A Santa Casa de Misericórdia de Tatuí está conseguindo manter-se em atividade a partir das negociações de dívidas realizadas pela nova equipe de administração. É o que informou a prefeita Maria José Vieira de Camargo, na semana passada.
Sob intervenção municipal desde 31 de maio, o único hospital público do município utiliza parte dos recursos para quitar dívidas com fornecedores. Em função da contratualização que mantém com o Executivo, a entidade não pode pagar débitos com o dinheiro repassado pela Prefeitura, destinado à realização de cirurgias eletivas e internações, por exemplo.
De modo a ter maior controle sobre o recurso que envia ao hospital, e temendo a interrupção do atendimento, a prefeita decretou a intervenção e nomeou Ana Aparecida de Melo Sá Azevedo Vieira como interventora.
A representante tem participado constantemente das reuniões de secretariado realizadas pela prefeita. Os encontros acontecem todas as segundas-feiras, pela manhã, no paço municipal. Maria José explicou que, no caso específico da Santa Casa, Ana Aparecida repassa à equipe do governo um relatório atualizado sobre a situação financeira e administrativa do hospital.
No momento, a prefeita destacou que a interventora tem apresentado uma série de relatórios. Os documentos permitem à administração nortear ações visando à manutenção das atividades da Santa Casa e o atendimento aos pacientes.
“Estamos caminhando no seguinte sentido: há muita coisa para ser feita, porque a Santa Casa está falida, tem muitas dívidas. Então, à medida que os problemas vão chegando, nossa equipe está trabalhando para saná-los”, destacou.
Os primeiros problemas resolvidos pela intervenção dizem respeito à troca de equipamentos da UTI (unidade de terapia intensiva). A prefeita destacou que, na primeira semana de intervenção, a equipe de Ana Aparecida providenciou a renovação dos aparelhos utilizados pelos intensivistas.
O hospital também recebeu, neste ano, um recurso de R$ 150 mil entregue pela Câmara Municipal. Os vereadores aprovaram projeto de antecipação da devolução do duodécimo (orçamento para manutenção das atividades legislativas) para a Santa Casa. O recurso possibilitou a renovação.
A Prefeitura também precisou, nos primeiros dias de intervenção, renegociar débitos com os médicos da UTI. Conforme a prefeita, os profissionais estavam sem receber havia quatro meses, com atrasos desde dezembro de 2016.
Maria José também disse que os desafios da equipe de intervenção são a renegociação com os fornecedores e o recurso para manter o hospital em funcionamento.
Ela explicou que a prioridade é parcelar os débitos em atraso, com empresas fornecedoras de insumos, e manter em dia o pagamento dos funcionários, que chegaram a entrar em greve no final do ano passado.
“Não há outra condição. A empresa de fornecimento de oxigênio, por exemplo, ia parar, porque havia uma dívida muito grande. Nós conversamos com todas as empresas e parcelamos os débitos. Em paralelo, estamos pagando normalmente, sem atraso, o que está sendo utilizado”, contou.
Conforme Maria José, o Executivo tem feito trabalho de “rescaldo” para garantir que o hospital siga funcionando. No entendimento dela, a Prefeitura conseguiu “apagar o incêndio” registrado no início do ano, mas ainda precisa de apoio para evitar novos imprevistos. “A situação vai longe”, reconheceu.
De modo a auxiliar a administração do município, a Prefeitura está incentivando novas ações. A próxima delas, a ser lançada oficialmente, é o projeto “Adote um Quarto”, dentro da campanha “Adote a Santa Casa”. Trata-se de iniciativa do Fusstat (Fundo Social de Solidariedade), similar ao “Abrace Tatuí”.
Por meio da campanha, o Fundo quer promover a reforma de quartos do edifício “Orlando Bolzan”. Inaugurado em 2002, o prédio conta com 60 leitos (entre apartamentos e quartos).
A pretensão é viabilizar a compra de novos equipamentos, a troca de itens que não têm condições de serem reformados e promover a repintura dos espaços. Cada quarto terá custo de R$ 15 mil.
A prefeita explicou que o Fundo Social começou a planejar a campanha desde a intervenção. Na ocasião, a presidente do Fusstat, Sônia Maria Ribeiro da Silva, visitou a entidade. Desde então, tem realizado ações para o reaparelhamento do hospital, como a doação de lençóis para todos os setores.
