Da reportagem
A Vigilância Epidemiológica, órgão da Secretaria Municipal de Saúde, continua as ações contra o sarampo em Tatuí. Até o dia 13 de março, o foco é voltado a pessoas de 5 a 19 anos que ainda não receberam imunização da tríplice viral (que protege contra o vírus do sarampo, caxumba e rubéola).
A ação faz parte da primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação de 2020, iniciada dia 10 de fevereiro, em parceria com o Ministério da Saúde. Também seguindo o calendário do MS, no sábado passado, 15, a prefeitura promoveu o “Dia D”, na sede da VE.
Ao todo, compareceram 117 pessoas e apenas 11 estavam com a carteirinha em atraso da vacina contra o sarampo, sendo aplicada uma dose para crianças de 5 a 9 anos; uma dose para crianças de 10 a 14 anos; e nove doses para adolescentes de 15 a 19 anos. Também nesse dia, foram aplicadas 16 doses da vacina contra a febre amarela.
Além da campanha, o calendário nacional de vacinação prevê a aplicação da tríplice viral para crianças com 12 meses, seguida de um reforço aos 15 meses. Os bebês com seis meses devem receber a chamada “dose zero”, que não é contabilizada no calendário.
Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, enfermeira Rosana Oliveira, todas as pessoas com idade inferior a 60 anos precisam ter duas doses da vacinação e, por isso, também podem procurar um posto e se imunizar.
Rosana destaca que “a campanha vem para rastrear o cartão de vacinação do público-alvo (de cinco a 19 anos)”, que são os que têm maior incidência de casos de sarampo registrados no país e no município.
A estimativa da Secretaria de Saúde é de que haja 19.314 jovens nesta faixa etária na cidade. “Quem não recebeu a dose da vacinação ou está em dúvida deve comparecer para que possa atualizar a carteira. Temos que reforçar cada vez mais que a vacina é a única forma de evitar a doença”, enfatiza Rosana.
A vacina é contraindicada para bebês com menos de seis meses. A recomendação para os pais e responsáveis por crianças nessa faixa etária é evitar a exposição a aglomerações, manter higienização adequada, ventilação adequada de ambientes e, sobretudo, que procurem imediatamente um serviço de saúde diante de qualquer sintoma da doença.
Os sintomas incluem manchas vermelhas pelo corpo, febre, coriza, conjuntivite e manchas brancas na mucosa bucal. Somente um profissional de saúde pode avaliar e dar as recomendações necessárias.
Segundo a VE, mais de 95% das crianças já foram vacinadas contra o sarampo em Tatuí. As informações foram divulgadas pela prefeitura, dia 22 de outubro de 2019, após a realização do “Dia D” pela campanha nacional, ocorrida no dia 19 desse mês.
Na ocasião, tendo como público-alvo a faixa etária de seis meses a menores de cinco anos, unidades de saúde urbanas e rurais receberam 334 crianças. Todas tiveram as cadernetas verificadas e 14 (que não estavam em dia) receberam a dose.
“Como a vacina faz parte do calendário vacinal, a maioria das crianças tatuianas já recebeu as duas doses necessárias, com um ano e com um ano e três meses de idade, e está com a carteirinha em dia. Mas, é preciso ficar atento, principalmente os adultos, que não têm o costume de conferir a carteirinha”, acrescentou Rosana.
O número de casos confirmados de sarampo no município subiu para 24, conforme boletim da Vigilância Epidemiológica, atualizado no dia 17 de janeiro. Somente neste ano, foram duas novas confirmações em pouco mais de 50 dias.
O boletim indica que, ao todo, são 86 casos notificados no município (desde junho de 2019), sendo 24 confirmados, 61 descartados e um que ainda aguarda resultado pelo IAL (Instituto Adolfo Lutz).
Até o dia 21 de novembro, o IAL havia constatado a doença em 20 pessoas, o que representa aumento de 16,66% nos últimos três meses. Nenhuma morte pela doença foi registrada.
Entre os novos casos, estão uma jovem de 26 anos, residente no centro, e três crianças (uma menina de oito meses e dois meninos, de oito e dez meses), moradores do Jardim Santa Rita de Cássia, vila Santa Helena e Jardim Donato Flores, respectivamente.
No total, os pacientes confirmados com sarampo já somam quatro crianças entre zero e cinco meses, seis casos entre seis meses e um ano, cinco entre um e quatro anos, um entre cinco e dez anos, quatro adolescentes entre 11 e 20 anos e quatro jovens entre 21 e 30 anos.
Entre os bairros que mais registraram infecções por sarampo, estão o Jardim Santa Rita de Cássia, com seis diagnósticos, Jardim Donato Flore, centro e Jardim Thomaz Guedes, todos com dois casos em cada.
Ainda foram diagnosticados moradores do Residencial Astória, Inocoop, Jardins de Tatuí, Mirandas, Jardim San Raphael, vila Angélica, vila Brasil, vila Santa Adélia, vila Minghini e vila Santa Helena, com uma confirmação em cada.
Rosana reitera que a maioria dos pacientes que contraiu a doença não havia sido imunizada com a dose necessária da tríplice viral, que protege conta sarampo, caxumba e rubéola, ou não estava em dia com o calendário vacinal.
A coordenadora informa que as doses estão disponíveis em todas as unidades de saúde, e alerta que houve mudanças nos horários de atendimento das salas de vacinação, que agora atendem das 8h às 15h.
Nas unidades dos bairros Santa Cruz, vila Angélica e vila Santa Luzia, o atendimento ocorre às segundas-feiras. Nos postos do Jardim Santa Rita de Cássia, vila Dr. Laurindo e Jardim Rosa Garcia, as salas de vacina funcionam às terças-feiras.
Nos bairros Valinho, centro, Jardim Tóquio e Congonhal, a aplicação das doses ocorre às quartas-feiras. Nas quintas-feiras, funcionam as salas do Jardim Gonzaga, vila Esperança, e Mirandas. Já os bairros São Cristóvão e CDHU são atendidos às sextas-feiras.
“Preferimos trabalhar desta forma para evitar perder doses da vacina. Cada frasco tem dez doses e dura somente seis horas após a diluição”, argumenta Rosana.
Conforme levantamento do MS, em 2019, 9% (526) dos municípios registraram 18.203 casos confirmados e 15 óbitos por sarampo, sendo 14 no estado de São Paulo e um em Pernambuco.
Em relação aos casos, São Paulo também registrou o maior número: 16.090 (88,4%) em 259 (49,2%) municípios, seguido dos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina, Minas Gerais e Pará.
Neste ano, até 14 de fevereiro (último relatório divulgado pelo MS), nove estados mantinham transmissão ativa do vírus do sarampo, sendo que, em 2020, cinco estados confirmaram casos: São Paulo (77 casos), Rio de Janeiro (73), Paraná (27), Santa Catarina (22) e Pernambuco (3).
Os outros quatro estados (PA, AL, MG e RS) ainda não haviam confirmado casos em 2020, estando em monitoramento devido às ocorrências registradas em 2019.