Alertas (publicado em 01/02)
Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa – Cremesp 34708 *
Nos primeiros meses de 2019, o Ministério da Saúde interrompeu a transmissão do vírus sarampo na região Norte do país. A partir de fevereiro, casos importados de Israel e Noruega iniciaram novas cadeias de transmissão.
Os primeiros casos notificados e confirmados de sarampo ocorreram no estado de São Paulo, com a notificação em tripulantes de um navio de Cruzeiro MSC Seaview, de bandeira Malta, atracado no porto da cidade de Santos com 5.420 passageiros e aproximadamente 1.500 tripulantes.
No mês de abril de 2019, iniciou-se um surto de grandes proporções na região metropolitana de São Paulo, estado que registrou 16.090 casos confirmados neste ano. Devido ao grande fluxo de pessoas, nacional e internacionalmente, o vírus do sarampo disseminou-se para 23 UF, dando início a novas cadeias de transmissão.
Em 2019, foram notificados 64.765 casos suspeitos de sarampo. Destes, foram confirmados 18.203 (28%), sendo 13.873 (76%) por critério laboratorial e 4.366 (24%) por critério clínico epidemiológico. Foram descartados 35.669 (55%) casos e permanecem em investigação 10.893 (17%).
No ano de 2019, 526 municípios confirmaram casos de sarampo em 23 unidades da federação. O estado de São Paulo registrou o maior número de casos, com 16.090 (88,4%) em 259 (49,2%) municípios, seguido dos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina, Minas Gerais e Pará.
Até o término da semana epidemiológica 52, 12 UF apresentavam transmissão ativa do vírus, ou seja, confirmaram casos de sarampo nos últimos 90 dias: São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul, Alagoas e Sergipe.
Foram confirmados 15 óbitos por sarampo no Brasil, sendo 14 no estado de São Paulo, distribuídos nos municípios: São Paulo (5), Osasco (2), Francisco Morato (2), Itanhaém (1), Itapevi (1), Franco da Rocha (1), Santo André (1) e Limeira (1); além de um com ocorrência no estado de Pernambuco, no município de Taquaritinga do Norte.
Do total de óbitos, oito eram do sexo feminino e dois casos eram vacinados contra o sarampo. Seis óbitos (40%) ocorreram em menores de um ano de idade, dois (13,3%) em crianças de um ano de idade e sete (46,6%) em adultos maiores de 20 anos.
Dos 15 óbitos, oito (53,3%) tinham ao menos uma condição de risco ou morbidade, a saber: diabetes mellitus, obesidade, desnutrição, hipertensão arterial sistêmica, epilepsia, sequela de acidente vascular encefálico, Vírus da Imunodeficiência Humana/ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/Aids), leucemia linfocítica aguda, hepatite B, tuberculose e neurotoxoplasmose.
Situação epidemiológica
No ano de 2019, os estados que registraram o maior número de casos de sarampo foram: São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Santa Catarina e Pará, com um total de 17.955 (98,6%).
Considerando o percentual de confirmação e o número de casos em investigação nos estados de Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pará, além do número de pessoas suscetíveis residentes nos municípios com surto, espera-se um incremento de casos nas próximas semanas nesses estados. Em 2020, ainda continuam aparecendo casos confirmados de sarampo, principalmente na região norte do país.
Em São Paulo
Depois de duas décadas sem circulação endêmica do vírus do sarampo, em 2019 a doença foi reintroduzida no estado de São Paulo (ESP). Até 14 de janeiro de 2020, foram notificados, no ESP, 53.716 suspeitos (53.476 em 2019 e 240 em 2020), com 16.676 casos confirmados, 30.648 descartados e 6.392 em investigação.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), diferentes países em todas as regiões do mundo reportaram surtos de sarampo em 2019, com mais de 400 mil casos, até 5 de novembro.
Nas Américas, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, foram registrados 15.802 casos e 18 óbitos em 14 países, até dezembro de 2019. No Brasil, o boletim nº 39 da SVS/MS registra mais de 16 mil casos e 15 óbitos, até dezembro de 2019.
Prevenção
As duas maneiras de se evitar o sarampo é evitar o contágio com crianças que estejam com a doença ou com suspeita dela, ou tomar a vacina. Temos disponíveis as duas vacinas que protegem contra o sarampo (e mais duas ou três doenças), que são: a tríplice viral (SCR – sarampo, caxumba e rubéola) e a tetra viral (SCRV – sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
Tanto uma como a outra são recomendadas duas doses pela SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações): uma com 12 meses e um reforço com 15 meses.
Fontes: http://www.saudedoviajante.pr.gov.br/; http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica e arquivos próprios do autor.
* TEP em pediatria pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e diretor clínico da Alergoclin Cevac.