriundos do fundo estadual, a prefeita Maria José Vieira de Camargo afirmou que a Prefeitura estuda construir um pórtico na avenida Vice-Prefeito Pompeo Reali. Questionada sobre a aparência do portal, afirmou ser uma “surpresa”.
A princípio, a obra seria realizada com recursos próprios do município. Entretanto, a prefeita estuda incluí-la como investimento turístico e captar verbas do Estado, por meio do fundo. A alternativa dará a possibilidade de desonerar os cofres locais.
“Faremos um estudo para verificarmos as necessidades mais emergenciais que podem ser contempladas com o valor do fundo. É um dinheiro que vai desonerar os cofres do município e melhorar a infraestrutura, enfim, as condições para que mais turistas venham para a cidade”, declarou.
Os R$ 650 mil anuais poderão estimular novos ramos do turismo e impulsionar investimentos privados na cidade. Para Maria José, uma cidade mais bem cuidada e atraente tem mais condições de servir como destino aos visitantes.
Mencionado pelo presidente da Câmara Municipal como um dos primeiros a levantar a bandeira do MIT, o ex-vereador José Eduardo Morais Perbelini disse que a iminente aprovação do projeto é uma “conquista de todo o povo tatuiano”.
“Eduardinho” – como é conhecido – lembrou do início do projeto, quando realizara “inúmeras viagens” para São Paulo para levar documentos à Secretaria de Turismo do Estado.
O ex-parlamentar citou o empenho dos funcionários do antigo Departamento Municipal de Cultura e Desenvolvimento Turístico e do ex-diretor Jorge Rizek.
“Fico feliz, os políticos que entraram (na Câmara) assumiram o projeto e levaram adiante. Creio que Tatuí pode tornar-se estância muito em breve”, opinou.
O ex-vereador citou que o Parque Ecológico Municipal “Maria Tuca” poderia ser transformado em um zoológico, aproveitando o espaço disponível no local.
“Boituva tem um zoológico cuja área é menor do que o ‘Maria Tuca’. A cidade tem capacidade, temos muitos atrativos. Começamos em 2014 esse projeto e agora todos vão colher os frutos”, concluiu.