“Há falta de tudo. Este projeto, o ‘Adote um Quarto’, vai dar mais dignidade aos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde)”, enfatizou a prefeita.
A pedido de Maria José, o Fusstat incluiu biombos nos itens a serem adquiridos para os quartos. De acordo com ela, as divisórias darão mais privacidade a pacientes que precisam de cuidados especiais.
“Pedi para que tivesse, pelo menos, um biombo. Assim, a pessoa que precisa ter a higiene atendida no local será preservada”, argumentou a prefeita.
O projeto prevê a compra de novos itens para os quartos, acrescentando uma televisão para cada cômodo e a compra de poltronas ou sofás para acomodar os acompanhantes dos pacientes. “A ideia está caminhando”, contou.
A proposta deve abranger os três pisos do prédio e necessitar de, pelo menos, 60 parceiros. Até a quinta-feira da semana passada, o Fundo Social de Solidariedade já havia contabilizado a adesão de quatro empresários voluntários.
Entretanto, o projeto ainda não foi lançado oficialmente. O Fusstat deve apresentá-lo à sociedade quando da conclusão da reforma do primeiro cômodo.
“Como esta ação, outras campanhas vão surgir. Elas serão destinadas para a arrecadação de fundos para a manutenção de equipamentos, que é muito cara”, informou.
Maria José enfatizou que o propósito maior é “não deixar o único hospital público da cidade fechar as portas”. E acrescentou que não teve outra alternativa senão promover a intervenção. “Não podia cruzar os braços e dizer que não era responsabilidade do município. São vidas”, ressaltou.
O comprometimento da administração para com o hospital, no entanto, se dá dentro das capacidades financeiras da Prefeitura. Maria José explicou que o Executivo tem encaminhado recursos à Santa Casa como previsto pela contratualização. São, aproximadamente, R$ 9 milhões por ano.
A Prefeitura arca, também, com os custos da manutenção do Pronto-Socorro Municipal “Erasmo Peixoto”. “Tudo tem custo de gerenciamento, mas a minha administração não faz nada além do que é possível”, complementou.
Mais apoio
Ainda neste mês, o Fusstat registrou compromissos de colaboração de três instituições para a viabilização da campanha que permitirá a reforma dos quartos do prédio “Orlando Bolzan”, da Santa Casa. Entre elas, o Lions Clube.
Representantes do clube de serviços confirmaram apoio em reunião com a prefeita. Maria José recebeu no dia 13, no paço municipal, o presidente do Lions Clube, Izualdo Mauro De Marchi, a esposa dele, Maria Del Carmen, e vários integrantes da entidade.
Maria José também tratou do andamento das providências para a reativação das atividades do Banco de Sangue “Fortunato Minghini”. O espaço construído pelo Lions recebeu investimentos do Lions Internacional para a compra de novos equipamentos. As coletas de sangue devem ser retomadas após a equipe que trabalha no espaço (vinculado à Santa Casa) passar por treinamentos.
No encontro, a prefeita solicitou apoio do Lions para o projeto “Adote um Quarto”. O presidente do clube de serviços comprometeu-se, nas próximas reuniões, a colocar o assunto em pauta e prometeu empenho dos sócios para atender à campanha.
Ainda no encontro, a prefeita recebeu uma moeda do centenário do Lions Clube, por Aparecida Maria Millen de Miranda. O evento foi comemorado em convenção internacional em Chicago (Illinois), nos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, 17, dois novos parceiros aderiram ao projeto do Fundo Social. O Rotary Club Tatuí, Rotary Cidade Ternura e o Sindserv Tatuí (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Tatuí e Região) anunciaram que estão engajados na reforma do espaço pertencente à Santa Casa.
O comunicado foi feito pelos rotarianos Antonio de Godoy Nogueira (Cidade Ternura) e Walter Goellner (Tatuí) e pela sindicalista Cláudia Adum. Acompanharam os sócios dos clubes de serviço no encontro que marcou a adesão os rotarianos Carlos Orlando Mendes Filho e Rubens Leite de Paula.
A meta do Fundo Social, para este ano, é que 11 quartos estejam reformados até dezembro. Os cômodos escolhidos ficam no primeiro (dos três pisos) do edifício.